Guilherme Babo Sedlacek

 

MONOGATARI: ENSINO DE HISTÓRIA MEDIEVAL DO JAPÃO ATRAVÉS DA LITERATURA


 

Este artigo se propõe a apresentar algumas reflexões e resultados iniciais de uma pesquisa sobre a história medieval do Japão, em perspectiva comparada com a Europa, que subsidie o ensino desta temática para as turmas Ensino Médio. A metodologia da história comparada orienta a investigação das fontes históricas, entre as quais se destacam dois conjuntos de obras da literatura japonesa medieval: romances de corte em língua vernácula e crônicas militares em estilo anedótico, ambos com fundo moral budista. A originalidade e o caráter inovador da pesquisa residem no fato de oferecer contribuições para superação da visão eurocêntrica e estereótipos nos estudos de história medieval, apresentar uma abordagem interdisciplinar com a literatura e ainda preencher lacunas sobre a história asiática nos currículos escolares e materiais didáticos.

 

Literatura e ensino de História Medieval

Existe uma grande distância nos separando do mundo medieval, tanto na Europa Ocidental quanto no Japão. Porém, distanciamento ainda  maior que o tempo ou o espaço nos são colocados pelos mitos a respeito deste período, sobretudo, aquele que o interpreta como a “Idade das Trevas” e que foi construído entre o Renascimento e o Iluminismo, como argumenta Hilário Franco Júnior [2001]. Por outro lado, o autor destaca que o estudo do Medievo europeu avançou muito no último século, sendo o carro-chefe na proposição de temas, métodos, revisão de conceitos e diálogo interdisciplinar. No entanto, isso não se traduziu em práticas e materiais de ensino de história medieval no Brasil que evitassem reproduzir estes mitos sobre o período.

A constatação de que a Idade Média vem sendo estudada e ensinada nas universidades e nas escolas a partir de um ângulo fundamentalmente rural levou Carlos Mário Paes Camacho [2008] a pesquisar as representações da cidade medieval nos livros didáticos de História no Ensino Médio brasileiro. O autor tem como objetivos o questionamento de estereótipos que ainda vigoram sobre o período. Sobretudo, o estímulo à percepção de que a Idade Média, apesar de predominantemente rural, conheceu uma vida citadina marcada por um grande dinamismo e desenvolveu uma vigorosa cultura urbana.

Camacho questiona o papel dos livros didáticos em reproduzirem os mitos e estereótipos sobre o Medievo. Ao priorizar estudos sobre o mundo rural medieval, “não estaríamos fomentando o mito historiográfico Idade Média, como ‘Idade das Trevas’ ?” [Camacho, 2008, p. 15]. Após investigar os livros didáticos de História produzidos nas décadas de 1980 a 2000, o autor constata que “as representações realizadas sobre a cidade no medieval nos manuais examinados ainda privilegiam as funções econômicas, notadamente as que dizem respeito ao comércio”, “comprometendo assim a percepção da dinâmica e pluralidade da vida cultural das cidades medievais” [Ibid., p. 16].

Para nos aproximarmos desse mundo hoje tão distante e conseguirmos compreender a visão de mundo e o pensamento filosófico dos homens daquela época, a literatura pode ser uma ferramenta bastante útil. Além do mais, o estudo da História do Japão medieval pode ser feito a partir de muitos textos literários da época que foram preservados até os dias de hoje e se encontram cada vez mais acessíveis por conta de traduções e edições digitais. Os primeiros monogatari que são objeto desta pesquisa, retratam uma sociedade de corte, a vida agitada na capital, os rituais e cerimoniais, enfim, a cultura urbana medieval que não está presente nos livros didáticos nem com relação à Europa. Ao estudar que um país predominantemente rural que desenvolveu uma vigorosa literatura em língua na corte, tanto em língua vernácula quanto em chinês clássico, o contraponto do Medievo japonês mostra-se muito oportuno para a desconstrução do paradigma “Idade das Trevas”. Isso nos leva ao problema da relação entre literatura e história, em especial no âmbito da educação e das práticas interdisciplinares:

“As duas narrativas - a histórica e a ficcional - são como vizinhas: compartilham elementos de construção, têm vista para horizontes próximos, trocam informações e confidências, preocupam-se com problemas parecidos e se visitam regularmente” [Pinto; Turazzi, 2012, p. 13-14].

