Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

 

ÍNDIA E CHINA EM SALA DE AULA: O QUE NOSSOS ALUNOS (AS) PODEM APRENDER COM AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES?


 

Introdução

Este texto visa indagar e compreender junto aos alunos, o papel do oriente na cultura e política histórica, enfatizando os países como Índia e China, para que desse modo aprendemos as dificuldades enfrentadas por esses países desde o período colonial, e como se mostra as circunstâncias políticas e culturais nos mesmos. O maior objetivo é entender de fato a importância que esses países orientais têm na história. O texto surge como resultado final de um projeto didático elaborado na disciplina “Fundamentos de didática” ministrada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), campus de Três Lagoas / MS, cursada pelos autores no primeiro semestre de 2019.

Sobre os apontamentos teóricos de Begley (1990) e Dull (1990), embasaremos diálogos sobre o florescer do Império chinês, sua cultura -como calendário chinês e sua religião - e organização política, assim como os poderes que trazia a Índia, também enfatizando sua cultura, - como os elefantes que eram levados a guerra e a presença feminina nos mosteiros - organização social e política. Ambos os países, carregam consigo uma importância gigante ao que tange o Oriente, e é através dos apontamentos dos dois autores que proporcionaremos aos alunos um entendimento da significância da China e Índia para a história do Oriente e para a história do mundo.

Também será abordado a relação que a antiguidade oriental estabelece com o ensino de história, levando em consideração a importância de se trabalhar tais conteúdos em sala de aula, uma vez que as civilizações ocidentais são pouco abordadas nos livros didáticos que levam a imediata desvalorização do oriente no currículo. O ensino de história é essencial nessa reflexão, e por isso com base em nossas experiências enquanto alunos de estágio e ex- participantes do Programa Institucional de bolsas de iniciação à docência (PIBID) é que buscamos destacar a importância e o trabalho de aplicação de um projeto didático cuja temática contempla a história antiga em sala de aula.

 

Ensino de história e as antigas civilizações no livro didático

O ensino de história tem um papel fundamental para a formação de indivíduos com senso crítico, além de proporcionar que os mesmos tenham uma visão plural para o mundo e as diferenças que nele se apresentam. O aprendizado histórico é algo primordial e como colocara Rusen (2010) se dá de forma processual, questionada que levam nossos alunos e alunas a questionarem os acontecimentos do passado e o impacto que eles estabeleceram e estabelecem no presente.

“O aprendizado histórico pode ser posto em andamento, portanto, somente a partir das experiências relevantes do presente. Essas carências de orientação são transformadas então em perspectivas (questionadoras) com respeito ao passado, que apreendam o potencial experiencial da memória histórica” (RUSEN, 2010, P.44).

Sabemos também que é essencial o ato de ensinar história desde a infância à adolescência dos alunos, sendo uma forma primordial de formação da consciência histórica e da troca de saberes, que devem ser trabalhadas de maneira metodológica, sempre dentro de propostas didáticas, segundo Rusen (2001, p. 58), a consciência histórica é a ação fundamental “com a qual o homem articula, no processo de sua vida prática, a experiência do tempo" , e que deve ser estabelecida sempre dentro de propostas didáticas.

De acordo com (Zabala,1998, p. 53) “Os tipos de atividades, mas sobretudo sua maneira de se articular, são um dos traços diferenciais que determinam a especificidade de muitas propostas didáticas. ” que implicam aqui na maneira de se organizar dos professores, mas também, no aprendizado e no protagonismo dos alunos em sala de aula.

O protagonismo dos estudantes se dá primeiramente com a análise do professor, ou melhor, se dá com a maneira com a qual os professores conduzem os conteúdos didáticos, a formação docente é essencial para estabelecer de forma epistemológica a pratica social do professor (a) no chão da escola. (BITTENCOURT, 2004).

Destacando neste sentido a história enquanto uma disciplina formativa trazemos à tona as contribuições de Fonseca (2010) compreendendo a disciplina história como um processo de construção sociocultural.

Nesse sentido, a concepção de História como disciplina formativa aponta para a construção de novas práticas e possibilidades metodológicas que potencializam, indicam outras relações educativas no ensino de História desde o processo de alfabetização da criança nos primeiros anos de escolaridade” (FONSECA, 2010 p. 09).

