Bruno César Pereira e Vania Vaz

 

“O PERIGO AMARELO NOS DIAS ATUAIS”: UMA IDENTIDADE HISTÓRICA PERMEADA POR MITOS E ESTEREÓTIPOS


 

Recentemente, pudemos observar que um considerável número de publicações de sujeitos que se utilizaram das redes sociais (Twitter, Facebook e Instagran) para disseminar uma série de comentários de cunho racista e xenofóbico contra indivíduos asiáticos. De maneira geral, este ano, 2020, tem sido marcado pela disseminação de falas preconceituosas e de estereótipos agressivos contra asiáticos, em especial chineses, notadamente por conta da crise gerada pela pandemia de Covid-19, que se iniciou no território chinês.

Há de se ressaltar, que as populações orientais, migrantes e seus descendentes, no contexto brasileiro, sofrem desde de longa data com os estereótipos impostos a estes, podemos dizer que existe uma “identidade histórica” construída ao longo dos anos, a qual buscaremos explorar aqui. Partindo disto, buscaremos ao longo deste texto realizar algumas reflexões acerca da estigmatização dos brasileiros que se autodeclaram de raça ou cor amarela, onde, considera-se que a denominação “amarela” se refere aos descendentes de japoneses, chineses, taiwaneses, coreanos, de modo geral o Leste Asiático.

Nossa investigação acerca da estigmatização deste grupo, partirá dos debates ocasionados pelo documentário O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais, idealizado e dirigido pelo pesquisador Hugo Katsuo Othuki Okabayashi. Contudo, não analisaremos o documentário em si, pois este ainda não foi lançado oficialmente, sendo apenas exibido e debatido em alguns eventos organizados por universidades (como Universidade Federal Fluminense, Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Universidade de São Paulo). Analisaremos e tomaremos como fontes para este estudo as publicações da página O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais, que possui uma série de publicações que remetem ao material produzido pelo documentário e tem servido como meio de divulgação do longa-metragem.

Nota-se que as redes sociais tem sido um grande veículo de comunicação em massa, seja para a publicação de materiais que contribuem para a quebra de estereótipos, estigmas e identidades historicamente construídas, bem como para a fundação de grupos de militância, construção de redes de solidariedade, etc. De modo geral estes espaços digitais tem ganhado cada vez mais destaque, até mesmo para os estudos de História (BURKE, 2012).

Nosso objetivo central, para além das análises acerca do preconceito, também, busca dar ainda maior visibilidade a página de divulgação do documentário, bem como ao próprio documentário que ainda não se encontra disponível. Consideramos, de grande importância a divulgação de materiais que buscam visibilizar lutas sociais contra o preconceito, racismo e xenofobia, bem como vão na contramão de produções hegemônicas, que de maneira geral reforçam as questões citadas acima. Assim a partir das análises sobre a página, buscaremos compreender a identidade histórica construída para este grupo.

 

“O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais”: visibilidade e preconceito no contexto brasileiro

A página no Facebook, O perigo Amarelo nos Dias Atuais, em circulação desde 19 de setembro de 2018, possui como objetivo, divulgar o documentário, que possui o mesmo nome, e o porquê de sua idealização.

O documentário foi dirigido por Hugo Katsuo Othuki Okabayashi, graduando de Cinema e Audiovisual da UFF. Este material, o documentário O Perigo Amarelo Nos Dias Atuais, consiste em um longa-metragem que trata acerca da “militância amarela brasileira e solidariedade antirracista”. A idealização deste projeto nasce, segundo Okabayashi “a partir da escassez de materiais audiovisuais sobre a vivência amarela no Brasil”. O material, conta com seis entrevistas, de sujeitos que estão inseridos na militância asiático-brasileira.

Ao longo das publicações da página no Facebook, temos a apresentação das temáticas as quais o documentário se debruça em analisar e questionar. Tais temáticas são: “Tela Amarela”, Xenofobia”, “Privilégios”, “Arte”, “Áudio Visual” e “Feminismo”. Cada um destes temas, possui textos explicativos e é debatido por um entrevistado, a qual levanta questões e as indaga a partir de sua respectiva trajetória de vida.

