Kelvin Oliveira do Prado

 

ISLAMOFOBIA, ORIENTALISMO E EPISTEMOLOGIA


 

A Ocidentalização

As conexões surgidas com a monarquia católica ibérica, isto é, conexões entre o cristianismo, o islão e as “idolatrias” (religiões da Mesoamérica, África e Ásia) assim denominadas pelo historiador francês Serge Gruzinski (2007), formariam a mundialização ibérica, na qual surge a modernidade (canônica e europeia) e o que ele denomina como ocidentalização, ou seja, o que era europeu tornou-se ocidental, cujos produtos e herdeiros seriam os países da América Latina.

Nesse sentido, há a realização de um projeto grego e cristão, sendo o globo salvo por uma única divindade, habitado por uma mesma humanidade e na qual um projeto metafísico passa a ser terrestre. De início, os muçulmanos foram os pioneiros nessa mundialização, sendo despojados em favor do projeto euro-ocidental dos ibéricos. Assim, o ideal é evitarmos o eurocentrismo na análise, é nesse sentido que temos o conceito de “histórias conectadas”, elaborado pelo historiador indiano Sanjay Subrahmanyam, compreendendo conexões entre histórias distintas.

É assim que, partindo da visão complexa, podemos entender construções de visões hegemônicas. Antonio Gramsci observou (1999) as significações do problema da realidade do mundo exterior com as noções de “Oriente” e “Ocidente”, que não deixam de ser “reais”, ainda que sejam uma “construção” convencional, ou seja, social e historicamente produzida, estes termos se cristalizaram pelo ponto de vista das classes cultas europeias, que, através de sua hegemonia mundial, fizeram com que fossem aceitos por toda parte. Sendo assim, Gramsci demonstra que o Japão é Extremo Oriente não só para a Europa, mas talvez para o próprio japonês, o qual, através da cultura política inglesa, poderá chamar o Egito de Oriente Próximo. 

Ademais, ainda há o indivíduo americano, que pode ter essa visão, e é aqui que lembramos ainda da mundialização com Gruzinski, já que, segundo ele, a América seria como uma extensão da Europa ibérica. Gramsci nota que as expressões Oriente e Ocidente terminaram por indicar relações entre conjuntos de civilizações diversas. Portanto, falando do Marrocos, os italianos o apontarão como um país “oriental” para se referirem à civilização muçulmana e árabe (p. 137-138). Logo, com motivações de repulsa para com povos e culturas, os mesmos passam a ser encarados como iguais no tempo e no espaço, ou seja, como inimigos permanentes. É com a observação da conformação da América que podemos entender, de forma complexa, as formas de ver o “outro” e a própria epistemologia e captação da realidade.

A relação entre o mundo islâmico e o Ocidente é marcada por conflitos desde o estabelecimento dos mouros na Península Ibérica, passando pela sua expulsão pelos reis católicos, chegando nas Cruzadas e aos interesses europeus em regiões do Oriente Médio, o resultado das Cruzadas foi contrário aos desígnios do papado, porque os cruzados cristãos aprenderam que os islamitas cultivavam as ciências, as artes e a filosofia, assim como como lembra Aimé Césaire (1978), a ideia do negro “bárbaro” é uma invenção europeia, é a ideia que o Ocidente inventou da ciência e de que só ele saberia pensar, mas tínhamos a aritmética e a geometria com os egípcios, a astronomia com os assírios, a química entre os árabes e o racionalismo no seio do Islã.

 

Islamofobia

Fernando Bravo, estudioso das Sociedades Árabe-Muçulmanas, lembra que é difícil estabelecer a origem exata da palavra “Islamofobia”, mas o termo não é novo, pois no final do século XIX, uma série de autores detectam, na Europa, a presença de uma atitude que designaram com esse termo. Por exemplo, em 1891, o escritor francês Jules-Hippolyte Percher (1857-1895), falou da existência de “axiomas anti-muçulmanos”, de que “o muçulmano é o inimigo natural e irreconciliável do cristão” (LÓPEZ, 2010, p. 192). 