Ademais, a autora salienta que o papel do ensino de história interpassa uma série de questões que se localizam no campo da história em questões/temas/problemas relevantes para a formação da consciência histórica dos estudantes, requerendo dos professores e principalmente do conteúdo um diálogo de multiplicidades, que contemple culturas, etnias e sociedades. (FONSECA, 2010).

Referente ao estudo de outras culturas e sociedades, vemos como é primordial o estudo das antigas civilizações, a influência, a presença e o legado desses povos são de extrema importância para compreender as configurações, os aspectos culturais e a organização de muitas populações, em especial da Índia e da China.  A escolha deste conteúdo segue em explicação na segunda parte do texto, onde também justificamos como trabalhamos o mesmo com os alunos da rede pública por intermédio de nossa participação no PIBID (Programa Institucional de bolsas de iniciação à docência).

Para isso, utilizamos “Impérios em Ascensão” de Mala V Begley (1990) e Jack L. Dull (1990), que nos proporcionou entendermos na integra os alicerces do texto. Os objetivos gerais que buscamos trabalhar giravam em torno das invasões e as dificuldades enfrentadas pela China e Índia; o cenário político e cultural desses países, e a importância dos mesmos para a história. Fomentamos também um micro estudo dentro desses objetivos centrais, para que dessa forma os temas tivessem uma abordagem ampla e fosse de fácil compreensão tanto para os alunos, quanto para nós, futuros professores de História.

A questão mais latente sobre o estudo das antigas civilizações permeia um ponto muito maior, pois diz respeito a defasagem dos livros didáticos, que se não exploram o tema das antigas civilizações trazem o mesmo condicionados apenas no papel do Egito e da antiga Roma, assim apontam os professores de história da educação básica.

Falar de outros povos, outras crenças e costumes compreende a cultura histórica em sala de aula, ação que contribui para que os alunos interpretem o mundo e a si mesmo. “A cultura histórica nada mais é, de início, do que o campo da interpretação do mundo e de si mesmo, pelo ser humano, no qual devem efetivar-se as operações de constituição do sentido da experiência do tempo, determinantes da consciência histórica humana” (RUSEN, 2010, p. 121).

Como sinaliza Gonçalves & Silva (2015, p.3):

“O ensino de história, portanto, possui importância ímpar na formação da racionalidade histórica dos indivíduos e a área da história antiga, particularmente, contribui para a consciência de que no passado existia outra cultura que não a de hoje, que a vida prática de ontem não é igual a de hoje. ”

Ademais as autoras falam melhor sobre a presença da história antiga como disciplina e como a mesma se torna atraente em sala de aula, o que evidencia o interesse dos professores em trabalhar essas questões, porém o impasse maior se dá no uso do livro didático para condução das aulas, abordando os livros Gonçalves & Silva (2015) tecem a crítica:

“Como principais críticas aos livros didáticos destacam-se as simplificações e generalizações, erros, anacronismos, juízos de valores e desatualizações. No caso da história antiga é comum encontrar todos os povos antigos como pertencentes a uma mesma cultura, nesse quesito emerge o problema do anacronismo, que é a transposição de conceitos do presente para o passado, ou seja, olhar os antigos e suas práticas culturais com valores do presente” (GONÇALVES & SILVA, 2015, p.9).

Diante disso, pensamos que o trabalho essencial que deveria estar na sala de aula evitando que o uso do livro simplificasse conteúdos tão ricos é sem dúvida as fontes históricas, trabalhar por intermédio de filmes, fontes escritas, digitais é uma alternativa plausível que evitaria e muito a reprodução dos anacronismos e problemas conceituais presentes nos livros didáticos, assim como a ausência de conteúdo , no caso da Índia e da China os professores poderiam explorar muito mais o que essas civilizações têm como legado, já que as mesmas são abordadas de forma rápida e em alguns casos “puladas” durante as unidades como foi sinalizado por alguns professores que tivemos contato:

“Quanto ao uso de tais documentos/fontes em sala de aula, há importantes indicações metodológicas que preconizam o papel ativo do estudante nos procedimentos de compreensão e interpretação. Mais do que objetos ilustrativos, as fontes são trabalhadas no sentido de desenvolver habilidades de observação, problematização, análise, comparação, formulação de hipóteses, crítica, produção de sínteses, reconhecimento de diferenças e semelhanças, enfim, capacidades que favorecem a construção do conhecimento histórico numa perspectiva autônoma” (CAIMI, 2008, p. 141).