Sobre o primeiro tema, “Tela Amarela”, é destacado a partir das publicações de 30 de setembro e 02 de outubro, a partir da apresentação do entrevistado (Felipe Higa) e de um fragmento de sua entrevista ao documentário. O entrevistado, é formado em jornalismo e dirigiu como seu trabalho de conclusão de curso um documentário intitulado OKAMA: vozes LGBT nipo-brasileiras, no qual, sua proposta é tirar uma dupla minoria da invisibilidade e trazer a ela uma visão mais humanizada e menos estereotipada. Em sua entrevista, a qual faz parte do longa-metragem de Okabayashi, Higa comenta sobre as vivências LGBT de pessoas amarelas no contexto brasileiro, trazendo para seu discurso as necessidades de um ativismo interseccional.

A proposta de Higa, seja em seu documentário, bem como em sua fala para a composição do documentário de Okabayashi, é evidenciar e romper “como certos preconceitos raciais [que] estão tão enraizados no imaginário brasileiro” (grifo meu). Segundo o entrevistado, pessoas não-brancas não “são enxergadas como uma possibilidade de ser o que quiserem ser”. A publicação, ainda destaca que “Direito à humanidade, à individualidade e à identidade ainda são privilégios apenas da branquitude”. Higa, destaca que neste imaginário construído, certas opções “não combinam com o estereótipo montado para nós”.

Existe uma vasta produção acadêmica, das áreas das Humanas e Sociais que tem destacado as questões que envolvem os estigmas e as representações sociais dos amarelos no Brasil. Contudo, se tratando das questões expostas por Higa, em seu documentário, em especial no que toca a sexualidade, mas também sobre os gostos que se diferem do estereótipo montado para nós”, pouco se discutiu academicamente. Tem sido a partir de movimentos sociais, que está “construção identitária” é colocada em xeque.

Ainda sobre estas representações sociais, o segundo tema, “Xenofobia”, no qual é apresentado a partir das publicações de 06 e 11 de outubro de 2018, esbarra e destaca parte das representações criadas para os amarelos no Brasil. Para as discussões deste segundo tema, temos a participação Mariana Akemi, graduanda em Letras. Os pais da entrevistada, são proprietários de uma barraca de pastel, onde, segundo ela, são constantemente tratados mal e, por vezes, escutam comentários xenofóbicos, como “volta para sua terra”, “vocês não são daqui”. Em um fragmento de sua entrevista para o documentário, Mariana comenta acerca de sua vivência com a xenofobia, assim como comenta acerca da sua entrada para o movimento de militância asiática.   

A xenofobia contra imigrantes amarelos existe no Brasil desde quando a imigração amarela iniciou. E nos dias de hoje, tem aumentado. Em matéria recente (#EuNãoSouUmVírus: epidemia do covid-19 dispara racismo contra asiáticos), a jornalista Juliana Sayuri, na plataforma de notícias online UOL, evidenciou a crescente onda xenofóbica via redes sociais contra chineses no Brasil devido a pandemia de Covid 19. Entre as mensagens e postagens, podemos observar diversos discursos xenofóbicos e discriminatórios, com frases, como “volta para sua terra”.

Contudo, como destacado pela página Perigo Amarelo nos dias atuais, a xenofobia não corresponde apenas a chineses, nem mesmo é tão recente. Marcia Yumi Takeuchi, em estudo sobre O perigo amarelo, destaca que os estereótipos vinculados aos imigrantes japoneses são anteriores à Segunda Guerra Mundial, seja os relacionados a questão de inferioridade racial como, também, em relação às suspeitas de infiltração política.

