Geraldo Magella de Menezes Neto

 

“TAKÔ OKÚ NAKARA” E “SAY SANG DOKU”: OS JAPONESES NOS FOLHETOS DE CORDEL DE ABRAÃO BATISTA (PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XXI)


 

Introdução

A literatura de cordel é uma poesia em forma de versos rimados que possui diferentes suportes: desde os mais “clássicos”, que são os folhetos, até os mais atuais, circulando por meio da internet e de aplicativos de celular. O cordel surgiu no Nordeste do Brasil, no final do século XIX, tendo como o “grande” poeta fundador o paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Desde então, os poetas cordelistas tratam de variados temas em seus versos, tais como: histórias de amor, de heroísmo, humor, biografias, pelejas, religião, sobre os últimos acontecimentos etc. Nesta variedade de temas, encontramos também abordagens sobre os orientais, como os japoneses.

Em estudo pioneiro de 1981, o pesquisador holandês Joseph Luyten analisou a visão do japonês pela literatura de cordel a partir de seis folhetos, produzidos em Belém do Pará e em São Paulo. Luyten afirmava que “existe nas elites brasileiras um pensamento generalizado de respeito e de admiração pelos japoneses e seus descendentes”. Contudo, identificou que no ambiente popular “não há uma só referência favorável ao elemento nipônico”, encontrando nos diversos folhetos que tratam dos japoneses “um forte sentimento antinipônico ou de simples desprezo” (LUYTEN, 1981, p. 87).

O tema estudado por Luyten permaneceu por um bom tempo isolado, não despertando novas abordagens sobre o tema do japonês no cordel. Apenas em 2007, em trabalho apresentado em evento em São Luís (MENEZES NETO, 2007), e em 2008, em nossa monografia de graduação, dedicamos um estudo sobre a imagem dos japoneses nos folhetos de cordel, publicados pela editora Guajarina, de Belém do Pará, no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). (MENEZES NETO, 2008). Nestes estudos, identificamos que durante o conflito mundial, os versos de cordel de poetas como Zé Vicente exprimiam sentimentos variados contra o japonês: de que este era “falso”, “espião”, “demoníaco”. Os poetas se valiam do discurso nacionalista e dos preconceitos raciais, como a denominação de “raça amarela”, para ofender os nipônicos, então inimigos do Brasil por fazerem parte do Eixo (MENEZES NETO, 2008).

Dando continuidade a esses estudos, e visando contribuir para a apresentação de uma nova fonte para os estudos orientais no Brasil, nosso objetivo neste texto é analisar as imagens dos japoneses na literatura de cordel, a partir dos folhetos do poeta cearense Abraão Batista. Para tal, escolhemos dois folhetos: O japonês Takô Okú Nakara que quis roubar o Cu Pu Açú, publicado em 2004; e Say Sang Doku: o japonês que pediu demissão por causa de seu nome, de 2013. Nesse sentido, as questões que nos orientam são as seguintes: como os japoneses são retratados nos folhetos de Batista? Qual a inspiração para o cordelista escrever seus versos? Que termos o poeta utiliza para adjetivar os japoneses? Como podemos interpretar essa construção sobre os orientais? Para esta análise dos japoneses nos folhetos de cordel, recorremos às ideias de Edward Said sobre o “orientalismo”, que segundo o autor:

“O orientalismo é um estilo de pensamento baseado em uma distinção ontológica e epistemológica feita entre ‘o Oriente’ e (a maior parte do tempo) ‘o Ocidente’. Desse modo, uma enorme massa de escritores, entre os quais estão poetas, romancistas, filósofos, teóricos políticos, economistas e administradores imperiais, aceitou a distinção básica entre Oriente e Ocidente como o ponto de partida para elaboradas teorias, épicos, romances, descrições sociais e relatos políticos a respeito do Oriente, dos seus povos, costumes, ‘mente’, destino e assim por diante (SAID, 1990, p. 14).

Entendemos que os versos de Abraão Batista constroem uma representação do Oriente e de seus povos, no caso, os japoneses, difundindo ideias sobre os seus costumes, idiomas, valores e também preconceitos.

 

Abraão Batista – vida e obra

Abraão Batista nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, em 1935. Estudou os anos iniciais na sua cidade natal e o ensino médio no Lyceu, na cidade de Fortaleza, ingressando no ensino superior. Formou-se como Farmacêutico Bioquímico pela Universidade Federal do Ceará, vindo posteriormente a exercer o magistério no ensino público e privado e, posteriormente, no ensino superior junto à Universidade Regional do Cariri (URCA). Como docente, atuou no ensino da Física, Desenho Geométrico e Projetivo, Ecologia e Biofísica (MEMÓRIAS DA POESIA POPULAR, s/d).