O uso das fontes em sala de aula é fundamental para ampliar o conhecimento histórico dos nossos alunos e alunas, assegurando novas abordagens metodológicas e contribuindo para o protagonismo dos mesmos, aliado a autonomia dos professores que direcionariam o debate para o aprendizado dos estudantes, propiciando assim competências interpretação e análise crítica dos conteúdos.

 

Prática em sala de aula

O primeiro contato com a sala de aula se deu com a possibilidade de participação do programa institucional de iniciação à docência (PIBID- CAPES), por meio de diversas leituras podemos vislumbrar o ofício do professor dentre eles o dar aula como também a parte burocrática, tais aspectos que foram posibilitados pela observação direta das aulas do sexto ano na escola estadual Afonso Pena em Três Lagoas -MS.

Logo nesse cenário após as observações prévias da sala e da metodologisa empregadas pelo professor começamos a elaborar uma sequência didática conjunta com o professor da sala, aliando assim o conteúdo a ser lecionado o qual foi civilizações antigas, partindo dessa premissa iniciamos a elaboração do projeto didático tendo em mente as civilizações que se desenvolveram ao longo do crescente fértil, vislumbrando assim tanto os aspectos econômicos, políticos e culturais. Ademais com a aplicação conseguimos perceber que essa génese da civilização chama atenção das crianças principalmente pelas guerras que figuram grande parte do período em questão, nesse sentido buscamos utilizar os recursos imagéticos os quais impulsionaram a explicação, tornando assim a aula mais dinâmica.

Não obstante na elaboração desta sequência, nos colocamos a pensar e problematizar sobre as concepções referentes civilizações antigas que comumente não são apresentadas no processo formativo do ensino regular o qual na maioria das vezes não contempla civilizações orientais que são datadas de muito antes das quem conhecemos surgidas no ocidente.

Nesse sentido a inquietação quanto a essa necessidade de se trabalhar com as civilizações do Oriente extremo permaneceu. Logo durante a disciplina de fundamentos da didática lecionada pelo professor Me.Valdeci Luiz dos Santos está que possuía como critério avaliativo a produção de uma sequência didática a qual foi elaborada tendo em vista o Oriente extremo, não obstante levando em conta diversos aspectos fundantes destas sociedades desde religião até a forma de organização política, buscando assim demostrar uma nova perspectiva de antiguidade que destoa da região do crescente fértil, possibilitando assim um alargamento nesse horizonte.

Por sua vez pautamos a aplicação desta sequência em cinco distintos encontros, nos quais buscamos ambientalizar a sala de aula dispondo a mesma em formato de “U” formato este que não invisibiliza nenhum aluno. Ademais no primeiro encontro foi proposto uma atividade diagnostica a elaboração de um mapa mental conjunto percebendo assim quais elementos foram assimilados e quais possuem mais dúvida, aliado ao poder de síntese que esse modelo possui.

Outro elemento que utilizamos amplamente foram os recursos imagéticos dentre ele fotos que remetem ao período em questão como trechos de filmes que remetem a aspectos da sociedade, e necessário salientar que a todo termino de encontro e proposto uma avaliação da aprendizagem, seja pela elaboração de seminários de dúvidas, diário de bordo necessário em todas as aulas como também ocasionalmente a confecção de mapas conceituais.

 

Algumas considerações

A ligação entre teoria e pratica nos levou a refletir sobre os resultados esperados ao levar esses dois conteúdos para as salas de aula, despertamos questões para que os alunos pudessem compreender que existem outras civilizações, outras culturas e formas de organizações de sociedade fora dos países europeus.

Com os resultados obtidos através do levantamento bibliográfico e da aplicação de sequência didática em sala de aula percebemos que apesar de ambos os conteúdos estarem na BNCC, na prática esses temas não são abordados, pois são poucos livros didáticos que abordam essas grandes civilizações e que de fato enfatizam uma história que não seja contada do ponto de vista europeu.