No cenário mais recente é no Reino Unido que a questão foi debatida após a publicação do relatório: “Islamofobia: um desafio para todos nós: relato da Comissão do Trust Runnymede sobre muçulmanos britânicos e Islamofobia”. Chris Allen (2010), acadêmico com estudos sobre o tema, alerta que o termo não deve ser entendido como estático, mas em constante mudança. Diríamos que é uma atitude hostil para com adeptos do Islã, uma rejeição com história e características próprias e capaz de combinar-se, sendo uma atitude presente em pessoas de diversas ideologias e crenças, é uma mistura de intolerância religiosa e racismo.

Poderíamos considerá-la como semelhante ao antissemitismo, que não é racismo, é uma reação contra a emancipação e integração dos judeus na Europa do século XIX, baseada na ideia de que são uma ameaça (LÓPEZ, 2010, p. 197-198). Não obstante, Edward Said (2006) afirma que, na Europa do século XIX, o antissemitismo incluía judeus e árabes, e que a lógica imperialista na época de Joseph Conrad era o “fardo do Homem Branco”, e hoje é a “guerra do terrorismo”. Hannah Arendt (1989), nota que os judeus viviam como uma nação dentro de uma outra nação e que o moderno antissemitismo tinha causas políticas, não econômicas, enquanto que na Polônia e Romênia foram as condições de classe que geraram o ódio popular contra os judeus.

A Islamofobia acentuou-se após o 11 de setembro de 2001, a obra “Islamophobia Studies Jornal” (2012) analisa o termo em diversas perspectivas, como racismo, racismo cultural, orientalismo e como racismo epistêmico (aquele que considera como inferior o conhecimento não ocidental, é eurocêntrico e sexista, já que privilegia os homens desde sempre). O sociólogo porto-riquenho Ramón Grosfoguel (2012) afirma que nos últimos sessenta anos houve uma transformação em discursos racistas, ou seja, discursos em sentido biológico declinaram e o racismo cultural tornou-se a forma hegemônica de manifestação, é um racismo em que a palavra “raça” não é mencionada, o foco é a “inferioridade” cultural, enquadrado em termos de hábitos, crenças e valores (p. 13). Nesses discursos, a religião é nomeada como “bárbara”, então conseguem escapar da acusação de racismo, em tais circunstâncias a extinção do “outro” tem gerado não a dor aos que matam, mas um sentimento de proteção, e a propaganda, o discurso e a construção do medo são essenciais para isso.

O filósofo camaronês Achille Mbembe (2013) faz reflexões nessa perspectiva, afirmando que se assevera, agora, um “racismo sem raça”, que faz com que cultura e religião tomem o lugar da “biologia”, alimentando a Islamofobia. Nesse sentido, Mbembe diz que o africano “passa a ser negro” após a nomeação que os europeus fizeram no colonialismo moderno. Portanto, poderíamos pensar em várias outras formas existenciais as quais conhecemos por meio das denominações europeias, como demonstrado por Gramsci e Said, na figura do “oriental”, justamente porque é uma análise que engloba poder, já que o orientalismo abarca um poder intelectual, ele acompanha o domínio e a hegemonia, processo construído e que, portanto, formou nossa visão da realidade e nossas percepções, a linguagem acerca dos mundos distintos era construída por preconceitos ingénuos e sensualistas, formas de vida complexas são trazidas à pura simplicidade, são elaboradas pinturas, livros e obras que fornecem um imaginário de mistério e de tudo aquilo que a Europa não oferecia, o mesmo tinha ocorrido com a América, na perspectiva de lugar de figuras surrealistas que misturam medo, curiosidade e até desejo. Desse modo, os “outros” não são o que as pessoas são e pensam, mas o que os europeus querem que elas sejam e pensem.

