Carolina Giovannetti

 

AS MULHERES CURDAS EM DEBATE NA SALA DE AULA: APROXIMAÇÕES COM A HISTÓRIA DAS MULHERES E O ENSINO DE HISTÓRIA


 

Este texto procura analisar e discutir as aproximações existentes entre o ensino de História, as relações de gênero e o campo de pesquisa historiográfico das histórias das mulheres, através do estudo e debate das mulheres curdas, que no início da década de 2010 enfrentaram o Estado Islâmico [EI] e ajudaram a organizar novos paradigmas sociais em suas comunidades. As mulheres curdas são protagonistas no enfrentamento armado contra o EI e a guerra tornou visível para o mundo o protagonismo dessas mulheres. As curdas estão na linha de frente da luta de seu povo por democracia, liberdade para as mulheres e construção de uma proposta de economia alternativa, comunal e cooperativada.

Entendo que a sala de aula é um local de possibilidades de propor novas visões de mundo e outras epistemologias, que abarquem, por exemplo, o estudo das mulheres na História e histórias outras, que não restrinjam o saber histórico ao eurocentrismo. A sala de aula é um ambiente também de formação de identidades socioculturais. Assim, considerando a constituição da identidade de um sujeito como histórica e não determinada biologicamente, passamos a pensar o sujeito como não essencialista e dono de múltiplas identidades [HALL, 2005].

Nessa perspectiva dos Estudos Culturais entendemos também que o gênero é parte integrante da identidade dos indivíduos. Guacira Lopes Louro afirma, nesse contexto, que “as diferentes instituições e práticas sociais são constituídas pelos gêneros e são também, constituintes dos gêneros" [LOURO, 1997, p. 25]. As diversas estruturas e instituições que fazem parte da vida dos indivíduos, como a escola, os currículos, entre outras, estão constantemente organizando e constituindo os sujeitos, construindo também as relações de gênero. As relações de gênero, então, são transformadas historicamente.

Joan Scott, no que se refere aos estudos de gênero na História, considera que "o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder” [SCOTT, 1995, p. 21], considerando-o como uma categoria analítica importante para os estudos históricos. Os estudos de gênero passam a pesquisar questões sobre a mulher, a refletir sobre as relações estabelecidas socialmente entre homens e mulheres e também a propor novos paradigmas e quadros teóricos para as análises historiográficas [LOURO, 1997].

Concebendo a categoria gênero como constituinte da identidade do sujeito e suscetível de transformações históricas é inquestionável que tal conceito tenha relevância na disciplina de História, assim como está presente no cotidiano escolar e nas mais diferentes relações que se estabelecem neste meio. Para Circe Bittencourt [2004], o ensino de história contribui para a constituição de identidades nos alunos e para a formação cidadã, na medida que pode proporcionar visões de mundos diversas e análises diferentes do passado histórico. Para ela, a

“formação intelectual pelo ensino da disciplina ocorre por intermédio de um compromisso de criação de instrumentos cognitivos para o desenvolvimento de um ‘pensamento crítico’, o qual se constitui pelo desenvolvimento da capacidade de observar e descrever, estabelecer relações entre presente-passado-presente, fazer comparações e identificar semelhanças e diferenças entre a diversidade de acontecimentos no presente e no passado” [BITTENCOURT, 2004, p. 121].

O pensamento crítico que Circe Bittencourt refere-se pode ser estimulado pelo estudo das mulheres na História e por visões diferentes de cultura e de sociedades. Estudar e analisar mulheres no contexto escolar que não estão nos tradicionais papeis atribuídos ou impostos a elas é importante, na medida em que cria a possibilidade de romper o paradigma androcêntrico na sala de aula, propondo o estudo histórico de mulheres que são agentes sociais importantes.

Por utilizarmos a categoria gênero, em perspectiva histórica, enfocando as atuações das mulheres na história, considerando as relações entre os sexos como imbricadas nas relações sociais, da mesma forma que constituem relações de poder nas mais variadas instituições sociais, não podemos deixar de entender a escola como um dos âmbitos onde estas relações se constituem. Louro [1997, p. 58] informa que “a escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o “lugar” dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas”. Assim, é importante propor debates e análises no âmbito escolar que fujam de concepções arraigadas em etnocentrismos e divisões hierárquicas.