 

Referências

Guilherme Augusto Pereira Barbosa é estudante do curso de História pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas- CPTL.) Bolsista no programa PET História Conexões de Saberes.

Andresa Fernanda da Silva é estudante do curso de História pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas- CPTL.) Bolsista no Programa de iniciação cientifica (PIBIC-UFMS).


BEGLEY, V, Mala. Impérios em Ascensão. Rio de Janeiro: Cidade Cultural, 1990.

BITTENCOURT, Circe. Conteúdos e métodos de ensino de história: breve abordagem histórica. In. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.

CAIMI, Flávia Eloísa. Aprendendo a ser professor de história. Passo Fundo:Editora Universidade de Passo Fundo, 2008

GONÇALVES, J. W. SILVA, L. T da.  O ensino de história antiga: algumas reflexões. XXVIIII Simpósio nacional de história, Florianópolis-SC, julho de 2015.

FONSECA, Selma G. A história na educação básica: conteúdos, abordagens e metodologias. In. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em movimento – Perspectivas Atuais Belo Horizonte, novembro de 2010.

DULL, Jack L. Impérios em Ascensão. Rio de Janeiro: Cidade cultural, 1990.

RÜSEN, Jörn. História Viva: teoria da história: formas e funções do conhecimento histórico. Brasília: Universidade de Brasília, 2010.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998.

39 comentários:

  1. Olá, Guilherme e Andressa, parabéns pelo excelente texto. Muito bom ver que graduandos em História trabalhando para que se fomente outros olhares sobre a Ásia, suas histórias, civilizações, culturas, etc., para além daqueles estabelecidos, como vocês pontuaram ao fim do texto, pelo olhar e ponto de vista colonial e europeu. Farei uma pergunta sobre o âmbito de disputas mesmo, que sabemos existir nas regulações do currículo, do que transmitir e silenciar, nesse sentido, vocês pontuam fatos como o dos livros didáticos, que apesar de terem melhorado bastante nesse sentido de tratar culturas e histórias não europeias em visões múltiplas, já que sabemos que uma moeda sempre tem dois lados, em História esses lados podem ser vários, gostaria de saber como podemos mudar essa relação que o professor (em atuação) estabelece em sala de aula, para que haja uma narrativa não eurocentrada, se na graduação essa História é quase sempre vista pela narrativa europeia, impedindo que o “Outro” fale por si, e seja, portanto, representado, como punha Said.


    Att,
    Kelvin Oliveira do Prado.

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    1. Olá! Boa tarde Kelvin... Agradecemos os elogios, o intuito do nosso texto é justamente apontar para novas metodologias que os professores podem e devem trabalhar em sala de aula. Sabemos que trabalhar para além do currículo envolve uma labuta extensa de formação, que deve ser continuada no chão da escola básica. Nós pensamos que um boa orientação para os professores seriam leituras de obras decoloniais que guiariam o mesmo para observar como aprender pode ser da "margem para o centro"... Junto a isso somamos o uso das fontes em sala, tarefa essencial e que pode ser feita com ajuda dos próprios alunos (uso de filmes, Hqs, vídeos, trabalhar com o audiovisual de maneira geral é uma ferramenta interessante para driblar o currículo eurocêntrico). Esperamos ter respondido a questão. Abraços. ( Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  2. Olá, meus caros amigos Guilherme e Andressa...

    Primeiro gostaria de parabeniza-los pelo excelente texto!!
    Como vocês pontuam os Livros Didáticos trazem consigo uma simplificação muito grande em determinados períodos da História, como mencionado, a Antiguidade sempre é voltada para o Egito/Grécia/Roma ficando dessa forma critério do professor complementar.
    Mas como sabemos a criação dos Livros Didáticos assim como da BNCC são projetos políticos, projetos elaborados por uma classe dominante, que por sua vez sabemos, que os mesmos tem interesses pelo sucateamento da Educação.
    Então pergunto, se além da reformulação do Currículo se também não precisaríamos discutir o aumento da carga horaria das aulas de História, uma vez que se procuraremos expandir os horizontes dos conteúdos abordados, como Índia e China por exemplo, precisaremos de mais tempo para lidar com a explanação deles.