Grosfoguel menciona que o privilégio epistêmico do “Ocidente” foi concretizado com a destruição de Al Andalus, com a monarquia católica espanhola e a expansão colonial desde o século XV, como lembrara Gruzinski, ou seja, o mundo foi renomeado com a cosmologia cristã, do Renascimento ao Iluminismo, a “verdade” e a “universalidade” seriam alcançadas, esse é o privilégio epistêmico ocidental. Dessa forma, as “outras” tradições de pensamento foram caracterizadas, no século XVI, como “bárbaras”, no XIX como “primitivas”, no XX como “subdesenvolvidas” e no início do XXI como “antidemocráticas”, como resultado, a teoria social ocidental baseia-se na experiência de 5 países (França, Inglaterra, Alemanha, Itália e Estados Unidos da América) o que é menos de 12% da população mundial (GROSFOGUEL, 2012, p. 21). Ele afirma, ainda, que o islamismo foi a primeira religião a reconhecer os direitos das mulheres ao divórcio mais de mil anos atrás, mas que não se diz isso para justificar abusos patriarcais, é apenas para questionar o estereótipo que faz com que só os islâmicos sejam a fonte desses abusos patriarcais.

A representação de árabes islâmicos é, nos Blockbusters, ligada aos vilões, os Estados Unidos da América consolidaram um poder de influência de tais representações, seja com latino americanos, africanos ou asiáticos. Said (2006) lembra que a percepção do Islã como o Outro ameaçador continuou após 800 anos, quando o Islã dominou a Europa e as conquistas começaram no século VII até o XV, no estereótipo que começou com Roberto Valentino em “O sheik” e continua até hoje, afirma ainda que a ideia de que o terrorismo pode ser combatido ou exterminado é absurda, já que é um conceito metafísico que nunca foi examinado. No mais, o historiador francês Marc Ferro (1992) diz que o cineasta Eisenstein já havia observado que a sociedade recebe as imagens, os conteúdos e sua significação em função da própria cultura, que pode ser lida de maneira diferente em momentos distintos da história.

Ademais, há a utilização política do filme, que nasceu junto com ele, os soviéticos e os nazistas foram os primeiros a atribuir-lhe um estatuto privilegiado no saber, na propaganda e na cultura. Portanto, a crítica fílmica não se limita ao filme, está integrada ao mundo que o rodeia e com o qual se comunica, seja o diretor, o público, a crítica e até o regime de governo. No período da Guerra Fria os norte-americanos incentivaram obras propagandistas, como no governo Reagan, sobretudo de cunho anticomunista, fomentando a ideia do “nós” e “eles”. O Brasil e outras partes da América contaram a influência norte-americana, por meio da indústria cultural, com filmes e outros produtos que expuseram seus interesses em antagonismo aos soviéticos, como nos mostra o historiador brasileiro Antonio Pedro Tota (2000), em sua obra “O Imperialismo Sedutor: A americanização do Brasil no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)”.

 

Conjuntura recente

No século passado vimos os guetos judeus nascerem nos subúrbios franceses e em outros países europeus, agora observamos guetos islâmicos. Em publicação de Ana Navarro Pedro, em 2004, no site do jornal português “O Público”, há informações de que muitos bairros pobres dos subúrbios franceses estão a tornarem-se guetos étnicos e religiosos, as informações são de um relatório, Renseignements Généraux, e trata-se de setores sociais que vivem em autarquia social e cultural. Segundo o documento, cerca de 300 bairros onde existe concentração de populações imigrantes da África do Norte, vive-se em um “retiro comunitário”. Assim, cortados do resto da sociedade francesa, são vulneráveis ao surto radical e conflitos sociais pungentes. 

Elizabeth Poole, estudiosa inglesa de mídia e religião, estudou como o discurso de ódio pode ser promovido nas mídias, ela cita um estudo que analisou artigos na imprensa britânica entre 1994 e 2004, e concluiu que islâmicos eram mostrados sob focos que incluem a imagem ameaçadora à segurança e aos valores sociais ocidentais, títulos sensacionalistas causam um impacto e generalizam uma religião que tem, desde o início de sua existência, correntes com visões e formas diferentes de interpretação do Alcorão, o que também ocorre com a Bíblia e seus cismas ao longo da história, que ainda hoje geram conflitos, no Brasil, isso se dá sobretudo com religiões que possuem origens africanas.