Alguns cuidados devem ser tomados, no entanto. A facilidade da obra literária em aproximar o leitor ao período representado também pode o cegar para outros elementos do texto e para o exercício da ficção, deixando-se levar pela denúncia em textos fortemente posicionados. “Além disso, é bem mais comum a alusão indireta, que, lançada no texto, depende da argúcia do leitor para ser entendida” [Ibid., p. 32].

Nesse sentido, é necessária uma boa leitura e mapeamento do texto pelo professor, assim como a elaboração de um bom roteiro de leitura para as turmas. As aulas ou materiais didáticos que preparem os estudantes para o estudo da História a partir de obras literárias precisam prever uma boa contextualização da sociedade da época, dos atores sociais presentes ou omitidos na ficção, do viés representado pelo posicionamento de personagens ou mesmo do autor.

 

História comparada e ensino de História Medieval

Considero extremamente frutífera a perspectiva de história comparada entre o Oriente e o Ocidente para o estudo do Medievo. Embora não se trate de forma alguma de uma novidade, praticamente não foi explorada no Brasil, seja em pesquisas acadêmicas ou no ensino de História. Numa conferência para um público de medievalistas, inicialmente publicada em 1928, Marc Bloch já apontava para a premência da generalização e do aperfeiçoamento do método comparativo para os estudos históricos, indicando duas condições para a comparação histórica: uma certa semelhança dos fatos observados e uma certa dessemelhança entre os meios sociais onde tiveram lugar [Bloch, 1998, p.121].

Para Marc Bloch, a comparação é suscetível de duas aplicações que diferem quanto aos princípios e resultados: a) o estudo de sociedades separadas no tempo e no espaço por distâncias tais que as analogias observadas de um lado e do outro não possam ser explicadas por influências mútuas ou origens comuns; ou b) o estudo de sociedades vizinhas e contemporâneas [Ibid., p. 122-123]. No caso da pesquisa proposta, é a primeira aplicação que se diz pertinente, pois, apesar de não serem propriamente separadas no tempo, as sociedades medievais da Europa Ocidental e do Japão estão separadas por uma grande distância, não apresentam sincronismo, origens comum, nem influência mútua que explique as analogias.

Um aspecto de grande relevância para o desenvolvimento de pesquisas sobre a história medieval asiática é a possibilidade de estabelecer um contraponto à história medieval europeia. Nesse sentido, são particularmente interessantes as semelhanças da história medieval na Europa e no Japão. Assim como a Europa Central e Setentrional é herdeira de uma civilização latina e passou por um processo de cristianização durante a Idade Média, o Japão é herdeiro de uma civilização chinesa e passou por um processo de conversão ao budismo no mesmo período. Assim como na Europa, o Japão assistiu no período medieval à formação de um sistema econômico feudal e uma rígida hierarquização social. A história comparada pode ser desenvolvida de forma muito rica: entre as sociedades de ordens [europeia] e de castas [japonesa]; entre a fragmentação política feudal [europeia] e a dos clãs militares japoneses [uji]; entre as relações do papado ou das monarquias com as ordens religiosas cristãs e as relações da Corte Imperial nipônica ou do xogunato com os grandes templos Budistas; entre a escatologia cristã baseada no Apocalipse e a budista, centrada na ideia de mappō.