Poeta, xilógrafo, gravador, escultor e ceramista, Abraão Batista tem como marco inicial de seus trabalhos o ano de 1968, quando ocorreu o episódio do Papa da época cassar 44 santos católicos. Aproveitou-se do fato para escrever A entrevista de um jornalista de Juazeiro do Norte com os 44 santos caçados [sic]. Herdeiro dos grandes cordelistas e do Mestre Noza, mestre maior do artesanato Juazeirense, fundou o “Centro de Cultura Mestre Noza” e a “Associação dos Artesãos do Padre Cícero”, com o objetivo de congregar os artesãos de Juazeiro, contribuindo para a organização e valorização da atividade de artesanato na cidade (MEMÓRIAS DA POESIA POPULAR, s/d).

Segundo o próprio cordelista, seus folhetos que mais tiveram repercussão foram: O homem que deixou a mulher para viver com uma jumenta na Paraíba, “baseado em uma história real, ocorrida em junho de 1976, no sítio Lagoa do Cumbe, na Paraíba”; Seu Lunga, o “homem mais mal-humorado do mundo”, folheto que “assanhou a sociedade leitora e assanhou os jornalistas ao ponto de canais de televisão do Ceará, como a TV Globo e outras organizações, irem a Juazeiro para entrevistar o seu Lunga e comprovar se eu falava a verdade ou não”; e O poder que o peido tem (BATISTA, apud HOMEM, 2004).

 

O japonês Takô Okú Nakara que quis roubar o Cu Pu Açú

Em 2004, Abraão Batista publicou o folheto de cordel O japonês Takô Okú Nakara que quis roubar o Cu Pu Açú. Segundo informa a quarta-capa do folheto, ele foi inspirado e escrito por ocasião da “VIII Feira Pan-Amazônica do Livro”, ocorrida em Belém entre os dias 17 e 26 de setembro de 2004.

Este folheto tem como ponto de partida a polêmica surgida quando a empresa japonesa Asahi Foods Co Ltd. registrou a patente do cupuaçu, famosa fruta amazônica, na virada do século XX para o XXI. Além disso, a empresa também tinha patenteado o método de extração de óleo e gordura da semente e o processo de produção do cupulate, uma espécie de chocolate elaborado a partir da fruta, no Japão e União Europeia, entre os meses de outubro de 2001 e julho de 2002. Este registro, uma espécie de “biopirataria”, promoveu reações de organizações não-governamentais (ONGs), produtores do Acre e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) (IZIQUE, 2003). Somente em 2008 o Escritório de Marcas e Patentes japonês cancelou o registro da fruta amazônica e a patente do cupulate pela empresa após várias ações judiciais (EXAME, 2008).

A polêmica do registro da patente do cupuaçu teve grande repercussão na época, com os jornais do Estado do Pará divulgando vários discursos de indignação contra o “roubo” das riquezas amazônicas pelos estrangeiros. Nesse contexto, durante a sua passagem por Belém, em 2004, o poeta Abraão Batista tomou conhecimento da história e também expressou a sua indignação em forma de versos de cordel.

O japonês Takô Okú Nakara que quis roubar o Cu Pu Açú é um folheto que pode ser visto como “noticioso”, uma espécie de “jornalismo popular” que retrata os últimos acontecimentos, conforme denominação de Luyten, no qual os poetas transformam as notícias de jornal em uma “linguagem popular”. (LUYTEN, 1992). Não só noticioso, o folheto também pode ser visto como de “denúncia”, com o poeta se colocando como porta-voz da indignação popular contra os japoneses. Nesse sentido, o poeta utiliza termos agressivos em relação ao japonês, como nas estrofes abaixo:

 

“Japonês, ô bicho falso

melou-se no cupuaçu

quis roubar nosso produto

Takou a kara no kú

dizendo ser bonzinho

mas o bicho, bem fresquinho

tem as patas de urubú.” (BATISTA, 2004, p. 1).

 

“Bicha falsa, sem vergonha

esse seu procedimento

compromete o Japão

e joga no sofrimento

os ‘nisséis’ que moram aqui

sua mutreta de sagui

é de baba de jumento” (BATISTA, 2004, p. 1).