Por outro lado, uma pesquisa para o canal britânico Channel4 entrevistou muçulmanos e teve conclusões preocupantes sobre as opiniões de comunidades na Grã-Bretanha, quanto ao matrimônio, homossexualidade, terrorismo, machismo, infidelidade, etc., questões que o Ocidente e o próprio cristianismo tiveram de adaptar-se para serem compatíveis com os valores dos direitos humanos e democracia, além de, é claro, das reivindicações sociais. No mais, representações têm poderes, como lembra Grosfoguel, os árabes são vistos como “a maioria dos muçulmanos no mundo”, mesmo que sejam apenas 1/5 da população total de muçulmanos. A imagem formulada dos mesmos como terroristas é importante para a nova onda anti-árabe, ligada ao discurso islamofóbico do racismo cultural após o 11 de setembro, mas Grosfoguel relata que o Islã junto com a democracia ou Direitos Humanos são considerados um oximoro (p. 30-31), essa é análise do autor, assim, cabem reflexões, como também com outras religiões quanto ao Estado e religião, tema bastante debatido.

Crescem as manifestações contra a chamada “islamização” da Europa, além do mais, com as discussões sobre o fascismo, muitos questionam se a situação atual pode ser comparada à Europa de 1930, segundo o marxista Michael Löwy (2015, p. 653) a resposta é sim e não, pois é a primeira vez, desde 1930, que a extrema-direita alcança tal influência política, mas que há diferenças entre as conjunturas do passado e presente. A mais óbvia é que, depois de 1933, Itália e Alemanha tiveram regimes fascistas, mas que nada comparável existe hoje, outra diferença, segundo Löwy, é que os interesses da burguesia de hoje são favoráveis à globalização capitalista neoliberal e hostis ao nacionalismo econômico, um conteúdo de projetos fascistas.

Como explicar o sucesso crescente da extrema-direita? Löwy afirma que um elemento é a globalização capitalista neoliberal e a homogeneização cultural forçada, somados com a crise econômica de 2008. Contudo, na Suíça e na Áustria, dois países em grande parte poupados pela crise, a extrema-direita muitas vezes fica acima de 20% de apoio. Portanto, devemos evitar explicações exclusivamente economicistas (2015, p. 656 e 657), fatores históricos têm, com certeza, sua influência, vemos que a conjuntura internacional favorece esse cenário, desde o terror de jihadistas até os eventos negativos que ocorrem no Oriente Médio, que são habilmente aproveitados, assim como os ataques terroristas na Europa, como no jornal Charlie Hebdo.

 

Considerações finais

Não é de hoje o estranhamento entre Ocidente e Oriente, como evidenciou Said, além disso, o “problema judaico”, que seria alemão, era manejado para tornar-se mundial, as conspirações e invenções não faltaram, assim como o “problema muçulmano” que cresce cada vez mais, não se limitando em um único país. Existe uma diversidade quando falamos dos islâmicos, que estão presentes da África ao Extremo Oriente e em diversos outros locais do mundo, pois também existem os convertidos, então não são somente árabes e de uma mesma região.

No Brasil, por exemplo, o islamismo era uma religião exclusivamente africana, mas sem raiz étnica, com potencial para unir africanos escravizados e libertos de várias origens e levá-los a contestar o estatuto da escravidão, de modo a combinar religião e revolta, como Lilia Schwarcz e Heloisa Starling registram em “Brasil, uma biografia” (2015). Como o que observamos na Revolta dos Malês, em 1835, já que o islamismo foi um elemento decisivo de integração e mobilização, fazendo convergir para seu projeto religioso a luta política contra a escravidão, e forneceu uma linguagem comum aos revoltosos, moderando diferenças étnicas e culturais na comunidade de africanos na Bahia.