    Atenciosamente,
    Pablo Afonso Silva.

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    1. Olá Pablo! Agradecemos sua questão. Acreditamos que é sim essencial aumentar a carga horária da disciplina, colocar a mesma equipara com matérias como português / matemática na carga horária, pois com essa expansão conseguiríamos alargar diversos assunto que por vezes ficam fragmentados nas aulas e passam sem muita atenção pelos alunos... Além disso, a dinâmica de aula dialogada como destacamos no texto é um ponto importante a se considerar também. A mudança envolve muitas estruturas e está além das politicas e dos currículos. Abraços (Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva)

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  3. Primeiramente, gostaria de parabenizá-los pelo excelente texto!

    Como graduanda em história, gostaria de saber se os professores podem abordar em sala de aula as demais civilizações mesmo se não estiverem inseridas no livro didático, pois como foi bem colocado, costumasse retratar principalmente Egito e Roma Antiga.

    atenciosamente,
    Jackiely de Lima Feitosa

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    1. Olá Jackiely! Obrigada pela questão. Acreditamos que sim! Os professores podem abordar os conteúdos que não estão nos livros, até porque a própria BNCC apesar das falhas abarca algumas civilizações a serem trabalhadas de acordo com a série, logo o professor na sala de aula tem autonomia para isso, então fica a critério selecionar aquilo que ele acredita ser relevante para ser discutido e trabalhado em sala. Esperamos ter respondido a pergunta. Abraço (Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva)

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  4. Parabéns pelo trabalho desenvolvido, compreendemos ser de grande valia este tipo de iniciativa proposta pelos colegas ao propor um maior aprofundamento e abordagem deste conteúdo.
    A ÍNDIA e a CHINA, geralmente são abordadas brevemente dentro do contexto do séc XVIII, (imperialismo europeu ) ou no séc. XX (Revolução Chinesa e descolonização Afro asiática) e nunca num contexto de civilizações plenas a exemplo dos estudos sobre as antigas civilizações Egipcíos, Sumérios, Persas, Hebreus, Gregos e Romanos.
    O trabalho de vocês busca apresentar uma nova alternativa para o estudo destas civilizações, ainda mais nos tempos atuais, onde podemos perceber um acirramento das discussões e debates, principalmente sobre a temática da China, devido principalmente a importância desta nação no contexto da Pandemia do COVID-19 e do grande poderio econômico que esta nação possue e o que ela representa para o sistema capitalista. Muitos destes debates sobre a China, são apresentados de maneira sensacionalista, desvinculados de um contexto histórico científico, e em alguns casos reforçam uma posição preconceituosa sobre este tema.
    No caso da INDIA, os preconceitos que devem ser combatidos são muitos, a começar pela dificuldade que nós do ocidente temos em compreender os sistema de castas sociais, o papel da mulher na índia e a grande diversidade religiosa que este país possui, sem falar também no potencial econômico. Devemos buscar uma desconstrução histórica deste lado “exótico” da Índia, construído pelos europeus, e que ainda hoje é difundido e reforçado nas nossas aulas.
    Creio que à partir de uma análise mais precisa sobre a origem destas civilizações, consigamos compreender e principalmente repassar esta compreensão aos nossos alunos.
    Parabéns por levantar esta temática, sigam firmes no ensino da História.
    Wander da Silva Mendes

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    1. Oi Wander! Obrigado pelas colocações! É exatamente isso, é preciso "pensar fora da caixa" e apostar sempre em um educação pautado no multiculturalismo e no respeito aos outros povos e culturas, é este nosso papel como futuros professores de história. Abraços (Guilherme Barbosa e Andresa Fernanda).