 

Abraão Batista busca raízes históricas para justificar o comportamento do japonês como um ser traiçoeiro e não confiável. O poeta relembra os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, como o ataque japonês a base norte-americana de Pearl Harbor, em 1941:

 

“Este caso do japonês

seu Takô Okú Nakara

me lembra de Piu Rabor,

de Cabral, que se compara,

o japonês, à traição

tentou aquela invasão

mas, então, quebrou a cara” (BATISTA, 2004, p. 6).

 

No entanto, conforme a narrativa de Batista, a suposta “esperteza” do japonês ao agir traiçoeiramente sempre termina com a sua derrota, dando ao leitor uma esperança de que eles iriam perder a questão da apropriação da patente do cupuaçu. Um exemplo disso é o ataque dos Estados Unidos com a bomba atômica, em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, o que representou na visão do poeta uma “lição” aos japoneses:

 

“Eu quero deixar aqui

muito bem esclarecido:

se japonês está pensando

ser do bom, e bem sabido

eu só lembro Nagasaque

usando o mesmo sutaque,

eu mapeio o atrevido.” (BATISTA, 2004, p. 7).

 

Percebemos ao longo da narrativa do poeta um discurso nacionalista, de que o Brasil, desde os tempos da colonização, teve suas riquezas saqueadas pelos estrangeiros. A ação da empresa japonesa em relação ao cupuaçu seria, assim, uma continuidade da exploração das potências estrangeiras:

 

Já não bastou Portugal

que tanto nos massacrou?

A Espanha, que as Américas

com sinismo [sic] esquartejou?

E a Inglaterra, no Norte

todos moicanos, sem sorte

o vil caubói os matou? (BATISTA, 2004, p. 7).

 

Say Sang Doku: o japonês que pediu demissão por causa de seu nome

Em 2013, Batista publicou outro folheto sobre os japoneses, Say Sang Doku: o japonês que pediu demissão por causa de seu nome. Ao que parece, a cidade de Belém traz inspiração ao poeta para abordar esta temática, já que o folheto indica que foi “escrito por ocasião da IX Feira Pan-Amazônica do Livro. Belém (PA)” (BATISTA, 2013, p. 8).

Este folheto é de temática humorística. O poeta conta uma história “engraçada e chocosa”, que tomou conhecimento a partir de uma sobrinha que pegou a notícia na internet, no “programa feice buque”. (BATISTA, 2013, pp. 1-2). Apesar de reconhecer “o grande povo do Japão/sua rica sabedoria/e maravilhosa Nação” (BATISTA, 2013, p. 2), Batista demonstra um estranhamento em relação ao idioma japonês:


“Mas a sua escrita é

tanto quanto, sua fala

engraçada, esquisita

por certo, por si, propala

comentários engraçados

que o cara ri, que entala” (BATISTA, 2013, p. 2).

 

O poeta narra a história de um japonês chamado Say Sang Doku, o qual sofreu vários problemas na empresa em que trabalhava. Por conta de seu nome, que gerava uma situação cômica ao ser pronunciado, por causa do efeito da cacofonia, os brasileiros da firma buscaram um apelido para o colega nipônico:

 

“O japonês só atendia

pelo nome: Say Sang Doku

na firma, os empregados

esquivos como urubu

não ousavam chamar o tal

por causa da palavra cu” (BATISTA, 2013, p. 4).

 

“Os empregados disseram

depois duma reunião

chamar o tal por Morróida

como única solução:

não faremos escândalo

e nem diremos palavrão” (BATISTA, 2013, p. 4).

 

A alternativa de chamar o japonês de “Morróida”, referência à “hemorroida”, não agradou ao personagem, que foi reclamar ao chefe pedindo demissão. Esse processo gera mais situações de humor na narrativa, pois os outros personagens orientais que aparecem na história de Abraão Batista também possuem nomes com efeito de cacofonia que dão outros significados no português, conhecido popularmente como “duplo sentido”: “Takê Oku”, “Oku Nakara”, “Sotaka Wara”, “Kago Nakara”, “Kago Natora”, “Oku na Moto”, “Noku”. Esta é uma forma utilizada pelo cordelista para satirizar o japonês e seu idioma:

 

“O chefe da dita firma

um tanto atordoado

chamou seu Sotaka Wara

que estava bem ao lado:

chama seu Kago Nakara

por trazer o resultado” (BATISTA, 2013, p. 6).