Nas pesquisas dentro do campo de ensino de História que dialogam com as perspectivas pós-críticas “[...] é possível encontrar entendimentos de currículo de história que o significam como espaço-tempo de fronteira produtor de identidades ou como espaço de enunciação da diferença, entre outros” [GABRIEL, 2019, p. 77]. Assim, privilegia-se o papel proposto à disciplina curricular História e seus conteúdos programáticos “[...] nos processos de identificação sociocultural bem como seus efeitos performativos na produção da diferença a partir da mobilização das coordenadas espaço e tempo” [GABRIEL, 2019, p. 77], possibilitando se afastar de noções essencialistas na proposição do conhecimento historiográfico.

Nesse sentido, o presente texto, propõe uma breve reflexão sobre as mulheres curdas, que vem na Síria. Essas mulheres foram e ainda são uma importante barreira ao avanço das ações do Estado Islâmico, milícia islâmica radical que tem promovido diversos ataques e invasões no Oriente Médio – conceito tradicional que engloba os países localizados no oeste da Ásia e do nordeste da África – na última década.

Com a ascensão do Estado Islâmico, notícias de resistência de mulheres no Curdistão – uma região histórico-cultural habitada pelo povo curdo, mas que não é considerada um Estado independente – impactaram pessoas ao redor do mundo. As mulheres curdas, em uma sociedade considerada como conservadora, na qual a religião é marcante, estariam derrotando os fundamentalistas do Estado Islâmico. Essas mulheres demonstram que os papeis tradicionais de gênero podem ser rompidos e possibilitam reflexões diversas sobre estereótipos sociais e culturais.

 

A luta das mulheres curdas por democracia e igualdade de gênero na Síria

O povo curdo é uma etnia que está espalhada pela Síria, Turquia, Iraque e Irã. Pleiteiam a formação de um país próprio, o Curdistão, o que é rechaçado pelos governos da região. Atualmente, os curdos são cerca de 30 milhões de pessoas, que se organizam em tribos e constituem a mais numerosa nação sem um Estado delimitado do mundo. Na década de 1980, a população curda foi vítima de uma tentativa de limpeza étnica, no Iraque, país de maioria árabe, liderada por Saddam Hussein.

Em 2011, manifestações populares foram organizadas no Norte da África e no Oriente Médio, ficando conhecidas como Primavera Árabe. Na Síria, o governo de Bashar Al-Assad reprimiu com extrema violência esses movimentos, culminando em uma guerra civil. Após a queda do regime de Assad em 2012, partidos curdos começaram um projeto de autogoverno e igualdade para todas as etnias, religiões, homens e mulheres.

Depois da Guerra civil na Síria, iniciada em 2011, as forças de Bashar al-Assad se retiraram de Kobane, cidade berço da civilização mesopotâmica, no norte da Síria, e a população Curda tomou o controle da cidade. Lutam, desde então, pela instauração de uma nova forma de autogoverno em Rojava, região no Norte da Síria [ISIK, 2019], com intensa atuação das mulheres, na política e na luta armada. Após o declínio do governo de Bashar al-Assad, a população curda sofreu também com as empreitadas bélicas e extremistas da milícia do Estado Islâmico

As lutas empreendidas por mulheres Curdas em Rojava ficaram conhecidas mundialmente durante os ataques do Estado Islâmico contra a cidade de Kobane, em 2014. O Estado Islâmico tentou empreender na região um genocídio contra o povo curdo, considerado como infiel e não adepto da doutrina islâmica salafista, movimento islâmico sunita ultraconservador. Surgem, nesse contexto,

“imagens das mulheres curdas que, na linha de frente contra o EI, avançam não só na guerra contra os jihadistas mas, também, contra o fundamentalismo, o patriarcado e a violência contra as mulheres, trazendo uma nova proposta política e social para a região” [RIBEIRO, 2017, p. 2].

