COLETIVO HUNNA: HISTORIADORAS QUE DANÇAM – HISTÓRICO, PROPOSTAS E
DEFINIÇÕES
O “Coletivo Hunna: Historiadoras que Dançam” é um
projeto que busca abordar temas relacionados à história de danças entendidas
como “orientais” e “étnicas” pelo público brasileiro. É uma iniciativa de
quatro historiadoras (Naiara Rotta Assunção, Ana Terra de Leon, Jéssica Prestes
e Nina Ingrid Paschoal) que também atuam como bailarinas, pesquisadoras e
profissionais relacionadas à dança do ventre, fusões tribais e danças ciganas.
O presente texto tem como objetivo apresentar o coletivo e seu trabalho. Iremos
discutir os propósitos do projeto, os motivos que levaram a sua formação,
nossos objetivos teóricos e práticos e o trabalho que vem sendo desenvolvido
até agora. Com isso, queremos deixar um registro de como estamos trabalhando
com divulgação científica e história pública, relacionando história oriental,
teoria da história e estudos em dança, a fim de manter um diálogo com
acadêmicas e acadêmicos que desenvolvem ou têm o projeto de desenvolver
iniciativas semelhantes.
Como tudo começou (pela coordenadora, Naiara
Assunção)
A ideia de juntar bailarinas historiadoras para produzir conteúdo e cursos sobre história da dança surgiu a partir de minha trajetória como historiadora e bailarina de dança do ventre e da percepção de uma demanda no mundo da dança oriental por conhecimento teórico sobre o assunto. Praticante de dança do ventre desde 2005, professora da modalidade desde 2015 e pesquisadora sobre história da dança do ventre desde 2014, percebi que existia um grande interesse entre praticantes e profissionais da modalidade em entender as origens dessa prática. Porém, o que se consolidou como entendimento sobre a história da dança do ventre entre praticantes e profissionais, em geral, é uma narrativa mitológica muito pouco fundamentada em conhecimento realmente histórico.
Comecei, portanto, a oferecer cursos sobre história da dança do ventre em Porto Alegre em 2015, atividade interrompida em 2018 quando atravessei o oceano para fazer mestrado. Porém, o contexto de pandêmico de 2020 trouxe novas perspectivas nas possibilidades de comunicação entre diferentes estados e diferentes países. Discussões que normalmente ficavam no boca-a-boca das salas de aula começaram a tomar conta da internet e se percebeu que era possível desenvolver projetos e oferecer cursos mesmo à distância. A partir de conversas com profissionais da dança interessadas no meu trabalho em história e a demanda apresentada por cursos online, tive a ideia de chamar outras historiadoras cujo trabalho com dança e pesquisa eu também conhecia e respeitava. Assim, contatei a Jéssica Prestes (bailarina de danças ciganas e historiadora formada pela PUC-RS), a Ana Terra de Leon (bailarina de fusões tribais e historiadora mestra pela UFSC) e a Nina Paschoal (bailarina de dança do ventre e historiadora mestra pela PUC-SP) para propor que elaborássemos juntas um curso sobre uso de metodologias da história para o estudo das danças que praticamos.
Elas não só concordaram com a ideia como levaram o projeto para um outro patamar de alcance e organização que eu não esperava. Já em nossa primeira reunião percebemos que compartilhávamos das mesmas percepções e preocupações em relação ao estudo de história no mundo da dança. Então nosso pontapé inicial foi elaborar um manifesto no qual colocamos em evidência os nossos posicionamentos e objetivos enquanto coletivo. Nesse manifesto escrevemos:
“Cada dia, mais praticantes e profissionais de
diferentes modalidades de dança têm interesse em investigar e entender as
“origens” dos estilos que praticam. Cursos, palestras e workshops sobre a
“milenar história da dança do ventre” ou sobre “as origens das saias ciganas”
têm sido oferecidos aos montes, porém, muitas vezes sem o rigor necessário para
o entendimento histórico de realidades e culturas complexas, acabando por gerar
confusões e reforçar estereótipos e mitos. Como historiadoras que dançam,
propomos favorecer reflexões sobre como transmitir e produzir conhecimento
histórico a respeito e através da dança” [ASSUNÇÃO; LEON; PRESTES; PASCHOAL,
2020a]
Para isso, levantamos alguns pontos que consideramos essenciais para começar a discutir história entre bailarinas e bailarinos sem formação na área: a)história não é um processo linear e evolutivo; b) história não é simplesmente uma linha do tempo com fatos e datas e c) pesquisa histórica demanda olhar crítico. A partir daí, passamos a produzir conteúdo através de textos, vídeos e discussões ao vivo transmitidas via Instagram abordando temas pertinentes no mundo da dança, reiterando sempre a necessidade do olhar crítico para o entendimento histórico a fim de não reiterar essencializações e estereótipos que, na maioria dos casos, foram determinantes na consolidação das modalidades de dança que praticamos.