O islamismo está submerso em conflitos internos levando valores e hábitos que podem ser incompatíveis com o Ocidente e há forças que promovem uma versão intolerante dessa religião, mas não há como generalizar toda uma manifestação religiosa, composta por bilhões de pessoas e em diversas partes do planeta. Os países árabes de hoje resultam não só do mundo que Maomé criou, mas do mundo que a Europa sonhara unificar, reservando para si os benefícios da industrialização ao longo de um longo processo imperialista. No mais, Said (1990) já nos alertava que os textos não são um corpo anônimo, mas envolvem seu autor, portanto, há uma marca determinante dos escritores individuais, assim como chama a atenção para o papel social e político dos intelectuais, o que eles constroem possui uma consequência ética e política, e é por isso que o conhecimento, o campo de produção acadêmica e cientifica é disputado, ele também é uma forma de poder. Assim, o que aqui é levantado é uma análise do processo que envolve os islâmicos e o Ocidente, no âmbito da Islamofobia, buscando analisar tais aspectos no presente e historicamente.

No mais, o propósito não é findar a análise de uma discussão tão complexa e ampla, mas impulsioná-la, sobretudo em tempos de novas crises econômicas, políticas, migratórias, ideológicas e de crença, pois instituições perdem fiéis enquanto outras ganham. O convite é de pensar uma história mundial, conectada e complexa. Maria Yedda Linhares (1989) afirma que a história contemporânea é a história mundial e as forças que lhe dão forma não são compreendidas sem perspectivas do todo. Portanto, nenhuma discussão é findada, pelo contrário, ao ser abordada ela abre novas reflexões e perspectivas, e isso envolve a própria epistemologia e o âmbito cientifico, mas com reflexão, já que, como afirma o historiador israelense Yuval Harari (2015), os europeus fizeram coisas variadas que podemos encontrar inúmeros exemplos para corroborar visões, é possível escrever um livro com crimes para falar de aspectos “negativos” e escrever um outro com visões “positivas”, essas visões duais geram grandes conflitos ideológicos entre espectros políticos, no âmbito de regimes e sistemas, valores, o que é, ou não, aceito em sociedade, etc.

Fato é que são posições relativas, porque o que é bom para o espanhol não o é para o nativo americano ou o africano, e é nisso que é importante ter cuidado com a história única, a história contada pelos portugueses não é a mesma dos nativos que aqui estavam e nem a dos africanos trazidos forçadamente, como afirmara a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, logo, a perspectiva dos britânicos não é a mesma dos indianos, palestinos, judeus, etc. Por fim, assim como esses impérios criaram o mundo como o conhecemos e as ideologias que usamos para julgá-los, devemos ter em mente que é o Ocidente que fez a etnografia dos outros, não os outros que fazem a etnografia da Ocidente, e é nessas perspectivas que muitos estudos têm sido feitos, tentando adotar novas considerações, com estudos decoloniais, adaptando saberes aos contextos, com perspectivas raciais, de classe, gênero, etc. Em suma, pensar de forma complexa e com olhar histórico pode nos ajudar a refletir sobre o presente e o futuro sem perder de vista o passado, procurando melhores formas de lidar com o “outro” e com nós mesmos.

 

Referências

Kelvin Oliveira do Prado é graduando do 6º semestre do curso de Licenciatura plena em História na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Em processo de iniciação científica (PIBIC) com estudos na área de “Ensino de História” e membro do grupo de pesquisa “LAPEH”: Laboratório de Pesquisa e Ensino de História, da universidade em que está vinculado. Estuda cultura histórica, cultura asiática, multiculturalismo e ensino-aprendizagem de História na educação básica. Email: kelvinprado5@hotmail.com

 

ALLEN, Chris. Islamophobia. Ashgate Publishing, Ltd., 2010.                     

ARENDT, Hannah. As Origens do Totalitarismo: Anti-Semitismo, Imperialismo, Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Sá da Costa, 1978.

CHANNEL 4, C4 Survey and Documentary Reveals What British Muslims Really Think, results are explored in a special current affairs documentary, presented by Trevor Phillips, 2016. Disponível em: <https://www.channel4.com/press/news/c4-survey-and-documentary-reveals-what-british-muslims-really-think>. 