A milícia do Estado Islâmico que utiliza como uma de suas táticas de guerra a escravização sexual de mulheres, encontrou na atuação militar das mulheres curdas uma importante frente de resistência, que conseguiu barrar o avanço da milícia islâmica. O conflito contra o EI gera um gasto excessivo de “recursos deste povo e o embargo econômico e humanitário causa onerosas perdas para estas populações. Contudo, não são suficientes para diminuir a organização política e institucional destas comunidades” [RIBEIRO, 2017, p. 11]. Nos territórios libertados da invasão do Estado Islâmico, uma das mais impactantes imagens foram aquelas em que mulheres rasgavam e queimavam, com júbilo, as burcas pretas, vestimenta que cobre da cabeça aos pés as mulheres [ISIK, 2019].

Entretanto as vitórias das mulheres Curdas não se limitam aos combates militares. Há na luta das mulheres curdas um projeto político de emancipação social radical, que passa por uma nova visão das mulheres e o rompimento com uma sociedade machista e fundamentalista. Essas mulheres não lutam apenas pelo território que defendem, mas se comprometem com uma luta “contra a dominação masculina, tanto na comunidade Curda, como no Oriente Médio como um todo” [ISIK, 2019]. Assim,

“A mudança em curso nas regiões autônomas Curdas da Síria não devem ser consideradas apenas como uma mudança de poderes, do controle de um governo ou etnicidade para outro(a), mas como uma transformação social, que está possibilitando que minorias tenham lugar de fala e participação nas dinâmicas do poder, ao passo que se constrói uma sociedade mais igualitária” [ISIK, 2019]. 

Nesse contexto de transformação social “a conquista da igualdade de gênero é um dos mais importantes aspectos da luta que acontece em Rojava, sem que se encontre qualquer exemplo precedente no Oriente Médio” [ISIK, 2019]. As mulheres curdas propõem, então, uma nova epistemologia feminista, “que emerge das múltiplas opressões sofridas pelas mulheres Curdas em consequência do nacionalismo, patriarcado, privação econômica, perseguição pelo estado e colonialismo” [ISIK, 2019]. Assim, para essas mulheres só haverá uma verdadeira mudança social, quando a questão de gênero e os interesses delas forem colocados em debate.

Essas mulheres passam a organizar nos territórios liderados por elas sistemas políticos baseados no co-presidencialismo, constroem novas instituições educacionais, tendo a educação como foco de mudança social, organizam casas de apoio às mulheres vítimas de violências e declaram que “sua visão de sociedade igualitária se baseia no princípio do confederalismo democrático” [ISIK, 2019], além de tornarem o casamento infantil ilegal. Há no sistema político criado em Rojava a intenção de que as decisões sejam discutidas na comunidade, propondo uma rejeição ao sistema político, no qual o Estado impõe leis e proposições verticalmente. Assim, “com estruturas políticas orientadas pelo Confederalismo Democrático Rojava se mostra como um grande laboratório a céu aberto das mudanças ocorridas no pensamento do movimento curdo” [RIBEIRO, 2017, p. 11], intensificando as mudanças com o movimento de mulheres que ali se firmou.

As mulheres curdas ocupam a liderança do movimento de resistência ao EI no norte da Síria e entendem que é necessário a organização de uma frente de resistência ao EI, mas também a proposição de uma sociedade baseada no radicalismo democrático, tendo como consequência a “criação da jineologî, um pressuposto ideológico que se manifesta como uma nova proposta epistemológica e que, hoje, é o centro do Confederalismo Democrático” [RIBEIRO, 2017, p. 3]. Os processos de independência e a resistência ao avanço do Estado Islâmico na região são derivados de décadas de lutas, sendo agora ressignificados na busca pela autonomia local e pela democracia radical.

 

Movimento de Mulheres curdas em debate na sala de aula

Sabemos da necessidade de propor e estudar em sala de aula visões de mundo que não estejam atreladas necessariamente ao mundo europeu. O ensino médio brasileiro, segundo a Base Nacional Comum Curricular, tem uma de suas Competências Gerais Básicas a possibilidade de

“Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza” [BRASIL, 2018, p. 10].