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  5. Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelo texto.
    Sou professor de História no Ensino Básico, séries finais e trabalho com antigas civilizações. Nos últimos anos venho me aventurando com o uso de Histórias em Quadrinhos (dentre estas incluindo os mangás) para buscar abordar diferentes questões culturais do oriente, incluindo Índia e China. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre o uso de mangás para aproximar estas civilizações dos estudantes brasileiros, ou seja, fazer dos mangás um recurso pedagógico para provocar reflexões sobre os diferentes saberes e culturas do passado (China e Índia, principalmente). Um dos maiores desafios que enfrento é justamente não cair em estereótipos, contribuir para que o estudante brasileiro consiga identificá-los e superar preconceitos e ideias pré-concebidas a respeito de civilizações antigas. Novamente parabéns pelo texto e pelo trabalho desenvolvido.

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    1. Olá Fabian! Obrigado pela pergunta. Nós acreditamos sim que os mangás podem ser usados em sala de aula, a proposta é interessante... Porém, a questão que levantamos é a seguinte: é preciso preparar melhor os professores para esta recepção e acima de tudo colocar os estudantes para problematizar esses recursos, o cuidado maior é para que os alunos e alunas não "fantasiem" essas civilizações e criem ainda mais estereótipos sobre o tema, por isso, é preciso selecionar bem...
      Abraço
      Guilherme Barbosa e Andresa Fernanda

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  6. Muito bom texto.

    Hoje cada vez mais necessitamos aprender sobre Ásia, em um momento onde a China é considerada a segunda maior potência do mundo, batendo de frente com os EUA, fica claro que é necessário entender como essa sociedade foi se constituindo com o tempo. No entanto, sabemos que é muito difícil abordar tais temas em tão pouco tempo de aula. Minha pergunta é: será que é possível entre tantos conteúdos que precisam ser abordados, conseguir abordar também questões envolvendo países asiáticos, não necessariamente somente a China como no meu exemplo?

    Alessandro Henrique da Silva

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    1. Oi Alessandro. Agrademos a questão. São vários os conteúdos, pois nosso currículo é mal dividido e privilegia algumas sociedades em detrimento de outras, "por que aprender 500 anos de Europa e nem saber como se constitui as sociedades orientais" acreditamos que atribuímos pesos diferentes para distintos povos e relegamos as contribuições dos demais, porque essa é a lógica do "EUROCENTRISMO" e dos nossos currículos e matérias didáticos. Abraço (Guilherme Barbosa e Andresa Fernanda)

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Boa tarde, Guilherme e Andresa. Parabéns pela pesquisa. Nota-se o crescimento do preconceito e da xenofobia contra os povos do Oriente, principalmente, a China, devido a pandemia da COVID-19. Diante disso, de que forma o ensino de História das civilizações do Oriente (Índia e China) em sala de aula contribui para o desenvolvimento de uma consciência histórica na escola que possilita a valorização das antigas civilizações e o combate ao preconceito contra os países do Oriente?

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    1. Oi Mauricio. Obrigado pela questão. Acreditamos que nossa melhor arma é usar a história para a construção do pensamento critico, ensinando tolerância e respeito aos alunos, é preciso direcionar os debates para além da pandemia, os povos orientais são sujeitos históricos e têm inúmeras contribuições... Esse debate calcado somente na pandemia precisa ser revisto, porque por isso eles ganham visibilidade? Devemos ir além... Falar sobre a história e o legado desses povos.

      Abraço! (Guilherme Barbosa e Andresa Fernanda)

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    2. Boa noite. Obrigado pelas considerações. Abraços!

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  9. Parabéns pelo texto! Gostaria de saber se vocês podem indicar livros ou filmes que eu posso utilizar para trabalhar em sala de aula, pois a maioria dos que eu conheço são feitos a partir da perspectiva ocidental.

    Att,
    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Olá, Ana Paula. Essa pergunta é complexa... Pois, bem temos algumas indicações
      Recomendamos que você procure obras de Akira Toriyama ele é um autor japonês que possui inúmeros trabalhos com mangá e series de HQ.
      E sobre obras cinematográficas recomendamos o trabalho de Akira Korosawa
      Sobre livros sugerimos a coleção da Cambridge sobre história do Japão

      Esperamos ter ajudado!

      Atenciosamente

      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva



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  10. Olá, Andressa e Guilherme.
    Gostaria de somente questionar a cerca dessa questão de que "Sabemos também que é essencial o ato de ensinar história desde a infância à adolescência dos alunos". Me pergunto se não deveríamos entender primeiramente a questão Asiática na formação dos professores no nível acadêmico,para que o problema da escassez de conteúdos didáticos da história oriental seja tratado no seu princípio que é na formação dos professores!?
    -Dayane Gomes de Moura.