Vistas as semelhanças entre os fatos observados, cabe então destacar a dessemelhança entre os meios sociais em que tiveram lugar. Esta dessemelhança reside, sobretudo, no processo de transição entre a Antiguidade e o Medievo, na formação do feudalismo, sua evolução e duração. Também pode-se destacar um maior sincretismo religioso entre os cultos nativos [xintoísmo] e a religião trazida por missionários [budismo] e a ausência de qualquer ideia análoga à heresia ou mesmo de um processo equivalente às Inquisições ou às Cruzadas. Estes aspectos podem ser estudados a partir de um roteiro de leitura e uma seleção de textos de época comentados, analisados em aula e debatidos em conjunto com a turma.

Além disso, o que é extremamente relevante para o trabalho com literatura de época, a sociedade japonesa apresentava um número bastante elevado de pessoas alfabetizadas, até mesmo mulheres, em comparação com a Europa medieval, sobretudo, na corte imperial. Tal fato marcou a cultura urbana japonesa do Medievo: homens e mulheres trocavam correspondências e poemas assiduamente, liam romances, crônicas históricas e antologias de textos clássicos da cultura continental.

 

O Medievo na Europa Ocidental e no Japão

Vimos que aspectos importantes da história medieval, como a cultura urbana, são preteridos nos livros didáticos por um enfoque nas relações comerciais das cidades medievais. Por outro lado, identifica-se uma notável carência com relação à história medieval asiática, tanto nos livros didáticos quanto nos currículos escolares. Na Antiguidade e na Idade Média, praticamente resume-se a Ásia ao Oriente Médio, região de contato mais intenso com a Europa [Babilônia, Pérsia, Império Árabe]. O eurocentrismo é reforçado no estudo da Modernidade e da Contemporaneidade, com a dominação colonial e imperialista. Isso tem como consequência uma reprodução do senso comum de associar a história do período medieval à história da Europa. Além de ser vista como “Idade das Trevas”, para muitos estudantes permanece a impressão de que apenas os povos europeus têm uma história relevante de ser estudada neste período.

Vimos que as dessemelhanças entre Europa Ocidental e Japão  o Medievo poderiam ser identificadas em questões relativas a periodização histórica, como a transição entre a Antiguidade e o Medievo. Na história do Japão, a Antiguidade costuma ser delimitada entre o surgimento da unidade política do período Yamato [c. 300-710] e o final do período Nara [710-784]. Depois, o Japão viveu o período Heian [794-1185], que acabou com a Guerra Genpei e o início do chamado bakufu. O período Medieval no Japão é geralmente situado entre o final do século XII e o do XVI, durante os xogunatos dos Minamoto [período Kamakura - 1185-1333] e dos Ashikaga [período Muromachi, 1336-1573]. Tal periodização é bastante útil para a compreensão das especificidades da história japonesa, mas não para fins de comparação com a Europa. Assim, para este estudo do Medievo no Japão foi definido o recorte  que compreende os períodos Heian e Kamakura, isto é entre os séculos X e XIV, quando os monogatari que servem como fontes literárias para o estudo foram produzidos.

Comparando os processos de transição entre Antiguidade e Medievo, vemos que no caso do Japão, não houve uma crise estrutural como a enfrentada pela Europa na desarticulação do Império Romano. Georges Duby [2002] destaca que nesse momento a própria ideia de Europa não existia, pois foi em torno do Mediterrâneo que se organizou o Império Romano. Para o autor, houve entre os séculos V e VIII um duplo movimento de desarticulação desse mundo. Em primeiro lugar, deu-se o afastamento progressivo entre a parte latina [Ocidente] e a parte grega [Oriente] do antigo Império Romano. O segundo sentido do movimento de desarticulação destacado por Duby é interno ao Ocidente. Assim, durante a Primeira Idade Média houve, no Ocidente, um progressivo enfraquecimento político da região mediterrânea e o fortalecimento da Europa Central, ao mesmo tempo em que o centro comercial marítimo era deslocado do Mediterrâneo para o mar do Norte, como consequência das invasões germânicas e árabes dos séculos V a VIII. Esse momento é marcado pela integração entre herança latina, cultura germânica e cristianismo e pelo surgimento de uma nova civilização [Duby, 2002; Franco Jr., 2001].