No âmbito escolar essa finalidade pode ser trabalhada estudando-se diversas realidades socioculturais, como a do povo curdo. Além disso, é importante entender conflitos contemporâneos, como os que têm acontecido no norte da Síria. Nesse contexto, com a temática da luta das mulheres curdas é possível colocar em debate a questão da formação dos estados nacionais; a luta de agrupamentos étnicos para a manutenção de suas características culturais; a religiosidade islâmica, mas também o extremismo religioso perpetuado pelo EI e, finalmente, as diversas formas de resistências das mulheres ao patriarcado, que no caso das mulheres curdas aliaram a guerra contra o EI, com a organização de nova estrutura social nas comunidades curdas.

O ensino de história tem possibilidades múltiplas dependendo da realidade e da dinâmica da escola. Assim, o ensino de história pode ser reinventado em cada aula “[...] no contexto de situações de ensino específicas, em que interagem professor, estudantes e escola, o conhecimento histórico escolar possui objetivos próprios e muitas vezes irredutíveis aos da história acadêmica” [SILVA, 2019, p. 50].

Entender que a escola, os processos educacionais, as professoras e as estudantes “[...] são sujeitos centrais na construção de um conhecimento histórico específico ampliou o próprio campo do ensino de história” [SILVA, 2019, p. 53], entendendo que o ensino de história, em suas diversas facetas, não pode estar atrelado a uma visão reducionista dos saberes. Assim, torna-se importante não apenas ter ciência de acontecimentos históricos, de eventos em cadeias ou de algumas personagens históricas tratadas como importantes, “[...] mas privilegiar o investimento [educacional] em dotar os estudantes de instrumentos para análise e interpretação desses processos que lhes permitam construir sua própria representação do passado” [SILVA, 2019, p. 54]. 

É necessário um conhecimento que seja capaz de proporcionar às estudantes lidar com questões históricas “[...] contraditórias, com conflitos, que consigam contextualizá-los, conscientes da distância que os separa do presente, de suas crenças, de suas perspectivas do lugar que ocupam no mundo” [SILVA, 2019, p. 54].  Assim, um currículo de História que privilegie outras histórias, outras visões de mundo, outras epistemologias, que dialogue com as diferenças, com as mulheres, com as questões de gênero, étnicas e raciais, entre outras demandas, é um “[...] exercício irrenunciável para a construção de alternativas para o futuro que sejam democráticas, de respeito às pluralidades e, quiçá, com mais condições de igualdade” [SILVA, 2019, p. 55].

As histórias das mulheres curdas nos possibilitam debater em sala de aula as diferenças entre as lutas das mulheres ao redor do mundo, interligadas pelo combate ao patriarcado. As realidades, opressões e formas de resistência ao patriarcado de uma mulher europeia e com acesso aos meios formais de instrução não são as mesmas de mulheres asiáticas, por exemplo. No caso da luta das mulheres curdas, “pode-se acreditar que esta seja a primeira vez na história em que as mulheres, por meio de um movimento político auto-organizado e radicalmente democrático estão levando adiante uma revolução social e política real” [RIBEIRO, 2017, p. 11]. Nota-se, portanto, que o estudo relativo às mulheres deve valorizar as especificidades das diversas demandas e enfrentamentos das mulheres ao longo dos tempos e espaços diferentes.

 

Referências

Carolina Giovannetti é mestra em Educação FaE/UFMG e professora de História em Minas Gerais.

 

BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 10 jul. 2020.

GABRIEL, Carmem. Currículo de história. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Dicionário de Ensino de História. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2019. Capítulo XIV, p. 72-78

HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

ISIK, Ruken. A luta curda por democracia e igualdade de gênero na Síria: Mulheres na linha de frente da libertação e do governo Curdo. (2019) Disponível em: https://revistaperiferias.org/materia/a-luta-curda-por-democracia-e-igualdade-de-genero-na-sira/. Acesso em 10 de set. de 2020.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Ed. Vozes, 1997.

RIBEIRO, Maria Florencia Guarche. A REVOLUÇÃO DAS MULHERES NO CURDISTÃO: FEMINISMO PARA ALÉM DA GUERRILHA. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13thWomen’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X. Disponível em: http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1499029731_ARQUIVO_MARIAFLORENCIAGUARCHE.pdf . Acesso em 10 set. de 2020.

SCOTT, Joan. Gênero, uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação e Realidade, v. 20, UFRGS, 1995, p. 13.