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    1. Olá Dayane!
      Sim, acreditamos que a questão da formação também é essencial e se da juntamente com os discentes.

      Abraço
      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  11. No artigo é posto que "[...]trabalhar por intermédio de filmes, fontes escritas, digitais é uma alternativa plausível que evitaria e muito a reprodução dos anacronismos e problemas conceituais presentes nos livros didáticos[...]". Nesse sentido, entende-se que as metodologias de utilização das fontes para o ensino de história são múltiplas. Dessa forma, como produzir condições para a qualificação de professores no ensino público em relação a metodologias de utilização das fontes citadas no artigo?
    - Paloma Fernanda Silva Barros

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    1. Olá Paloma, obrigado pela questão. Acreditamos que o "x" da questão é a formação continuada mesmo, os professores e a escola devem trabalhar em conjunto para oferecer cursos e oficinas.

      Esperamos ter respondido.

      Att

      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  12. Boa noite.
    Primeiramente parabéns pelo trabalho. Realmente acabamos passando o colégio e até mesmo na faculdade tendo uma ênfase muito grande em civilizações como Roma e Egito e deixando de lado o estudo de países como Índia e China. Vocês teriam algum documentário ou até mesmo alguma história em quadrinho referente aos povos orientais? Obrigada.
    Att. Patrícia Vieira

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    1. Oi Patrícia!

      Recomendamos as obras de Akira Toriyama ele é um autor japonês que possui inúmeros trabalhos com mangá e series de HQ.

      Abraço.

      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  13. Olá, Guilherme e Andressa, antes de tudo, parabéns pelo excelente texto.

    Confesso que trabalhar a temática da História do Oriente (abarcando a China, a India e outras civilizações orientais) tem sido muito vago. Além das referências mencionadas em vosso texto, quais outras referências vocês poderiam me indicar para um possível trabalho sobre essa temática com meus alunos da educação pública?

    Anderson Gonçalves do Nascimento Sousa

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    1. Oi Anderson. Obrigado pela questão

      Recomendamos os próprios trabalhos deste evento, aqui é um excelente canal pra conhecer outras referencias.

      Abraço.


      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  14. Parabéns, Guilherme Barbosa e Andresa Silva. O texto de vocês permite muitas reflexões sobre a articulação entre História oriental e ensino de História. Tenho uma dúvida: Trabalhar com fontes em sala de aula pode ser um tanto desafiante, no sentido de que o/a professor/a precisa ajudar os alunos a entenderem que a fonte não pode ser encarada como um simulacro do real. Nesse sentido, gostaria de saber como vocês problematizaram as fontes históricas em sala de aula ao trabalhar com os assuntos sobre a China e a Índia?
    Mais uma vez, parabenizo vocês pelo texto.
    Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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    1. Oi Raimundo! Obrigado pela questão

      Nós trabalhamos com as fontes numa perspectiva dialogada e conjunta, convidando os alunos ao debate em "U" e assim dando espaço para que os mesmos debatam. Projetar as fontes e ir fazendo observações também é uma boa dinâmica.

      Abraço.

      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  15. Ótima reflexão de vocês, parabéns Guilherme e Andresa, realmente, os livros didáticos não nos ajudam no enfrentamento dos preconceitos contra os povos orientais. Além disso, por mais que tenham fontes, geralmente, as pessoas não sabem como utiliza-las bem, a usam de forma superficial e acabam não explorando todo o potencial da fonte. Para vocês, como poderíamos reverter essa situação?

    Izabela Ramos Bispo

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    1. Oi Izabela. Obrigado pela questão!

      Acreditamos que fazer as aulas de forma dialogada é o ponto mais interessante, apresentar as fontes e ir registrando a observação dos alunos é o ideal, além disso fazer o trabalho de explicar como trabalhar e interpretar as fontes deve aparecer, para que assim não tenhamos margem para "interpretações superficiais" .
      Esperamos ter ajudado.