Por sua vez, o Japão não teve sua passagem da Antiguidade para o Medievo marcada por invasões externas e a fragmentação de uma antiga unidade política. Pelo contrário, a desagregação do Império Chinês, governado sob a dinastia Han [séculos III a.C. a III d.C.], e as consequentes guerras civis e invasões “bárbaras” [séculos III a VI d.C.] levou a ondas migratórias de chineses e, sobretudo, coreanos se mesclarem a clãs nativos do arquipélago japonês, contribuindo para a consolidação da primeira unidade política do país. Surgia então, na planície de Yamato, a primeira unidade política japonesa, comandada pelos sacerdotes-chefes xintoístas.

As crenças religiosas do período, ou Shinto [“o caminho dos deuses”], estavam centradas na adoração da fertilidade e nas maravilhas e mistérios da natureza [kami]. Os sacerdotes-chefes Yamato se transformaram em uma linhagem imperial, fonte sacerdotal de autoridade política ao longo da história japonesa. Em 552, houve a introdução oficial do budismo na corte Yamato, vindo de Paekche, reino no sudoeste da península da Coreia. Na segunda metade do século VI, estouraram conflitos entre facções no Japão que, uma disputa entre os principais grupos de uji pelo domínio da corte Yamato e seus sacerdotes-chefes que assumiu contornos religiosos. Em 587, o uji pró-budista Soga conquistou a vitória e impôs seu domínio sobre a corte, o que marcou um período de aceleração na adoção dos padrões chineses de sociedade, política e administração. O budismo ganhou força na nova capital - Nara - e desfrutou de maior proteção oficial do governo do que os cultos xintoístas nativos, mas permaneceu muito mais fraco nas províncias [Reischauer, 1989, p. 16-19].

Ainda assim, o imperador continuou a ser sagrado e sacerdote-chefe do xintoísmo. . Assim, a partir de finais do século VI, o Japão vive o período de maior aprendizagem da cultura continental. Entre 600 e 838, embaixadas periódicas foram enviadas à China [Ibid., p. 19]. O sistema político e administrativo do século VIII, ritsuryō, foi marcado pelo confucionismo e pelo legalismo chinês, oferecendo a estrutura para o sistema de corte japonês - categorias, ministérios e universidade [Shirane, 2016, p. 96]. Até que, em meados do século IX, uma sutil mudança começou a ocorrer na atitude japonesa em relação à China, marcando o surgimento de uma nova cultura nativa.

 

Monogatari: romance ficcional e crônica militar no Japão medieval

Uma das principais características dessa nova cultura nativa que emergiu foi o desenvolvimento, entre os séculos IX e X, de maneiras adequadas de escrita japonesa, através dos silabários, o que originou também uma literatura na língua nativa na forma de histórias, diários de viagens e ensaios escritos em japonês. No entanto, seria em finais do século X e princípios do XI que podemos situar a era de ouro do primeiro florescimento da prosa japonesa. Assim, é no final do período Heian e ao longo dos períodos Kamakura e Muromachi que se desenvolvem tanto o feudalismo no Japão quanto as tradições literárias que são fontes valiosíssimas para estudo da história do Medievo japonês: romances cortesãos e crônicas militares.

Provavelmente, o mais célebre e influente desses romances é Genji monogatari, escrito por Murasaki Shikibu nas duas primeiras décadas do século X. Ao longo dos 54 capítulos que narram a vida pessoal e trajetória na corte do “Príncipe Resplandecente” Genji e seus descendentes, o princípio da impermanência [mujō] de tudo no mundo é um tema recorrente, assim como a ideia de fazer os votos monásticos e tonsura para “abandonar o mundo” é manifesto por diversos personagens. Assim, o livro oferece rico material para o ensino sobre diversos aspectos do Medievo japonês ligados à sociedade de corte do período Heian, como os cerimoniais, a cultura literárias chinesa, as manifestações artísticas, os princípios do budismo, o universo feminino.