Outra pesquisadora, que se debruça sobre estas questões é Gabriela Shimabuko, uma das entrevistadas para a realização do documentário, em alguns textos como Para além da fábula das três raças e A origem do Perigo Amarelo, Shimabuko percorre discussões como os papéis atribuídos e desempenhados por imigrantes japoneses e seus descendentes nas relações raciais brasileiras, busca também compreender como se configuram a discriminação para com o fenótipo amarelo, bem como, procura explorar a origem do mito do Perigo Amarelo e suas funções no imaginário ocidental.

Existe um considerável número de estudos sobre a temática do preconceito racial e da xenofobia, em especial, aquelas que destacam questões sobre “o outro”, neste caso o migrante e seus descendentes, enquanto: inimigo (seja nas questões que envolvem o início do século XX, que tratam sobre os japoneses, e, no contexto atual, indicando os chineses enquanto “propagadores de doenças”, como indicou Sayuri), ou como não pertencentes ao espaço, observados enquanto estrangeiros.

Contudo, existe uma outra percepção, ou melhor, representação dos amarelos no Brasil, e este é o terceiro tema tratado na página, através das publicações de 12 e 14 de outubro de 2018. Este tema é o “Privilégio”, ou melhor, o mito da “minoria modelo”.

“O mito da minoria modelo concede privilégios a asiáticos à medida em que nós reiteramos seu discurso meritocrático. A partir disso, ajudamos a tecer falsas simetrias que são nocivas a outros grupos étnico-raciais minoritários e minam qualquer possibilidade de solidariedade antirracista” (O Perigo Amarelo nos dias atuais, In: Facebook, 2018).

As discussões sobre esta temática, são realizadas a partir da entrevista de Kemi (Gabriela Schimabuko), que é graduanda em Ciências Sociais, e uma das idealizadoras do projeto Perigo Amarelo, que consiste em “criar um acervo de referências sobre a vivência asiática no Brasil”, este projeto pode ser conhecido a partir da página Perigo Amarelo (ativa desde 4 de agosto de 2015) que conta com mais de 9.300 seguidores. O objetivo desta página é ir “contra o racismo institucionalizado e internalizado, dentro e fora das nossas comunidades; pela descolonização e pelo feminismo interseccional”, ela também é uma das organizadoras do blog Outra Coluna: Resistência Asiática e Solidariedade Antirracista, que possui uma série de artigos científicos que tratam sobre temáticas como solidariedade antirracista, questões raciais, processo histórico de estigmatização de asiáticos no contexto brasileiro e fora dele, arte e literatura asiática, entre outros temas. Kemi, em sua entrevista, faz uma análise sobre a própria militância, pontuando a necessidade de entendermos os privilégios dos amarelos e enfatiza que a militância deve se empenhar em construir laços de solidariedade antirracista.

Sobre a questões que envolvem este mito, Okabayashi, em seu texto O Mito da Minoria Modelo, explica que:

“O mito da minoria modelo é um mito voltado à comunidade asiática que a coloca como sendo ‘trabalhadora, séria, ética, detentora de conhecimentos acima da média nos campos da matemática e tecnologia e, em geral, intelectualmente talentosa’. Entretanto, por mais que, à primeira vista, pareça um estereótipo positivo, ele causa impactos negativos. Além de contribuir para anti-negritude, tendo em vista que o asiático é colocado em contraposição ao negro, que em geral é representado ‘de maneira pejorativa’, o mito da minoria modelo também tem efeitos negativos a nível individual”.

Okabayashi (2018) ainda destaca que, para além da questão que envolve “à primeira vista” o estereótipo de que está “minoria modelo” pareça positivo ou, na pior das hipóteses inofensivo, este rótulo, tornaria esta minoria mais vulnerável.  Segundo Santos; Azevedo, (2013, p. 286–287 Apud OKABAYASHI, 2018):

“Tal vulnerabilidade reside no fato de que indivíduos do grupo que não condizem com o estereótipo sentem-se pressionados socialmente a moldarem sua personalidade e sua forma de interação com o mundo, chegando ao ponto de certas pessoas vivenciarem depressão, baixa autoestima ou outros distúrbios decorrentes dessa situação”.