Graças à energia, empenho, qualidade das pesquisas,
profissionalismo e entrosamento teórico e prático entre as integrantes,
crescemos muito, atingindo um número significativo de seguidoras e seguidores
nas redes sociais, com um grande engajamento nas discussões online. Além disso,
o primeiro curso que lançamos teve vagas esgotadas quase um mês antes do início
das aulas. Tendo em vista o sucesso dessa iniciativa, deixamos aqui um registro
da maneira como estamos nos organizando e como estamos planejando e produzindo
conteúdo, através de redes sociais e cursos online. Com isso, esperamos
fomentar a discussão sobre a aplicabilidade da História pública, e incentivar
que novas práticas de divulgação científica na área possam se estabelecer de
forma independente.
Organização
Nesta seção, o objetivo é explicitar pontos de nossa organização a fim de deixar um registro de nosso trabalho (como historiadoras que somos), e de oferecer um modelo de organização que poderá vir a ser útil para pessoas e grupos que queiram realizar trabalhos semelhantes. Explicaremos como as funções são distribuídas e exercidas dentro do grupo, como cada uma realiza seu trabalho e como decisões são tomadas e postas em prática.
Os setores que compõe o Hunna são: coordenação, financeiro, burocrático, comunicação e produção de conteúdo. Cada uma das integrantes tem funções específicas dentro destes setores. A coordenação é exercida por Naiara Assunção, cuja função é marcar e mediar reuniões, definir as pautas, organizar encaminhamentos e as demais funções dentro do grupo. Em nossas reuniões semanais, a pauta é organizada pela coordenação e os pontos são discutidos ao longo de uma hora e meia. Ao fim da reunião, fazemos uma lista de encaminhamentos e a ata é elaborada e postada por Jéssica Prestes em nosso drive (o qual todas tem acesso), em uma pasta específica para atas de reuniões. A organização de documentos neste drive é de extrema importância, havendo pastas específicas para cada um dos setores de funcionamento do coletivo.
O setor financeiro é composto por Ana Terra e Nina Paschoal. As funções exercidas por esse setor são: organização da formas de pagamento dos cursos que oferecemos; resolução de problemas, caso ocorram; controle de caixa com registro em tabelas de entrada e saída de pagamentos. Consideramos que manter um capital de giro para o grupo seja essencial, remunerando as integrantes por seus trabalhos prestados e, em paralelo, conseguindo financiar despesas inerentes ao trabalho de pesquisa.
O setor administrativo/burocrático é manejado, sobretudo, por Ana Terra mas com participação de todas as integrantes. Neste setor as funções são, sobretudo, a redação e layout de documentos que registram e definem nossas atividades. Nesse sentido temos: um manifesto, no qual definimos os objetivos de atuação do coletivo e nosso posicionamento como pesquisadoras em história e dança; um documento de organização financeira, no qual definimos as porcentagens de valores que aplicamos no próprio projeto e que é distribuída para as participantes; documentos organizacionais, como atas de reunião; edital para colaboração de artigos externos para nosso blog; formulários de inscrição para cursos, interesses e contatos.
O setor de comunicação também é composto por todas as integrantes. Dentro deste setor, as funções que se apresentam são: desenvolvimento da identidade visual e das artes dos posts no Instagram por Nina Paschoal, desenvolvimento do website por Ana Terra, respostas de contato por comentários e DMs no Instagram, por Jéssica Prestes.