Outro aspecto interessante é, a partir das representações literárias de Genji monogatari, ter a possibilidade de estudar elementos centrais do sistema político da época. O início do período Heian assistiu ao declínio político dos clãs que controlavam o ritsuryō durante o período Nara, sendo gradualmente suplantados por setores da que controlavam as categorias de nobreza [kugyō], entre os quais se destacam os Fujiwara e os Minamoto. Ao final do século X, um ramo do clã Fujiwara passou a controlar o trono pelo sistema sekkan [regência]. Casando suas filhas com os imperadores e governando como regentes dos netos imperadores, desenvolveram privilégios similares aos de imperadores adultos [Shirane, 2016, p. 95].

Ao longo dos séculos XI e XII, um sistema de propriedade privadas [shōen] substituiu o ritsuryō, dando origem a uma nova sociedade marcada pelo papel político crescente das províncias e da classe militar [bushi]. As crônicas militares sobre a as guerras e episódios ligados à origem do bakufu, ou gunki monogatari [“contos de crônicas de guerra”], oferecem rico material para explorar esses aspectos do Medievo japonês. Destaca-se nesse subgênero a obra Heike monogatari, uma longa narrativa existente em diversas variações, derivadas de tradições orais, performáticas e escritas, cuja edição principal data de 1371. Através de um estilo anedótico que narra a ascensão e queda de Taira Kiyomori e do clã guerreiro Heike, o texto desenvolve conceitos budistas como o princípio da impermanência e a doutrina da retribuição cármica - inga ōhō [Bialock, 2016]. Além disso, como os demais textos deste subgênero, não destaca apenas o mundo da corte e da aristocracia, mas também das províncias e da classe guerreira.

Cabe, assim, ao professor, estar atento às potencialidades e especificidades das fontes literárias, levando os estudantes a compreender como é possível, a partir de uma narrativa ficcional, identificar verossimilhanças e distanciamentos em relação aos processos históricos. Da mesma forma, é possível desenvolver a capacidade de analisar como a literatura, ao mesmo tempo, é fruto de uma cultura, de um determinado período histórico, e a modifica, transforma a experiência estética e a memória histórica.

Os monogatari que estão sendo investigados para uso didático e que foram brevemente analisados aqui nos permitem desconstruir estereótipos sobre o Medievo, preencher lacunas sobre história do Leste Asiático nos currículos escolares e desenvolver habilidades de compreensão de narrativas ficcionais e históricas. Além disso, ensinar a história do Japão através dos monogatarai não é falar apenas sobre o Medievo. Os personagens de Genji e Heike foram relidos, adaptados e ressignificados ao longo da história japonesa, nas apresentações de monges menestréis [biwa-hōshi], nos pergaminhos ilustrados [e-maki], no teatro nō, no kabuki, nas edições impressas e ilustradas, chegando aos dias de hoje em diversas produções para a TV e o cinema, nos anime e nos mangá.

 

Referências

Guilherme Babo Sedlacek é professor de História no Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Xanxerê e doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo.

 

BIALOCK, David T.. “The Tales of Heike”. In SHIRANE; SUZUKI; LURIE (ed.). The Cambridge History of Japanese Literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2016, p. 295-305.

BLOCH, Marc. “Por uma história comparada das sociedades europeias”. In: Idem. História e Historiadores. Lisboa: Teorema, 1998, pp. 119-150.

CAMACHO, Carlos Mário Paes. As representações da cidade medieval nos livros didáticos de História do Ensino Médio brasileiro. Dissertação [Mestrado em História]. Vassouras, 2008. Universidade Severino Sombra.