SILVA, Cristiane Bereta. Conhecimento Histórico Escolar. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Dicionário de Ensino de História. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2019. Capítulo X, p. 50-54.

29 comentários:

  1. Parabéns pela pesquisa e pelo texto muito bem escrito. Traz uma importância essencial nestes tempos atuais. Minhas questões são sobre: 1) Seria possível trabalhar junto o tema pelo viés dos Direitos Humanos? Se sim, como fazer isso em sala de aula? 2) Quais as estratégias didáticas (produtos e processos/métodos) para trabalhar esse tema nas salas de aula de ensino fundamental e médio? Como levar essa discussão para a linguagem juvenil?

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    1. Oi Janaina. Muito obrigada pelos elogios

      Respondendo seus questionamentos:

      1. Considero que sim. É um tema que pode ser trabalhado multidisciplinarmente enfocando a atuação das mulheres para além de estereótipos de gênero. Creio que debate sobre a temática, esboçando a realidade do conflito, as questões políticas, mas enfatizando o protagonismo feminino no movimento.

      2. Sugiro uma aula introdutória inicial. Um texto complementar abordando o assunto, seguido de um debate sobre o tema. Existem leituras complementares que podem ajudar na organização de uma sequência didática, como o livro "A revolução ignorada: Liberação da mulher, democracia direta e pluralismo radical no Oriente Médio".


      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  2. Parabéns por seu trabalho, poderá me auxiliar muito nas minhas pesquisas sobre gênero.
    Você falou que essas mulheres constroem novas instituições educacionais tendo a educação como foco de mudança social, também acredito muito nisso e essa é uma bandeira que carrego comigo sempre.
    Também consigo fazer relações com o extremismo religioso pelo IE com o momento atual do Brasil.
    Qual seria a a melhor abordagem em sala de aula para chegar ao ponto gênero e extremismos religiosos partindo da atual BNCC ?
    Ass: Daniela Jaques Roos

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    1. Obrigada Daniela pela pergunta e elogio

      A BNCC não aborda profundamente às relações de gênero. Ela praticamente desconsidera. É o assunto da minha dissertação que defendi em agosto deste ano. Temos um artigo publicado sobre o assunto que pode te ajudar: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/view/12182

      Por isso, a partir da BNCC é um pouco difícil pensar em discussões de gênero.


      Atenciosamente,
      Carolina Giovannetti

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    2. Olá Catolina.
      Vou buscar sim pela sua indicação. Minha pesquisa é feminismo e gênero em sala de aula. Vi que a BNCC não aborda. Mas busco por brechas para trabalhar o tema.
      Muito obrigada pela atenção.
      Atenciosamente Daniela Jaques Roos

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    3. Oi Daniela.
      Também tentei procurar por brechas. Elas existem. Mas são poucas.

      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  3. Olá Carolina! Parabéns pela pesquisa, acho muito importante esse tipo de análise porque acaba escancarando que o silenciamento da mulher está em vários elementos formadores como no caso dos currículos. Na leitura vi que você não fala sobre o livro didático...Você acredita que é necessário mais protagonismo das mulheres nos mesmos? Além disso, o tema em questão casa muito com a temática dos direitos humanos... Seria possível pensar em uma abordagem interdisciplinar em sala de aula?

    Att

    Andresa Fernanda da Silva

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    1. Oi Andressa
      Obrigada pelo questionamento.

      Tenho me dedicado a pesquisar currículos oficiais e não livros didáticos, por isso não abordei os livros no meu texto.

      Entretanto, considero sim ser muito importante abordar a temática da história das mulheres nos livros didáticos, não como um apêndice à história dita oficial, mas abordando as mulheres como coparticipantes da História.


      Uma abordagem com Geografia e Língua portuguesa (textos jornalísticos) seria bem interessante.

      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  4. Como trabalhar esse tema na sala de aula, qual seria a sua proposta?

    Larissa da Silva Batista

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    1. Oi Larissa.

      A proposta é trabalhar a temática de forma dialógica com os alunos, propondo debates e pesquisas, a partir do pressuposto que os professores não são o conhecimento. Então, a ideia é estimular os/as alunos/as ao debate e a busca por informações sobre o assunto.