      Abraço


      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  16. Boa tarde!
    Primeiramente parabenizo-os, pela escrita articulada, entendível, e de fácil compreensão. Diante disso, tenho um questionamento pertinente: de que maneira, podemos conduzir e estender o debate proposto por vossas senhorias, à nível acadêmico, tendo em vista, que o currículo hegemônico dos cursos de História (sobretudo, licenciatura), é pautado em um viés eurocêntrico?
    Desde já, grato!
    Att.,
    Maykon Albuquerque Lacerda

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    1. Boa noite, Maykon! Obrigado pela questão. Pensamos que o debate na academia deve ser feito por obras essências como de Dull e Begley, dê uma pesquisada nesses autores, é uma boa pedida para as disciplinas de antiguidade oriental, por exemplos. Abraço (Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva)

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  17. Excelente artigo sobre as limitações do ensino de história das antigas civilizações do extremo oriente – China, Índia e Japão.
    Por certo todos os recursos didáticos são bem vindos, mas pergunto o que devemos fazer em termos de currículo e política pública educacional para alterar esse quadro e incentivar o olhar pedagógico para o ensino da cultura antiga do oriente, extremo oriente e também da África, importantes para compreendermos que a história não se caracteriza por uma única versão?
    Paulo Malta de Albuquerque Maranhão Junior

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    1. Oi Paulo! Obrigado pela questão.
      Sua pergunta nos fez refletir sobre todas as políticas que passam a educação... Tal como é a lei 10.639/03 que garante a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira, assim como a própria BNCC que prevê o ensino de culturas orientais... Apesar de todos os seus limites e problemas
      Cremos que é necessário se apropriar dessas armas também, as políticas públicas são importantes para reafirmar o que é direito nosso enquanto professores trabalhar em sala de aula....

      Esperamos ter ajudado

      Abraços

      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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  18. Parabéns pelo ótimo texto, Guilherme e Andresa! Eu, como professor de História numa rede pública de ensino fundamental no interior de São Paulo há 8 anos, percebo claramente como as civilizações do extremo oriente são renegadas ao esquecimento ou a simples notas de rodapé nos currículos e livros didáticos. Com a implementação da BNCC essa questão até avançou, visto que essas civilizações ganharam mais espaço no currículo e nos livros, porém ainda muito pequena se comparada a História europeia. E acho isso lamentável, pois Índia e China são dois países em plena ascensão econômica e influência mundial, fazendo parte do BRICS como o nosso país e com semelhanças bem claras com o Brasil na desigualdade social, passado histórico de colonização e exploração de riquezas naturais, problemas políticos, entre outros. Acredito que, pensando em século XXI e suas novas formas de organização geopolítica global, estudarmos mais amplamente a História da Índia e da China seja primordial. Sendo assim, queria deixar uma reflexão a vocês: Diante de tantas fake news e demonstrações de xenofobia e ignorância em relação a cultura e costume alimentar dos chineses que vimos ao longo dessa pandemia do novo coronavírus aqui no Brasil e em boa parte do mundo ocidental, um ensino mais robusto de História do extremo oriente poderia contribuir para, aos poucos, acabarmos com esses preconceitos, estereótipos e ignorância tão presentes nesse lado do planeta? E vocês também acreditam que todo esse preconceito e desconhecimento em relação a eles se deve a este histórico de deficiência no ensino de História oriental?

    Oscar Martins Ribeiro dos Santos

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    Respostas


    1. Oi Oscar
      Ótima questão, obrigado por perguntar!

      Com certeza, falar mais do oriente em sala de aula evitaria e muito a reprodução destes discursos de ódio... É preciso saber mais sobre o "outro", e reconhecer esse povos como sujeitos que contribuiram e contribuem para a história.
      Realmente essa nova onda de notícias falsas e xenofobia dificultou o processo... Mas ai é que entra a cooperação da escola e do professor e das políticas para a consolidação de um ensino crítico, que faça o aluno questionar, apontar de forma segura
      usando dados, fontes, informações que irão nos enriquecer em conhecimento e aprendizado.

      O caminho é árduo
      Mas é o começo!

      Abraço

      Guilherme Augusto Pereira Barbosa e Andresa Fernanda da Silva

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