Em questão de identidade visual, decidimos coletivamente manter uma paleta de cores em tons terrosos para as artes que produzimos para redes sociais, assim como para nosso logo. Buscamos manter uma harmonia visual no feed de notícias do Instagram a fim de tornar a página mais agradável e legível para o público. Estivemos em contato com algumas tendências de Marketing para concluir sobre esta estrutura. Na página do Facebook, que é administrada por Naiara Assunção, optamos por postar os textos também em inglês, a fim de aumentar o alcance da página a outras nacionalidades, já que estamos lidando com danças praticadas mundialmente e cujas comunidades originárias não são falantes de português. Lá, os textos são agrupados por álbuns de acordo com as temáticas, que serão melhor explicadas na próxima sessão.
O desenvolvimento do site também foi essencial na organização do coletivo. É uma plataforma na qual podemos organizar com maior facilidade a oferta de cursos, disponibilizando plano de aulas, regulamentos e formulários de inscrição. Além disso, o site proporciona uma visão geral do projeto, apresentando o manifesto, as integrantes e servindo como plataforma de desenvolvimento de um blog, no qual é possível postar textos mais longos e complexos do que aqueles disponibilizados no Instagram, onde há um limite de caracteres.
O contato com o público se dá através da de
mensagens, comentários respostas de DM e Stories no Instagram e Facebook. Esta
função é essencial já que é como estabelecemos o contato direto com os
seguidores, desenvolvendo uma troca e aproximação com aqueles que procuram o
Hunna como forma de tirar dúvidas a respeito das postagens e das temáticas
abordadas pelo coletivo. Jéssica Prestes, administra esse setor redirecionando
para informações com outros setores do grupo, ou pela simples conversação e
troca de ideias e convites que eventualmente o coletivo recebe. A comunicação é
um setor primordial de expansão do coletivo na mídia social, um trabalho que
todas desempenham a partir de suas especificidades.
Um pouco do nosso trabalho – conteúdos no Instagram
O conteúdo produzido para Instagram é definido em reunião a partir da percepção de demandas que surgem em fóruns e discussões na internet. Nossas primeiras postagens foram de apresentação do coletivo, definindo qual era o objetivo do grupo através do nosso manifesto e apresentando as integrantes. Quando começamos, no início de junho de 2020, estava em questão um debate sobre diferentes opressões no mundo da dança: gordofobia, racismo e homofobia. Portanto lançamos nossos primeiros posts de conteúdo e nossa primeira live discutindo esses temas trazendo a perspectiva de autoras e autores do mundo oriental e nossas percepções críticas sobre o mercado de dança no Brasil.
A partir daí, passamos a definir “semanas” temáticas, nas quais, a partir de um conceito ou problema teórico discutimos temas pertinentes à história das diferentes modalidades. Dividimos os posts entre “teóricos”, no qual definimos e explicamos os conceitos que estamos abordando e “aplicados” nos quais discutimos como o conceito ou o problema teórico em questão se relaciona com o desenvolvimento histórico das diferentes modalidades de dança.
O primeiro conceito abordado foi o de “imaginário” e como ele influenciou na consolidação de estereótipos relacionados ao mundo oriental, a partir do imaginário relacionado a odaliscas e haréns, e como isso determinou o desenvolvimento histórico da dança do ventre. Em seguida, abordamos o conceito de “tradição” e “tradição inventada” (de Eric Hobsbawm) e como isso impacta diretamente na construção de todas as modalidades de dança: dança do ventre, danças folclóricas, danças ciganas e fusões tribais. No momento estamos na “semana” sobre “política” (que acabou se tornando um “mês” devido à pertinência do tema) na qual estamos discutindo como diferentes modalidades de dança se relacionam com movimentos e ideologias políticas.
Em geral, buscamos relacionar os posts e temáticas
entre si, alternando entre imagens, anúncios relacionados às lives ou
cursos e citações de autoras e autores que utilizamos como norteadores para
discussões. A identidade visual, tanto da página no Instagram quanto no Facebook,
também é discutida em reunião e as artes são produzidas por Nina Paschoal, como
já comentado acima.