Entretanto, como é apontado por Okabayashi (2018), existe um outro lado, pouco discutido, sobre as consequências do mito da minoria modelo: “a invisibilização de imigrantes e refugiados asiáticos em situação de vulnerabilidade, sobretudo os chineses”. Em suas considerações finais, acerca desta questão, Okabayashi (2018), destaca que “o mito da minoria modelo homogeneíza a comunidade asiática no Brasil através dos estereótipos concebidos pelo mito da minoria modelo e, através da mídia, cria-se um senso comum em torno dela, tornando invisíveis os asiáticos que não se enquadram nele.

Se por um lado, as comunidades asiáticas, no contexto brasileiro, possuem uma série de estereótipos negativos, que envolvem a fala e os seus corpos, por outro, o mito “da minoria modelo” vai na contramão, e a princípio, pode ser visto enquanto positivo. Contudo, como destacado por Okabayashi (2018) - também por Sayuri (2017), o “mito da minoria modelo” contribui de forma negativa, assim como os demais, pois, exclui, causa adoecimento, bem como invibiliza um grande número de sujeitos.

De maneira geral, este emaranhado de estereótipos, cria uma identidade ao asiático e seus descendestes no Brasil, que como foi discutido no primeiro tema “Tela Amarela”, desconsidera aqueles que fogem a esta “identidade”. Dentro desta questão, destacamos o quarto tema, “Arte”, o qual, assim como o primeiro, realiza reflexões acerca desta “identidade asiática” no Brasil e seus estereótipos. Em síntese, esta temática se debruça em dois pontos, o primeiro sobre o estereótipo acerca da arte asiática e segundo sobre a falta de sujeitos asiáticos no cenário artístico brasileiro.

Para as discussões deste eixo temático, são publicados em 16 e 22 de outubro de 2018, uma breve apresentação sobre seu entrevistado o baixista e produtor musical Hugo Noguchi e um fragmento de sua entrevista. Em sua entrevista Noguchi fala sobre a necessidade de diversificar o meio artístico, trazendo para ele novas vivências e perspectivas. O entrevistado destaca que “vivemos ainda em uma sociedade em que o lugar das pessoas está racialmente demarcado e, portanto, é necessário que isso seja subvertido, sobretudo, através da ocupação de espaços em que a presença de pessoas não-brancas ainda não é aceita” (O Perigo Amarelo nos dias atuais, In: Facebook, 2018).

Este último tema, se relaciona com a temática do “Áudio Visual”, no qual conta com a participação da modelo, atriz e apresentadora Érica Suzuki. Nas publicações de 06 novembro e 07 de dezembro, a entrevistada identifica os problemas a qual passou para conseguir papéis no audiovisual brasileiro.

“[...] por mais que tenha feito cursos até mesmo fora do país, ela percebe uma escassez de personagens de ascendência asiática, que dificulta na construção de sua carreira enquanto atriz. A ponto de desistir da carreira, atualmente tenta construir algo como apresentadora, por mais que também veja uma certa rejeição do público em relação a um rosto asiático ocupando este lugar” (O Perigo Amarelo nos dias atuais, In: Facebook, 2018).

Os temas “Arte” e “Áudio Visual” evidenciam escassez de indivíduos asiáticos-brasileiros seja na música, arte, dança, bem como os poucos personagens em produções cinematográficas e televisivas. Contudo, como destacado:

“A representatividade tem papel importante para minorias que pouco se enxergam na televisão e no cinema. Mas a representatividade pela representatividade também não basta, é preciso que os personagens sejam protagonizados por nós e que nos humanize, ao invés de nos estereotipar” (O Perigo Amarelo nos dias atuais, In: Facebook, 2018).