DUBY, Georges. “Séculos V-X”. In DUBY, G. e LACLOTTE, M. História Artística da Europa: A Idade Média, Tomo I. Tradução de Mário Dias Correia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002, p. 18-39.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. 2ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Brasiliense, 2001.

PINTO, Júlio Pimentel; TURAZZI, Maria Inez. Ensino de história: diálogos com a literatura e a fotografia. São Paulo: Moderna, 2012.

REISCHAUER, Edwin O. Japan: the story of a nation. 4th edition. New York: Alfred A. Knopf, 1989.

SHIRANE, Haruo. “Introduction: court culture, women and the rise of vernacular literature”. In SHIRANE; SUZUKI; LURIE (ed.). The Cambridge History of Japanese Literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2016, p. 95-101.

7 comentários:

  1. Primeiramente parabéns pelo texto. Acredito que não somente para o ensino de História, a literatura japonesa pode trazer novas visões de mundo para compreensão do mundo. Possuem potencialidades que gostaria de ter tido a oportunidade de ler durante meu ensino fundamental/médio. Tendo em vista a pouca quantidade de conteúdos de História do Japão nos livros didáticos seria possível numa espécie de "subversão" da forma de se estudar História ao incluir essas fontes em sala de aula?
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Matheus. Agradeço a leitura e apreciação do texto. Eu também nunca tive contato com a história do Japão em minha formação no Ensino Fundamental ou Médio. Nem na graduação em história tive oportunidade de cursar alguma disciplina sobre história do Extremo Oriente. Por isso, hoje estou tentando fazer exatamente essa "subversão" do estudo e ensino tradicionais de História ao desenvolver essa pesquisa aplicada. Inicialmente, estou trabalhando o Medievo japonês de forma comparada com a Europa Ocidental nas turmas de Ensino Médio do IFSC Xanxerê. Tenho por objetivo produzir materiais didáticos que incluam esses textos literários e os discutam como fontes para o estudo de História.

      Excluir
    2. Olá, Matheus. Agradeço a leitura e apreciação do texto. Eu também nunca tive contato com a história do Japão em minha formação no Ensino Fundamental ou Médio. Nem na graduação em história tive oportunidade de cursar alguma disciplina sobre história do Extremo Oriente. Por isso, hoje estou tentando fazer exatamente essa "subversão" do estudo e ensino tradicionais de História ao desenvolver essa pesquisa aplicada. Inicialmente, estou trabalhando o Medievo japonês de forma comparada com a Europa Ocidental nas turmas de Ensino Médio do IFSC Xanxerê. Tenho por objetivo produzir materiais didáticos que incluam esses textos literários e os discutam como fontes para o estudo de História.

      Excluir
  2. [Desculpe colar novamente a resposta, mas o navegador não está registrando meu login por algum motivo.]

    Olá, Matheus. Agradeço a leitura e apreciação do texto. Eu também nunca tive contato com a história do Japão em minha formação no Ensino Fundamental ou Médio. Nem na graduação em história tive oportunidade de cursar alguma disciplina sobre história do Extremo Oriente. Por isso, hoje estou tentando fazer exatamente essa "subversão" do estudo e ensino tradicionais de História ao desenvolver essa pesquisa aplicada. Inicialmente, estou trabalhando o Medievo japonês de forma comparada com a Europa Ocidental nas turmas de Ensino Médio do IFSC Xanxerê. Tenho por objetivo produzir materiais didáticos que incluam esses textos literários e os discutam como fontes para o estudo de História.