 

“Mim, despedir desta terra!

Daqui, vou está embora!

Morróida é doença feia.

Daqui vou sair agora!

Vou voltar para o Japon

com amigo Kago Natora." (BATISTA, 2013, p. 6).

 

Considerações finais: uma interpretação dos folhetos de Abraão Batista e a imagem dos japoneses

Como podemos interpretar a forma como os japoneses são retratados nos versos de Abraão Batista? Segundo Luyten, no já referido artigo de 1981:

“Em todo caso, podemos afirmar que, além das diferenças étnicas e culturais, nas quais não há nada em si que mereça censura da parte do povo, há o fato de o japonês representar o agricultor bem sucedido num país de migrantes em que o êxodo rural é um dos mais acentuados do mundo. O agricultor brasileiro se ressente da falta de apoio governamental, da oscilação de preços, da inflação, etc., e vê no colono japonês, amparado, instruído agregado em cooperativas um elemento indevidamente privilegiado, já que ele, o brasileiro, é originário da terra” (LUYTEN, 1981, p. 93).

Dessa forma, segundo a visão do pesquisador holandês, o recurso ao etnocentrismo, o “desprezo pelas identidades raciais, pela comida, pela língua e grafia japonesas”, seria uma espécie de “dor de cotovelo” (LUYTEN, 1981, p. 93), ou seja, o resultado de uma suposta “inveja” do brasileiro em relação ao progresso econômico dos japoneses residentes no Brasil.

Apesar de que possa haver tal sentimento de “inveja”, conforme Luyten, entendemos que reduzir a análise a essa justificativa é por demais simplista e de senso comum, o que não explica os folhetos de Abraão Batista. Em nossa visão, os versos do cordelista cearense expressam uma continuidade de uma tradição de olhar o Oriente e os japoneses com “desconfiança”, sobretudo a partir do viés racial e cultural, que se manifestou por meio de diversas formas artísticas e intelectuais, tais como a literatura e o cinema produzidos no Ocidente.

Edward Said afirma que “a relação entre o Ocidente e o Oriente é uma relação de poder, de dominação, de graus variados de uma complexa hegemonia”(SAID, 1990, p. 17). Esse poder aparece quando se afirma, nos meios científicos ocidentais no século XIX, que os orientais representariam uma “raça amarela”, inferior aos brancos europeus, segundo Ernest Renan, “não por serem incivilizados, mas por serem incivilizáveis, não perfectíveis e não suscetíveis ao progresso” (RENAN apud SCHWARCZ, 1993, p. 82). Essa concepção racial em relação aos orientais atravessa a primeira metade do século XX: no Estado do Pará, por exemplo, durante as discussões sobre a imigração japonesa para o Estado na década de 1920, havia um movimento contrário à imigração conhecido como “amarellophobos”, que viam um risco de degeneração da raça brasileira com a união com os japoneses (ISHIZU, 2011); já durante a Segunda Guerra, os jornais descreviam os japoneses como “povos sem honra, covardes, brutais e cruéis”, com reportagens que procuravam desumanizar os japoneses (MENEZES NETO; CORRÊA, 2017).

A construção da imagem dos japoneses no cordel também representa uma forma de dominação, de poder, de atribuir adjetivos, representações sobre o “outro”, algo que é feito por Abraão Batista. Mesmo em situações diferentes, como o caso da patente do cupuaçu, um tema de origem jornalística, e em uma história com temática de humor, o cordelista se aproveita para expressar visões que resvalam para o preconceito sobre os nipônicos. Em O japonês Takô Okú Nakara que quis roubar o Cu Pu Açú, por exemplo, não está demonstrado na narrativa o olhar da empresa japonesa que registrou o cupuaçu, apenas o olhar do brasileiro que se sentiu injustiçado pela ação da empresa. Ou seja, há apenas o olhar ocidental sobre o caso, que recorre a estereótipos negativos sobre os orientais.

Retomando Said, o autor aponta que “o orientalismo depende, para a sua estratégia, dessa superioridade posicional flexível, que põe o ocidental em toda uma série de relações possíveis com o Oriente, sem que ele perca jamais a vantagem relativa” (SAID, 1990, p. 19, grifo do autor). Isso é expresso em Say Sang Doku: o japonês que pediu demissão por causa de seu nome, cuja narrativa explora várias situações em que os brasileiros de determinada empresa se utilizam de seu humor para fazer chacota do companheiro de trabalho japonês, satirizando o seu idioma e os efeitos de cacofonia que causam estranhamento.