Por fim, se tratando do último tema, “Feminismo”, tratado a partir da publicação de 08 de dezembro de 2018, através da entrevista de Ing Lee, são levantadas questões, a partir de sua trajetória, acerca da “necessidade da militância não acabar caindo no próprio umbigo, sendo preciso construir ponte de solidariedade antirracista entre grupos não-brancos” para não ocorrer negligências sobre outras pautas “igualmente importantes”. (O Perigo Amarelo nos dias atuais, In: Facebook, 2018).

Por meio da publicação é destacado que “O feminismo asiático se constrói a partir de uma negligência em torno de pautas que contemplassem mulheres asiáticas em grupos de feminismo gerais”. Nesta mesma publicação, é realizado a divulgação da página LÓTUS no Facebook, que atualmente é o principal coletivo de feminismo asiático-brasileiro.

LÓTUS, criada em julho de 2016, corresponde a um coletivo feminista que reúne mulheres de ascendência japonesa, chinesa, coreana e okinawana, e recentemente se expandiu suas as fronteiras para acolher vivências de mulheres com trajetórias ligadas à países como: Índia, Oriente Médio e ao sudeste da Ásia. O coletivo, através de sua página partilha histórias e experiências, e tem como grande tema questionar questões que envolvem o combate: à “fetichização dos corpos femininos ditos orientais” e a “visibilização de informações sobre feministas e mulheres asiáticas”. A página conta com 4 mil seguidores, e além de sua página, conta também com um grupo fechado que promove discussões atreladas ao tema no Facebook. O grupo é voltado para mulheres asiáticas, mas também se destina a trans e as que ainda estão em transição e outros grupos minorizados.

Em reportagem online da plataforma Carta Capital, sobre a plataforma LÓTUS, algumas participantes do grupo evidenciam, que entre suas discussões se concentram a questão da fetichização dos corpos femininos, contudo, os debates realizados por este grupo feminista também concentram questões como: a “vocalização das mulheres asiáticas, tidas no imaginário do senso comum como submissas, caladas e dóceis”, incluir as mulheres asiáticas “seja no feminismo, na mídia ou na cultura” e debater assim como outros grupos de militância asiáticos "sobre privilégios de alguns grupos minorizados, a busca pela solidariedade anti-racista e com a luta anti-colonialista (CARTA CAPITAL, 2020).

De modo geral, estes temas, presentes na página do Facebook, que promovem o documentário de Okabayashi, buscou além de debater questões como o preconceito e a xenofobia, também trazem para a reflexão as questões que envolvem a militância asiática, e sua incansável busca por romper com um processo de estigmatização histórico no contexto brasileiro e internacional. Nossa proposta, ao longo deste curto texto, visou apresentar e brevemente contextualizar os eixos temáticos presentes na página e no documentário.

Assim, ao brevemente discutirmos a questão dos preconceitos e da estigmatização dirigida aos “amarelos” no Brasil, a partir de tais eixos, identificamos que existe uma identidade historicamente construída para exte grupo, que gira em torno dos corpos, da fala e do social. A busca das páginas O perigo Amarelo nos Dias Atuais, O Perigo Amarelo, Outra Coluna e Lótus, buscam por diluir tal identidade.

A produção de  Okabayashi, vai na contramão desta identidade, evidenciando sujeitos que fogem a realidade da “identidade forjada” ao longo do tempo para este grupo. Em entrevista, Okabayashi destacou que seu longa-metragem se propõem em ser um importante material didático sobre o que é a militância amarela no Brasil (MAZUR, 2020).

De modo geral, nossa proposta, ao destacar a página de divulgação deste material visou ir de encontro ao que Okabayashi propõem: “O modo como eu quero trabalhar com questões amarelas no audiovisual é trazendo representatividade de forma mais humanizada. Quero mostrar que somos tão humanos quanto pessoas brancas e não uma massa homogênea, caricaturas ambulantes”. Buscamos aqui, trazer além de divulgação dos debates do documentário e página, um pouco mais de visibilidade a questões sobre a estigmatização dos amarelos no Brasil. Neste mesmo sentido, nossa proposta buscou evidenciar uma produção cinematográfica que vai na contramão de uma identidade historicamente construída, assim como buscamos dar visibilidade a alguns aspectos de movimentos de militância social e de gênero deste grupo.