ESTEVES, Maria Eduarda Ribeiro. MELO, Cristina Teixeira Vieira de. A Representação Do Muçulmano No Cinema Norte-Americano. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/sis/2014/resumos/R9-2472-1.pdf>.

FERRO, Marc. Cinema e História. Tradução: Flávio Nascimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos de Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, edição e tradução Carlos Nelson Coutinho; coedição, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira, VOL. 1, 1999.

GROSFOGUEL, Ramon. The Multiple Faces of Islamophobia. In: ___ Islamophobia Studies Journal, Volume 1, No. 1, Fall 2012. University of California, Berkeley. p. 9-33.  

GRUZINSKI, Serge. O Historiador e a Mundialização. Disponível em: <https://silo.tips/download/o-historiador-e-a-mundializaao-1>.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM Editores S. A., 2018.

KEELE, University. Dr. Elizabeth Poole. Disponível em: <https://www.keele.ac.uk/mcc/people/elizabethpoole/>.

LINHARES, Maria Yedda. O Oriente Médio e o mundo árabe. São Paulo, Editora: Brasiliense; Edição: 1ª, 1982.

LÓPEZ, Fernando Bravo. ¿Qué Es La Islamofobia?. Documentación social. Espanha, n. 159, p. 189-207, 2010. 

LÖWY, Michael. Conservadorismo e Extrema-Direita na Europa e no Brasil. SciELO - Scientific Electronic Library Online. Serv. Soc. Soc. São Paulo, n. 124, p. 652-664, 2015.

MBEMBE, Achille. A Crítica da Razão Negra. Ed. Antígona, Lisboa, 2017.

PEDRO, Ana Navarro. Guetos Étnicos Nascem Nos Subúrbios Pobres Franceses. Disponível em: <https://www.publico.pt/2004/07/09/jornal/guetos-etnicos-nascem-nos-suburbios-pobres-franceses-190667>.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Brasil: uma biografia / Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling — 1a - ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás R. Bueno. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

SAID, Edward. Cultura e Resistência: entrevistas do intelectual palestino a David Barsamian. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

SANTOS, Priscila Silva dos. O Estudo da Islamofobia através dos meios de comunicação. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de graduação em Ciências Sociais – IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 79-90, 2016.    

 

20 comentários:

  1. Olá Kelvin. Excelente artigo.
    Fiquei muito impressionado pelo leque de referências.
    Observo também uma utilização formidável de Edward Said.
    Pergunto: a slamofibia tem uma origem teórica na construção conceitual do paralelo ocidente/oriente? E sua fundamentação concreta, se daria através de bodes-expiatorios nos jirads?

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  2. Obrigado pelo seu texto, Kelvin. Creio que são questões importantes que coloca e lhe convido a conferir minha comunicação, também sobre islamofobia. Farei alguns apontamentos: 1) Edward Said escreveu também "Covering Islam" em 1981, indicando como a mídia distorce a religião do Islam e seus seguidores. Isso em 1981! Quando falou dos blockbusters, inevitavelmente recordei do documentário "Filmes ruins, árabes malvados". Talvez seja do seu interesse. 2) Quais as principais diferenças que indica entre orientalismo e islamofobia epistêmica? e 3) Vejo que no texto usou a palavra "islamismo". Você indicaria que Islam e islamismo são sinônimos? Obrigado!

    Felipe Freitas de Souza

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    1. Oi Felipe! Aproveitando sua pergunta, gostaria de questionar sobre o uso do termo "islamista", que possui diferente conotação no idioma francês, não sendo sinônimo de muçulmano. É colocado "Islamiste" como movimento radical com ideologia política que passa pela aplicação rigorosa da charia. Desta forma, procuro evitar o termo usando "seguidores do Islã" ou mesmo "muçulmano".

      Isabela Silva Scalioni

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    5. Isabela, super interessante sua consideração.