Dessa forma, mais que uma “dor de cotovelo” do brasileiro em relação aos japoneses, a imagem que estes têm na literatura de cordel produzida por Abraão Batista, já nas primeiras décadas do século XXI, representa resquícios de longa tradição da construção de uma imagem negativa dos orientais e dos japoneses frente aos ocidentais, e por consequência, aos brasileiros. Em momentos de crise e conflitos com os japoneses, desde as discussões sobre a imigração e a Segunda Guerra Mundial, na primeira metade do século XX, até a questão da apropriação da patente do cupuaçu, na virada do século XX para o XXI, diversas manifestações artísticas e intelectuais recorrem às diferenças, ao estranhamento, e também à questão racial para desqualificar e satirizar o oriental, como um ser inferior ao ocidental. Esse orientalismo presente no Brasil e na literatura de cordel, com suas especificidades, é fruto também dessa construção da distinção Ocidente e Oriente construída pelos europeus e norte-americanos ao longo dos séculos. Dessa maneira, esperamos demonstrar, a partir dos folhetos de cordel de Abraão Batista, que a literatura de cordel também se apresenta como uma fonte histórica fundamental e interessante para se investigar mais a fundo as construções ocidentais sobre o Oriente.

 

Referências

Sobre o autor:

Geraldo Magella de Menezes Neto é Professor de História da Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC) e Professor de História e Estudos Amazônicos da Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC). Atualmente é doutorando em História Social da Amazônia, na Universidade Federal do Pará (UFPA).

E-mail: geraldoneto53@hotmail.com

 

Fontes

Folhetos de cordel

BATISTA, Abraão. O japonês Takô Okú Nakara que quis roubar o Cu Pu Açú. [folheto de cordel]. Juazeiro do Norte-CE, out. 2004.

BATISTA, Abraão. Say Sang Doku: o japonês que pediu demissão por causa de seu nome. [folheto de cordel]. Juazeiro do Norte-CE, mai. 2013.

 

Sites

EXAME. Escritório de patentes do Japão cancela registro da marca cupuaçu. 09 out. 2008. Disponível em: https://exame.com/marketing/escritorio-de-patentes-do-japao-cancela-registro-da-marca-cupuacu-m0064388/#:~:text=O%20cupua%C3%A7u%20foi%20registrado%20no,esse%20nome%20para%20a%20Alemanha. Acesso em: 22 ago. 2020.

HOMEM, Roberto. Entrevista: Abraão Batista. [Entrevista concedida a Roberto Homem, na Feira Pan Amazônica do Livro de Belém]. dez. 2004. Disponível em:

https://medium.com/@robertohomem/entrevista-abra%C3%A3o-batista-f9d9d0fa9c37 Acesso em: 21 ago. 2020.

IZIQUE, Claudia. Fruta disputada: Empresa japonesa registra a marca e patenteia processo de produção do cupulate. Revista Pesquisa Fapesp, ed. 84, fev. 2003. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/fruta-disputada/ Acesso em: 22 ago. 2020.

MEMÓRIAS DA POESIA POPULAR. Poeta Abraão Batista – Síntese biográfica. 3 dez. 2014. Disponível em: https://memoriasdapoesiapopular.com.br/tag/abraao-batista/ Acesso em: 21 ago. 2020.

 

Bibliografia

ISHIZU, Tatsuo. Amazônia, terra da esperança: a imigração japonesa 1924-1935. In: HOMMA, Alfredo. et al. (orgs.) Imigração japonesa na Amazônia: contribuição na agricultura e vínculo com o desenvolvimento regional. Manaus: Edua,2011.

LUYTEN, Joseph. O japonês na literatura de cordel. Revista de Antropologia, n. 24 (maio), 1981, p. 85-95.

LUYTEN, Joseph. A notícia na literatura de cordel. São Paulo: Estação Liberdade, 1992.