Um pouco no nosso trabalho – curso
A ideia de elaboração de um curso foi o pontapé inicial de formação do coletivo. O primeiro curso que estamos oferecendo partiu de uma demanda direta de profissionais da dança que nos comunicaram sua vontade e necessidade de transmitir conhecimento histórico para suas alunas e alunos, porém não têm formação na área. Desta forma, depois de alguns meses de trabalho conjunto e discussões, lançamos o curso “História da dança: interpretando fontes históricas” que tem por objetivo facilitar a compreensão do que é história e como é possível utilizar ferramentas da pesquisa histórica para avaliar e utilizar fontes e bibliografia relacionadas à dança de maneira consciente e crítica.
Nossa ideia é possibilitar o contato de professoras(es) e bailarinas(os) de dança de Dança do Ventre, Danças Ciganas, Fusões Tribais e modalidades afins com a pesquisa histórica de maneira rígida e calcada em fontes confiáveis instrumentalizando essas e esses profissionais a transmitir conhecimento histórico de maneira correta, sem cair em achismos e reprodução de estereótipos. Entram nesses objetivos facilitar a compreensão do que é história e como se faz pesquisa histórica, a identificação de fontes bibliográficas confiáveis para informar-se sobre processos históricos e a diferenciação entre fonte bibliográfica e fonte histórica.
O curso ocorrerá nos sábados do mês de Outubro de
2020, ao vivo por plataforma online. Definimos que as vagas seriam limitadas
por conta da nossa preferência pelo formato de oficina, encorajando a
participação ativa dos e das participantes nas discussões e atividades que
serão ministradas. A primeira aula será expositiva, na qual as quatro
professoras darão uma introdução sobre o que é história e como se pesquisa
história. As quatro aulas seguintes tratarão da utilização de fontes
específicas (literária, visual, audiovisual e oral) relacionadas às diferentes
modalidades de dança.
Conclusões
Com este texto de apresentação do Coletivo Hunna,
esperamos ter demonstrado nossos objetivos de trabalho e a maneira como nós,
historiadoras, atuamos no mundo da dança com história pública e divulgação
científica. Como bailarinas com formação em história, percebemos que era de
extrema necessidade a introdução de discussões críticas e devidamente embasadas
no mundo da dança oriental, cigana e tribal onde, de modo geral se costuma
reproduzir muitos estereótipos e preconceitos sobre as culturas originárias das
modalidades. Tendo em vista as histórias problemáticas que acompanham essas
práticas, acreditamos que seja de extrema importância um estudo aprofundado de
conceitos essenciais para seu entendimento, como o conceito de orientalismo [SAID,
2003], de tradição inventada [HOBSBAWM, 2008] e de deocolonialidade
[CASTRO-GÓMEZ e GROSFOGUEL, 2007]. Buscamos, assim, desenvolver estes conceitos
de forma simples (porém não simplista), sintética e didática a fim de que
possam ser discutidos e reelaborados fora da universidade. Tendo em vista a
necessidade de intensificar, elaborar e sofisticar as discussões no meio da
dança, nosso objetivo é utilizar nossa formação em história para democratizar
as discussões em ciências humanas para outras áreas do conhecimento.
Sobre as autoras
O Coletivo Hunna: Historiadoras que dançam é composto por:
Ana Terra de Leon, mestra em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e graduada (licenciatura e bacharelado) em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É especialista em História da Psiquiatria no Brasil, e bailarina de ATS® e Dança Oriental. Como pesquisadora autônoma, coordena o Hэréticas, Grupo de Estudos sobre História da Bruxaria, e o Grupo Tribus Nexum, sobre danças orientais e suas fusões.
Jéssica Prestes, bacharel e licenciada em História pela PUCRS, especialista em Arteterapia pelo IERGS, e pós graduada em Educação inclusiva pela Censupeg. Trabalha como educadora social e paralelamente desenvolve um trabalho de ensino e prática das Danças Ciganas do mundo, além de desenvolver pesquisa autônoma referente a História da etnia cigana.