      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  5. Como trabalhar questões que não estão no curriculo e no livro didático?

    Larissa da Silva Batista

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    1. Oi Larissa.

      A proposta é trabalhar a temática de forma dialógica com os alunos, propondo debates e pesquisas, a partir do pressuposto que os professores não são o conhecimento. Então, a ideia é estimular os/as alunos/as ao debate e a busca por informações sobre o assunto.

      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  6. Parabéns pelo texto! É realmente muito importante mostrar as diferentes lutas contra a opressão ao auxiliar os estudantes no desenvolvimento de seu próprio senso crítico. Você acredita que com a BNCC teremos mais espaço para falar dessas questões?

    Att,
    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Oi Ana Paula
      Obrigada pela pergunta e elogio.

      Acredito que não. Como disse em um comentário acima, pesquisei no mestrado a história das mulheres e as relações de gênero nos currículos oficiais (BNCC e DCN's). Nesses documentos as relações de gênero foram excluídas do texto final, impulsionadas pela exclusão da temática gênero no PNE e também pelo avanço de movimentos reacionários na cena política e educacional brasileira.


      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  7. Boa noite. Parabéns pelo excelente trabalho. Carolina você traz a situação de luta de inúmeras mulheres, que durante anos lutaram e lutam pelos seus direitos. Felizmente vemos muitas conquistas dessas guerreiras, mas o que dizer dessas mulheres que ainda nos dias atuais não valorizam as suas semelhantes, não acreditam na capacidade de uma mulher. Como podemos abordar isso em sala e aula, buscar conscientizar as mulheres a se valorizar mais.

    Inês Valéria Antoczecen

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    1. Oi Inês
      Obrigada pela pergunta reflexão

      Creio no poder da educação como agente transformador da sociedade. Portanto, acredito que podemos ensinar nas escolas a importância da história das mulheres e abordar outras perspectivas historiográficas que considerem outros agentes históricos.

      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  8. Carolina, que belo texto, parabéns!
    Essa questão da luta das mulheres curdas geralmente é abordada de forma bem superficial nos livros didáticos, a própria questão do drama Curso ainda é invisibilizado na rede básica!
    Minha pergunta é: quais são os caminhos para que possamos trabalhar em nossas aulas o drama dos cursos e as questões de gênero, sem cair nas armadilhas dados generalizações e levando em consideração as diferenças culturais e espaciais que marcam os nossos alunos em relação ao Oriente Médio?
    Mais uma vez, parabéns!

    Marcos de Araújo Oliveira- UPE

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    1. Oi Marcos
      Obrigada pela indagação.

      Essa é uma questão muito importante quando tratamos de analisar sociedade e culturas diferentes da nossa. São perspectivas de mundo e de realidade muito diferente do que convencionamos estudar na História dita tradicional.
      Nessa, perspectiva considero relevante utilizarmos a interseccionalidade como ferramenta de análise, considerando as especificidades das mulheres estudadas. Na sala de aula é possível fazermos recortes e análises, enfatizando as diversas visões de mundo.

      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  9. Olá Carolina Giovannetti,
    Muitíssimo interessante teu texto, bastante instigante. Parabéns!!! Concordo contigo, é precisamos pensarmos outros temas, objetos, propor novas metodologias e abordagens, novas leituras e construções históricas. Teu trabalho expressa muito bem isso. Excelente discussão!!! Você aborda problemáticas importantes - eurocentrismo, androcentrismo, gênero, BNCC, EI, etc. no estudo da história das mulheres curdas, propondo-o como tema/conteúdo/assunto no ensino de História na educação básica. A que você atribui, ainda, a ausência, o desconhecimento, o silenciamento desse tema/objeto na formação/nas aulas de História?
    Eliane Brito Silva

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    1. Oi Eliane
      Primeiramente, muito obrigada pelos elogios e considerações.
      Em segundo lugar, penso que esses silenciamento se deve ao sistema patriarcal que omitiu a história das mulheres, considerando a história masculina como universal.
      Como ainda vivemos em uma sociedade androcêntrica, considera-se "normal" esquecer deliberadamente das mulheres na história.