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    6. Isabela, de fato, islamista é diferente de islâmico. Acho que essas coisas tem que ficar bem pontuadas, para que não hajam confusões. "Seguidor do Islam" é uma alternativa boa mesmo e agradeço pela recomendação. Acho que precisávamos distinguir Islam, islamismo, fundamentalismo islâmico e extremismo islâmico... Digo isso pois, em certa medida, me considero extremamente fundamentalista - por exemplo, não impor a religião, não impor papeis de gênero, não agredir, etc. são fundamentos da religião do Islam. Não necessariamente do islamismo. É islâmico seguir o Islam, é islamista seguir o islamismo. O que acha disso?

      Kelvin, agradeço sua explanação. Grosfoguel tive a oportunidade de ler no contexto do GRACIAS (Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes) e esse texto realmente é muito bom. Quanto a não tomar Islam e islamismo enquanto sinônimos, creio que é uma precisão que precisa mesmo ser melhor trabalhada. Digo isso pois no Alcorão a palavra islamismo não ocorre: o versículo que define o nome da religião a define como Islam (اسلام) e não islamismo (اسلاميه), são coisas distintas mesmo. Dizer que se trata de islamismo não é necessariamente menosprezar a ação de um grupo, mas deixar claro que suas finalidade são outras que as estritamente religiosas.

      Mais uma vez agradeço!

      Felipe Freitas de Souza

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  3. Olá, Kelvin!
    Lendo seu artigo, me lembrei do posfácio de “Uma história dos povos árabes”, de Albert Hourani: “Por meio da imigração, árabes e muçulmanos conseguiram o que a conquista os havia negado: uma substancial presença física e cultural no Ocidente, presença que reflete e talvez possa exacerbar as tensões predominantes entre identidades baseadas em pressupostos ‘tradicionais’ ou herdados relativos a um mundo criado por Deus”.
    É importante citar a associação direta de árabes ao Islã, ou seja, em um primeiro instante, o árabe logo é visto como muçulmano. Retrato disso é o número citado por você, de que apenas 1/5 da população total de muçulmanos, sem levar em consideração que são predominantemente muçulmanos, mas também praticam outras religiões. Para ilustrar, não há exemplo melhor que o Líbano, país que abriga a maior diversidade religiosa no Oriente Médio (muçulmanos xiitas e sunitas, cristãos, drusos, judeus e tantas outras). Excelente discussão.

    Isabela Silva Scalioni

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  4. Kelvin, interessante e muito bem escrito o seu texto. Serei direta em minhas questões e desde já agradeço a sua colaboração.
    Você conhece perfis no Instagram e sites brasileiros islamofóbicos?
    E, finalmente, você citou no corpo do texto Elizabeth Poole, porém não encontrei na sua bibliografia. Poderia, por favor, me indicar que obra é?
    Grata.
    Vanessa Bivar

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  5. Javier Octavio Guerin8 de outubro de 2020 às 18:28

    Boa tarde Kelvin. Em primeiro lugar, gostaria de lhe dar os parabéns pela sua apresentação. Tem sido muito enriquecedor para mim; com conteúdo muito relevante e interessante.
    Sou argentino e sou muito crítico em relação ao papel que o Ocidente desempenhou e desempenha no resto do globo; mas eu queria fazer uma pergunta que surge da leitura do seu trabalho:
    Da mesma forma que desde o Ocidente, desde uma posição etnocêntrica, vem construindo diferentes "outros" ao longo da história; Que aparência para o oeste foi construída a partir do mundo islâmico? Percebe-se que atualmente é muito negativo, e que muitas vezes tem status de "inimigo"; Mas quando você considera que a ruptura com o Ocidente poderia ocorrer? E se seria uma reação à agressividade do Ocidente ou poderia haver outras raízes? De agora em diante, agradeço muito sua atenção. Cumprimentos.
    Javier Octavio Guerin

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    2. Javier Octavio Guerin9 de outubro de 2020 às 14:09

      Amplamente satisfeito com sua resposta Kelvin; tem sido muito esclarecedor. Muito obrigado. Um grande abraço também!

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    5. Javier Octavio Guerin9 de outubro de 2020 às 20:16

      Kelvin: Eu realmente aprecio essas extensões e considerações! Um grande abraço!
      Javier Octavio Guerin

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