Naiara Müssnich Rotta Gomes de Assunção, bacharel e mestra em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestra em Antropologia da Dança pelo programa Choreomundus (Mestrado Internacional em Conhecimento, Prática e Patrimônio Cultural da Dança), oferecido por consórcio entre universidades na Noruega, Hungria, França e Reino Unido. É especialista em história da dança do ventre e bailarina da modalidade desde 2005.
Nina Ingrid Paschoal, mestra, bacharel e licenciada
em História, e técnica em Museologia. Trabalha com área de educação em museus
desde 2013 e é professora e bailarina de Dança do Ventre. Concentra seus
estudos em História contemporânea, tendo iniciado suas pesquisas em História da
ciência, e depois se aprofundando em História da Arte, analisando as
representações da Dança nas pinturas do movimento Orientalista.
Referências
ASSUNÇÃO, Naiara Müssnich Rotta Gomes de; LEON, Ana
Terra de; PRESTES, Jéssica; PASCHOAL, Nina Ingrid. Manifesto Hunna.
2020a. Disponível em: https://www.hunnacoletivo.com/manifesto-hunna. Acesso em:
12 set. 2020.
ASSUNÇÃO, Naiara Müssnich Rotta Gomes de; LEON, Ana
Terra de; PRESTES, Jéssica; PASCHOAL, Nina Ingrid. Curso “História e Dança:
Interpretando fontes” 2020b. Disponível em:
https://www.hunnacoletivo.com/curso-i. Acesso em: 12 set. 2020.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. Prólogo. Giro decolonial,
teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago;
GROSFOGUEL, Ramón (Ed.). El giro decolonial: Reflexiones para una
diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá:
Siglo del Hombre Editores, 2007.
HOBSBAWM, Eric. A invenção das tradições. 6.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
SAID, Edward. Orientalismo. São Paulo:
Companhia de Bolso, 2013.
Olá! Parabéns às autoras do Coletivo Hunna pelo texto e pelo trabalho tão interessante. Gostaria de saber, se esse conhecimento histórico sobre as danças que as pessoas praticam é oferecido em um momento específico de um curso, ou durante todo ele, ou em cada aula vai se tecendo narrativas entre passos e movimentos. Lindo trabalho!
ResponderExcluirKenia Gusmão Medeiros
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá, Kenia! Tudo bem? Nós do Hunna, como coletivo, não oferecemos aulas de danças práticas. Nós trabalhamos com cursos puramente teóricos que relacionam conhecimento sobre dança e história, e produzimos conteúdo para redes sociais, através de textos e vídeos. Em nossas práticas profissionais individuais, quando damos aula de dança, cada uma tem sua própria maneira de alinhar conhecimento teórico e prático e todas nós consideramos que ambos aspectos são essenciais para o aprendizado de dança. Esperamos ter respondido a tua questão.
ExcluirColetivo Hunna
Excelente texto sobre uma maravilhosa iniciativa!
ResponderExcluirComo historiadora da arte, senti profundamente a lacuna de conhecimento que decorre de nos limitarmos majoritariamente às artes visuais, sendo a dança e a música aspectos tão essenciais da expressividade humana. Meus parabéns pelo trabalho. Fiquei curiosa sobre uma coisa: o coletivo pretende direcionar seus trabalhos também para o meio acadêmico, como a publicação de artigos como este? Acho essencial a questão da História pública e o alcance aos profissionais de dança e interessados como um todo, e concordo que é prioritário. Mas acho que o meio acadêmico se beneficiaria muito de uma oxigenação interdisciplinar com essa.
Estarei acompanhando o trabalho de vocês daqui pra frente :)
Um abraço,
Esther Corrêa Cruz
Oi Esther, obrigada pelo comentário!
ExcluirNosso esforço, pelo menos em um primeiro momento, vai ser voltado à divulgação científica sobre a história das danças para um meio não acadêmico. Mas temos começado a pensar propostas que também contemplem a academia, uma vez que são temas pouco discutidos também dentro dela.
Esperamos, em breve, poder contribuir principalmente na abertura desta temática e na metodologia de trabalho, também para que outros coletivos possam se formar a partir das nossas experiências.