    ResponderExcluir
  3. Olá professor Guilherme, primeiramente parabéns pelo texto, muito provocativo e ao mesmo tempo gratificante, como graduanda em história posso dizer que mesmo em ambiente acadêmico a abordagem da história oriental ainda é incipiente, no ensino médio essa deficiência é ainda maior, e o ensino de história medieval tende a se resumir ao feudalismo da região do Reno-Loire, um reducionismo que afeta até mesmo a compreensão de tempo histórico por parte dos alunos, é como se a Antiguidade clássica acabasse de repente com a 'morte' do Império Romano, resultando instantaneamente na organização social do feudalismo europeu, rural e cristã, que monopoliza a relevância histórica e geográfica de um período de quase 10 séculos.
    A proposta de trabalhar o medievo oriental, em especial o japonês é louvável, e pode contribuir para quebrar esse padrão que empobrece o ensino de história medieval. Apesar da boa vontade dos professores, um desafio permanece, de ordem prática e burocrática, a falta de espaço e tempo para abordar temas transversais na limitante determinação dos temas estabelecidos nos currículos escolares nacionais. Outra, a talvez dificuldade que possam enfrentar os professores para trabalhar fontes históricas, mesmo que literárias, com alunos do ensino básico, que convenhamos, mal costumam se familiarizar com os próprios livros didáticos. O campo do medievalismo se destaca por ter assumido nos últimos anos uma postura subversiva e plural metodologicamente falando, e é uma perspectiva animadora que essa tendência siga para o campo do ensino básico.
    Grata.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esqueci de assinar.
      Atenciosamente, Pâmella Holanda Marra.

      Excluir
  4. Pâmella, antes de mais nada também agradeço a tua leitura e apontamentos. Contribuir para a superação do reducionismo a que você se refere é exatamente o objetivo desta pesquisa. Reducionismo que não superamos ainda nem com relação ao Medievo europeu, quanto mais sobre a história oriental.
    Gostei de você ter colocado estes problemas, que me provocam a pensar questões que são realmente relevantes no trabalho docente. Vou usar minha experiência pessoal para ilustrar essa questão. Sou responsável por ministrar aulas de História para os três anos do Ensino Médio nos cursos técnicos do IFSC Xanxerê. tenho apenas dois tempos de aula no primeiro ano, um tempo de aula no segundo ano e um tempo de aula no primeiro semestre do terceiro ano. É muito pouco tempo e não tenho como pretender "dar conta de todo o conteúdo". Tenho que operar com recortes de eixos temáticos e seleções de conteúdos. O caminho vislumbrado por mim foi exatamente trabalhar a partir de temas transversais. Os professores de Ciências Humanas definiram temas ligados aos PCN ou definidos por nós mesmos. Essa pesquisa está relacionada ao tema transversal "Relações de Poder", trabalhado em História, Geografia, Filosofia e Sociologia de forma concomitante. Esse tema transversal se desdobrou em História como eixo temático "História Política da Religião e da Ciência". O estudo da política japonesa e suas relações com religião e a ciência permitem uma comparação rica com as mesmas questões do Medievo europeu. Acredito que os temas transversais precisam ser vistos como soluções para a organização curricular, não como problemas, e devem ser priorizados em relação aos conteúdos (estes devem ser selecionados a partir do tema).
    Já a dificuldade de trabalhar com fontes literárias é algo contra o que venho lutando há algum tempo. Muitos estudantes ainda resistem, mas percebo que há uma número crescente de estudantes de Ensino Médio que têm prazer em ler e que se interessam muito por sugestões de livros ligados à temática de estudo. Isso é um problema maior com relação ao Japão, pois poucas fontes literárias japonesas (que são abundantes) foram traduzidas para a língua portuguesa. Daí a necessidade que estou enfrentando em traduzir trechos de alguns livros para uso didático, ou de seleção de contos curtos para serem totalmente traduzidos. O Konjaku monogatari shu é uma coletânea de textos curtos que têm origem na tradição oral. Estes textos também apresentam a possibilidade de narração de uma tradução livre pelo professor, que ainda aproveita para desenvolver essa relação entre texto escrito e falado. Seja em sala de aula esse momento de contação de histórias, seja via gravação de áudio ou podcast, isso é mais fácil e viável para o professor do que traduzir e revisar um texto de forma escrita.

    Atenciosamente, Guilherme Babo Sedlacek.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.