      A historiadora Gerda Lerner afirma que a ignorância da sua própria história de lutas e conquistas tem sido uma das principais formas de manter as mulheres presas e alienadas. O estudo dos movimentos feministas e da história das mulheres, que surge no seio das contestações impulsionadas pelos movimentos feministas, configura-se como de fundamental importância para a emancipação das mulheres.


      Cordialmente,
      Carolina Giovannetti

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  10. Parabéns pelo artigo sobre um tema tão distorcido no ocidente. Ao acompanhar o conflito na Síria e em outros países árabes, fica evidente que a primavera árabe serviu como trampolim para manobras golpistas do ocidente, a partir disso grupos radicais foram introduzidos nesses países levando a guerras e a destruição total de algumas nações como a Líbia, que foi saqueada e destruída com apoio do imperialismo europeu. Recentemente os curdos se aliaram com as tropas de Basshar al Assad para combater os islamitas auxiliados pelo governo da Turquia (OTAN), inimigo clássico dos curdos. Para você, qual a importância do ensino de história para contrapor o discurso hegemônico da mídia ocidental que está atrelada aos interesses imperialistas distorcendo os verdadeiros motivos por traz do conflito. Como a luta das mulheres curdas fortalece esse esclarecimento?

    Fernando Müller

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  11. Primeiramente quero lhe parabenizar pelo excelente texto. Realmente é um tema interessantíssimo como também muito negligenciado nos livros didáticos. A luta das mulheres e as questões de gênero estão na ordem do dia e necessitam ser mais discutidos e evidenciados com mais contundência. Diante disso, gostaria de perguntar, como abordar esse tema em sala de aula de uma maneira a despertar a curiosidade dos alunxs para tal debate.
    Mais uma vez, parabéns.

    Diaciz Alves de Oliveira.

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  12. A lutas das mulheres por respeito e liberdade é algo que deve estar presente em todas as sociedades. Os alunxs devem ser formados desde cedo a ter essa percepção. As mulheres curdas na luta contra o EI é um grande estimulo as mulheres de todo o planeta a lutarem e não desistirem jamais de guerrearem por igualdade e respeito. Mediante a luta das mulheres acima citadas e muito bem colocadas, como seria possível despertar a atenção das criança desde cedo para essa questão? Como possibilitar as novas gerações de meninos e meninas a atentarem cada vez mais cedo para essa urgente questão?
    Grato pelo texto.

    Diaciz Alves de Oliveira

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  13. Parabéns pelo artigo e o assunto é de suma importância. É bacana essas discussões em sala de aula e eu gostaria de saber na sua visão quais os motivos que discutir esse assunto no Brasil causa estranhamentos entre os jovens e qual seria a melhor forma de trabalhar democracia e a História das mulheres na sala de aula de História. Eu pergunto isso para ajudar no meu processo de ensino e aprendizagem com meus alunos. Parabéns novamente.

    Att

    Cristiano Rocha Soares
    Cuiabá MT

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  14. Parabéns pelo texto! Por destacar as questões de gênero e a luta das mulheres curdas. É importante seu texto por mostrar que há diferenças entre as lutas das mulheres ao redor do mundo, interligadas pelo combate ao patriarcado, mas que lutam em espaços diferentes, em culturas diferentes.
    Pergunto como seria uma aula sobre a luta destas mulheres? Quais materiais complementares, filmes, documentários poderiam ajudar nisso?

    Atenciosamente;
    FRANCISCO LUCAS GONÇALVES DOS REIS

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  15. Oi Francisca
    Obrigada pelo questionamento.

    Penso que sim!
    O feminismo não é só um movimento social. É uma postura epistemológica e nessa perspectiva abordar histórias de lutas das mulheres é importante como forma de romper paradigmas e estereótipos.

    Cordialmente,
    Carolina Giovannetti

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  16. Oi Gisele
    Obrigada pela pergunta

    Como professora de história da rede pública, sei bem que o livro didático é muitas vezes um dos únicos recursos pedagógicos disponíveis em sala de aula.

    Os livros didáticos são formulados a partir dos currículos nacionais e estes, como a BNCC e as DCN's, não abordam as histórias das mulheres e as discussões de gênero.


    Cordialmente,
    Carolina Giovannetti

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