Att,
Coletivo Hunna
A proposta do Coletivo é muito relevante, e eu fiquei curiosa sobre o funcionamento completamente virtual das atividades: quais têm sido os maiores desafios de ensinar história pela internet? E nesse trabalho de desconstruir estereótipos, vocês encontraram algum tipo de resistência dos alunos/seguidores em relação a algum tema?
ResponderExcluirSucesso para vocês!
Olá Nathália. Obrigada por seu interesse em nossa proposta.
ResponderExcluirA funcionalidade virtual se dá por diferentes motivos. Um deles é a localidade de cada membra que se dividem em diferentes estados do país. Também, entendemos que a internet e as plataformas digitais proporcionam possibilidades de construção e disseminação do saber histórico, além de claro, proporcionar ferramentas de alcance para o público em geral.
Os desafios são técnicos, no sentido de conexão, ajuste de agendas e situações afins; mas também há o desafio da construção de um diálogo com o público, onde a História de diferentes modalidades de danças, é o grande foco, ainda que não seja o único. Entendemos que esse é um desafio atual, contemplado pela forma que estabelecemos relações e pelo acesso as mídias sociais, consumindo informação como um produto, em nosso caso, de qualidade. Acreditamos que os historiadores podem utilizar da internet como uma ferramenta de múltiplas potencialidades para o desenvolvimento e disseminação do conhecimento histórico, debates, fomento à pesquisa histórica e estabelecimento de narrativas.
Percebemos que o desconhecimento sobre o que é a História, como se produz o conhecimento histórico, as narrativas e seus usos e o quanto isso bate de frente com os estereótipos que combatemos no meio da dança, e o quão arraigados eles estão, justamente por esse desconhecimento, faz com que esse seja um de nossos desafios, frente a essa nova possibilidade de trabalho.
Cremos que um dos desafios da internet é perceber como essas informações e debates que colocamos estão sendo recebidos e reapropriados pelo público. Percebemos que existe um grande espaço para interpretações livres e entendimentos diferentes daquilo que propomos, tanto pela natureza de consumo rápido de informação como pelo contato distante e descontextualizado que algumas plataformas. Ao mesmo tempo, entendemos que a trabalhar com difusão de conhecimento de qualidade em redes sociais vem se tornando uma necessidade e tem democratizado o acesso à informação. É uma faca de dois gumes e coloca desafios com os quais temos que aprender lidar aos poucos.
Olá
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de parabenizar pelo belíssimo texto, onde o mesmo apresenta uma linguagem clara e de fácil entendimento.
Após realizar a leitura, seria possível associar essa prática da dança aos cultos religiosos também, como uma forma de expressão?
Olá
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de parabenizar pelo belíssimo texto, onde o mesmo apresenta uma linguagem clara e de fácil entendimento.
Após realizar a leitura, seria possível associar essa prática da dança aos cultos religiosos também, como uma forma de expressão?
MARIA HUBERLÂNDIA LUZ DA SILVA
Olá, Maria. Obrigada por sua pergunta mas cremos que não entendemos muito bem. De que tipo exato de “culto religioso” você se refere?
ExcluirA dança do ventre, até onde se tem vestígios e pesquisas sobre o assunto, se desenvolveu a partir da transformação de danças populares praticadas por diferentes categorias de bailarinas e bailarinos profissionais como ghawazee, awalim e khalwals no Egito, durante a dominação colonial britânica no século dezenove. Tais bailarinos eram contratados para dançar em celebrações como casamentos, batizados e mawlids (festivais celebrando datas relacionadas ao Islã). Tais celebrações possuem cunho religioso (da mesma forma que um casamento, batizado ou carnaval no mundo cristão), mas a dança em si, neste contexto, não possuía significado ritual direto relacionado a seus movimentos, e sim era uma forma de entretenimento nessas celebrações.
Mas se você se refere à possibilidade de você, individualmente, associar a sua prática de dança com algum culto, você até pode usar movimentos de dança do ventre mas eu teria o cuidado de chamar isso de “dança do ventre”.
Esperamos ter respondido à sua pergunta.
Att, Coletivo Hunna
excelente texto!
ResponderExcluirna opinião do coletivo, qual foi a maior dificuldade para a criação do coletivo Hunna e o alcance do seu objetivo geral?
att
Victor Lima Corrêa