 

Referências

Bruno César Pereira é Mestrando em História - Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná

Vania Vaz é Doutora em Desenvolvimento Sustentável - Universidade de Brasília - Doutoranda em História - Université de Rennes II

 

BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento II: da enciclopedia à wikipédia. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

CARTA CAPITAL. O que move o feminismo asiático no Brasil? Carta Capital - Sociedade, 2017. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-que-move-o-feminismo-asiatico-no-brasil/. Acessado em: 20 de julho/2020.

MAZUR, Daniela.  Entrevista Hugo Katsuo, diretor de “O Perigo Amarelo nos Dias Atuais” e “Batchan”. MidiÁsia, 2020. Disponível em:

https://www.midiasia.com.br/midiasia-entrevista-hugo-katsuo-diretor-de-o-perigo-amarelo-nos-dias-atuais-e-batchan/. Acessado em: 20 de julho/2020.

OKABAYASHI, Hugo Katsuo Othuki.  O Mito da Minoria Modelo: a invisibilização de imigrantes chineses em situação de vulnerabilidade. Medium [online] 2018. Disponível em:

https://medium.com/@hugokatsuo/o-mito-da-minoria-modelo-a-invisibiliza%C3%A7%C3%A3o-de-imigrantes-chineses-em-situa%C3%A7%C3%A3o-de-vulnerabilidade-d062acef5395. Acessado em: 20 de julho/2020.

SAYURI, Juliana.  O mito da minoria modelo. Vice [online], 2017. Disponível em: https://www.vice.com/pt_br/article/787gka/o-mito-da-minoria-modelo. Acessado em: 20 de julho/2020.

___________. #EuNãoSouUmVírus: epidemia do covid-19 dispara racismo contra asiáticos. UOL TAB - Tendências, Comportamentos e Cultura [online], 2020. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/02/12/eunaosouumvirus-ameaca-de-pandemia-dispara-racismo-contra-amarelos.htm. Acessado em: 18 de julho/2020.

SHIMABUKO, Gabriela A origem do Perigo Amarelo: Orientalismo, colonialismo e a hegemonia euro-americana. Outracoluna - Resistência Asiática e Solidariedade Antirracista [online], 2017. Disponível em:

https://outracoluna.wordpress.com/2017/03/26/a-origem-do-perigo-amarelo-orientalismo-colonialismo-e-a-hegemonia-euro-americana/. Acessado em: 18 de julho/2020.

__________. Para além da fábula das três raças: uma introdução à percepção racial do amarelo e do japonês no Brasil. Outracoluna - Resistência Asiática e Solidariedade Antirracista [online], 2018. Disponível em:

https://outracoluna.wordpress.com/2018/12/22/para-alem-da-fabula-das-tres-racas-uma-introducao-a-percepcao-racial-do-amarelo-e-do-japones-no-brasil/. Acessado em: 18 de julho/2020.

TAKEUCHI, Marcia Yumi. O perigo amarelo: imagens do mito, realidade do preconceito (1920-1945). São Paulo: Humanitas, 2008.

13 comentários:

  1. Pensando como professores, principalmente dos ensinos Fundamental e Médio, como reverter essa tendência atual de preconceitos étnicos exacerbados, uma vez que a cultura negacionista atual tende a nos desqualificar como detentores do conhecimento para valorizar o que se compartilha nos grupos de WhatsApp? Como enfrentar as fake News sobre a China e os chineses, principalmente agora, em tempos políticos tão reacionários no Brasil e no mundo? Aproveito para elogiar a pesquisa e o texto muito bem escrito.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa tarde Janaina, acredito que o uso de novas fontes no ensino, podem contribuir significativamente para a quebra de preconceitos históricos. Como por exemplo o documentário citado neste estudo. Da mesma forma, a atualização de estudos (referenciais) sobre as temáticas do preconceito também sejam necessárias, na busca de enfrentar fake news com informação.