MENEZES NETO, Geraldo Magella de. Os japoneses nos folhetos de cordel do Pará no período da Segunda Guerra Mundial. Caderno de resumos/ IV Simpósio Nacional Estado e Poder: Intelectuais. São Luís: UEMA, 2007. Disponível em: https://www.academia.edu/41727080/MENEZES_NETO_Geraldo_Magella_de_Os_japoneses_nos_folhetos_de_cordel_do_Par%C3%A1_no_per%C3%ADodo_da_Segunda_Guerra_Mundial_In_Caderno_de_resumos_IV_Simp%C3%B3sio_Nacional_Estado_e_Poder_Intelectuais_S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_UEMA_2007

MENEZES NETO, Geraldo Magella de. MENEZES NETO, Geraldo Magella de. A Segunda Guerra Mundial nos folhetos de cordel do Pará. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Federal do Pará - UFPA, Belém, 2008. Disponível em: https://www.academia.edu/5677966/MENEZES_NETO_Geraldo_Magella_de_A_Segunda_Guerra_Mundial_nos_folhetos_de_cordel_do_Par%C3%A1_82_f_Trabalho_de_Conclus%C3%A3o_de_Curso_Gradua%C3%A7%C3%A3o_em_Hist%C3%B3ria_Universidade_Federal_do_Par%C3%A1_UFPA_Bel%C3%A9m_2008

MENEZES NETO, Geraldo Magella de; CORRÊA, Victor Lima. “Povo sem honra, covardes, brutais e cruéis”: representações dos japoneses no jornal paraense Folha Vespertina (1942-1945). In: BUENO, André et al. (orgs.). Vários Orientes. Rio de Janeiro/União da Vitória: Edições Sobre Ontens/LAPHIS, 2017. Disponível em: https://www.academia.edu/41684871/MENEZES_NETO_Geraldo_Magella_de_CORR%C3%8AA_Victor_Lima_Povo_sem_honra_covardes_brutais_e_cru%C3%A9is_representa%C3%A7%C3%B5es_dos_japoneses_no_jornal_paraense_Folha_Vespertina_1942_1945_In_BUENO_Andr%C3%A9_et_al_Orgs_V%C3%A1rios_Orientes_Rio_de_Janeiro_Uni%C3%A3o_da_Vit%C3%B3ria_Edi%C3%A7%C3%B5es_Sobre_Ontens_LAPHIS_2017

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questões raciais no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

 

2 comentários:

  1. Parabéns, pelo seu artigo professor, o mesmo apresenta um tema muito interessante, obrigado por compartilhara a sua pesquisa conosco.
    A literatura de cordel, costuma trazer temas regionais, personalidades locais, lendas folclóricas, além de questões sociais, nos apresentando uma narrativa de cunho popular, buscando sempre expor à sua maneira as vezes irônica e humorística, temas, notícias, fatos e histórias. Bem como a repercussão destes fatos entre a população mais humilde.
    Confesso ao amigo professor, que desconheço as nuances da colonização nipônica, na região norte do Brasil, sei basicamente que fundaram alguns núcleos agrícolas sobretudo no Pará.
    Sabemos que com o agravamento da II Guerra, O Brasil rompe com a sua neutralidade inicial e se posiciona junto aos aliados, permitindo a instalação de bases militares no norte e no nordeste do Brasil.
    Nesta fase também sabemos que se acirram as perseguições aos imigrantes alemães, italianos e japoneses entre os anos de 1941 e 1942. Quando o Brasil rompe relações diplomáticas com as forças do eixo.
    Inclusive dentro da política de guerra desenvolvida pelo Brasil, surgem alguns campos de concentração para controlar possíveis ameaças que estes imigrantes alemães, italianos e japoneses pudessem trazer durante a guerra, sendo alguns destes aprisionados e considerados prisioneiros de guerra.
    Nas suas pesquisas sobre como os cordéis se referiam aos japoneses, percebemos que os cordéis embora frutos de um literatura recente (2004 e 2013). Em si apresentam uma conotação xenofóbica, aonde existe uma narração buscando expor de maneira cômica o estranhamento / aversão aos nipônicos.
    Lendo seu estudo uma pergunta me intrigou, pois resido na região norte do Paraná, aonde a presença da colônia japonesa é fortemente acentuada, influenciando na vida econômica, social e política da região.
    O questionamento que faço ao amigo historiador, diz respeito a reação dos nipônicos a este tipo de preconceito exposto na literatura popular dos cordéis.
    Desde já lhe agradeço.

    Wander da Silva Mendes

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    1. Prezado Wander, obrigado pela leitura e pelo comentário.

      Infelizmente não tenho informações sobre a reação dos japoneses a esses folhetos. Isso demandaria uma pesquisa muito específica. Mas pelo que sei é que não houve até o momento nenhum tipo de processo ou reclamação formal de japoneses ou instituições japonesas ao cordelista Abraão Batista.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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