      Excluir
  2. Parabéns ao Bruno e Vania pelo excelente texto!!! Minha pergunta é a seguinte: se vocês verificaram outras fontes de pesquisa, de outros momentos históricos sobre a questão do "perigo amarelo"?

    ResponderExcluir
  3. Parabéns ao Bruno e Vania pelo excelente texto!!! Minha pergunta é a seguinte: se vocês verificaram outras fontes de pesquisa, de outros momentos históricos sobre a questão do "perigo amarelo"?

    Eduardo dos Santos Chaves - educhaves4@hotmail.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia Eduardo.
      Existe um considerável produção acadêmica que trata sobre a temática do "Perigo Amarelo", que estende seus recortes do inicio do século XX até meados da década de 1970. Pesquisadores/as como Márcia Yumi Takeuchi, Rodrigo Luis dos Santos, Elena Camargo Shizuno, Denise Akemi Hibarino, entre outros/as. Contudo, se tratando sobre estudos desta questão nos dias atuais, existe pouco referencial. Da mesma forma, as discussões sobre a "identidade histórica" discutida neste texto, permeada por estigmas e representações sobre estes sujeitos pouco se tem debatido, principalmente no âmbito dos estudos da História.

      Excluir
  4. Parabéns pelo belo texto, em diversos momentos da história mundial a China esteve no centro do mundo, sendo inclusive autodenominado " Império do meio". vocês acham que essa campanha contra a China visa tentar minar o novo avanço chinês como centro do mundo?

    Abraços: Sueli Eva Kwasniewski

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa tarde Sueli, existem vários estudos, principalmente da área da Sociologia Política que tem evidenciado as tentativas por parte de potências ocidentais em "minar" o avanço chinês. Acredito que o uso do discurso dos "chineses como propagadores do novo corona vírus" também foi um meio, ou melhor, uma tentativa de "minar" tal avanço.

      Excluir
  5. Temática do texto excelente para a situação que estamos vivendo.
    Meu questionamento está em: o crescente consumo por partes dos jovens ocidentais de músicas tidas como K-Pop e de minisséries tidas como Doramas e desse modo um maior conhecimento da cultura oriental, apesar de presa no eixo Coreia do Sul-Japão-China, pode minimizar a construção de estereótipos e mitos em relação aos povos asiáticos, mesmo com a crescente xenofobia causada pela crise gerada pela pandemia do COVID-19?
    Andressa dos Santos Freitas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ótimo questionamento. Acredito que a entrada e o consumo de músicas, minisséries, mangas, manhwas, entre outros produtos culturais, são um caminho importante para a reformulação (ou quebra total) desta identidade permeada por uma série de representações negativas.

      Excluir
  6. além da produção do documentário, quais outros materiais conseguiram encontrar para fundamentar a pesquisa/tese?

    att
    Victor Lima Corrêa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Existe um boa produção acadêmica que tratam sobre a temática do preconceito, dos estigmas, do "perigo amarelo". Contudo comparado a outras discussões este material ainda é muito pequeno. Se tratando de materiais que abordem as questões apresentadas no texto na atualidade, existem alguns documentários do próprio diretor de "O perigo Amarelo nos Dias Atuais".

      Excluir
  7. belo texto!
    o que faz ou sugere essa permanência de racismo no Brasil, em especial esse racismo "amarelo"? o que vocês podem concluir com essa excelente pesquisa?

    att

    Victor Lima Corrêa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Podemos concluir que ainda existe um enorme caminho a ser trilhado pelos estudos acadêmicos na busca pela quebra desta identidade Histórica. Acreditamos que este estigma criado, que culminou em tal identidade é reforçado diariamente, seja por falas estereotipadas, brincadeiras, piadas, etc., somente com uma identificação de tais pontos enquanto formas de preconceito e neste sentido o abandono de tais comportamentos conseguiremos por fim ao racismo.

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.