A AURORA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL: A MÃO DE OBRA NIPÔNICA COMO “PROBLEMA” E “SOLUÇÃO”
A questão da imigração no Brasil está ligada ao lento processo de abolição da escravidão no século XIX, pois o imigrante era visto como uma espécie de substituto da mão de obra escrava por, dentre outros fatores, já possuir a mentalidade de que o trabalho seria uma espécie de “fonte de libertação”. Para isso, utilizava-se de parcela do ideal liberal (a que abrange as liberdades individuais) (SAKURAI, 2000, p. 7-8). Os fazendeiros de café do estado de São Paulo, com a diversificação da pauta de exportação brasileira e a consolidação do seu produto, percebem ainda no século XIX que o trabalho escravo é um problema constante devido ao seu alto custo de manutenção.
Esta diversificação dos produtos brasileiros exportados muito se deve a um período demasiadamente positivo para o capitalismo, com altas sucessivas nos preços das matérias-primas a partir de 1895, depois de um período de quedas entre 1870 e 1893. (BUENO, 2008, p. 139). Isto fez com que não só a produção destes itens primários fosse aumentada, mas também as relações entre países, principalmente aqueles chamados à época de “países novos”, passando por uma acentuação da divisão do trabalho praticada naquele momento, na qual os países industrializados “ofertavam mais mercadorias e capitais e, concomitantemente, demandavam maior quantidade de produtos primários”. (BUENO, 2008, p. 139).
Somado a isso, havia também o problema apontado por Seyferth de que o projeto imigratório brasileiro tinha o interesse de empregar europeus brancos e livres no lugar dos escravos recém-libertos e mestiços. Isto acontecia devido a afirmação, baseada no pensamento vigente à época, de que os primeiros eram racialmente superiores e mais eficientes que estes últimos. (In: PANDOLFI, org., 1999, p. 201). Os cafeicultores também são influenciados por seus filhos que voltam de estudos na Europa imbuídos de ideais burgueses (civilização, progresso e liberdade) (SAKURAI, 2000, p. 8), que acabam se configurando como mais uma base de fundamentação para a ação da elite agrária brasileira à época.
Outra questão que favoreceu a vinda dos imigrantes ao Brasil era a ideia de que esta ação proporcionaria a criação de uma nova identidade brasileira. O país estava sob o contexto de um novo formato político (República) e, desta forma, preocupava-se em elaborar um conjunto de fatores que demonstrassem unidade em torno de um só projeto de nação: livre, moderna e branca (embebido dos pensamentos eugênicos do final do século XIX e início do XX). Como disse Sakurai: “A vinda de imigrantes para o Brasil se justifica, portanto, por razões de ordem econômica, mas também ideológica” (SAKURAI, 2000, p. 9).
Este processo seria aquilo que Pollak chamaria de “enquadramento da memória”, no qual o Estado busca criar uma narrativa oficial a respeito de um fato, período ou questão. É uma espécie de referencial histórico fornecido de maneira sólida e acabada para que todos de seu povo o reproduzam, internalizando esta visão de mundo. A memória enquadrada faz parte de um projeto político-ideológico planejado pelo grupo à frente do Estado no momento de sua criação, e, como tal, segue um objetivo pré-definido. Porém, o enquadramento da memória causa a exclusão de outras narrativas, pois, para que haja um discurso oficial, há a necessidade de se excluir os demais, criando o “clandestino”. Este pode ser silenciado por um longo período, mas sua memória possui grandes chances de vir à tona em algum momento, reforçando “a amargura, o ressentimento e o ódio dos dominados, que se exprimem então com os gritos da contraviolência” (POLLAK, 1989, p. 9). Sobre isso, Pollak diz:
“Estudar as memórias coletivas fortemente constituídas, como a memória nacional, implica preliminarmente a análise de sua função. A memória, essa operação coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado que se quer salvaguardar, se integra, como vimos, em tentativas mais ou menos conscientes de definir e de reforçar sentimentos de pertencimento e fronteiras sociais entre coletividades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos, igrejas, aldeias, regiões, clãs, famílias, nações, etc. A referência ao passado serve para manter a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua complementariedade, mas também as oposições irredutíveis” (POLLAK, 1989, p. 9).
Quando pensamos na possibilidade destes dominados ressurgirem com seus discursos silenciados pelo processo de enquadramento da memória, nos aproximamos daquilo que Didi-Huberman chama de “vaga-lumes”: os oprimidos, que emitiriam uma “pequena luz” (lucciola) como forma de sobreviverem à “grande luz” (luce). (DIDI-HUBERMAN, 2011, p. 11). Ou seja, aqueles que seriam oprimidos em vários momentos da história não desapareceriam de forma resiliente, sem apresentar resistências. Eles possuiriam um pequeno facho de luz interior, uma espécie de existência diminuta mas intermitente, que Didi-Huberman explica ao citar a obra de Pier Paolo Pasolini:
“Ora, toda a obra literária, cinematográfica e até mesmo política de Pasolini parece de fato atravessada por tais momentos de exceção em que os seres humanos se tornam vaga-lumes – seres luminescentes, dançantes, erráticos, intocáveis e resistentes enquanto tais – sob nosso olhar maravilhado” (DIDI-HUBERMAN, 2011, p. 22-23).
Esta existência sobreviveria aos ataques e demais ações incisivas da grande luz, que podemos interpretar de várias formas. Neste caso, como o Estado, a maior força neste jogo e embate de forças e saberes. (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2007, p. 167). As sobrevivências existem por si só e sem algum objetivo superior, diferentemente das memórias enquadradas. Sobre isto, Didi-Huberman diz:
“As sobrevivências não prometem nenhuma ressurreição (haveria algum sentido em esperar de um fantasma que ele ressuscite?). Elas são apenas lampejos passeando nas trevas, em nenhum caso o acontecimento de uma grande “luz de toda luz”. Porque elas nos ensinam que a destruição nunca é absoluta – mesmo que fosse ela contínua -, as sobrevivências nos dispensam justamente da crença de que uma “última” revelação ou uma salvação “final” sejam necessárias à nossa liberdade.” (DIDI-HUBERMAN, 2011, p. 84).
Os imigrantes seriam aquilo que Didi-Huberman chamou de vaga-lumes, e as suas sobrevivências consistiriam nas suas estratégias de ação perante o Estado, seja ele o de origem ou de chegada, e os seus novos patrões. No caso das primeiras levas de imigrantes japoneses, os cafeicultores paulistas.
Retomando a discussão a respeito dos pontos favoráveis à vinda dos trabalhadores imigrantes, vale salientar que as etnias orientais, a exemplo da japonesa, não eram vistas desde o início como uma boa alternativa ao trabalho escravo. Isto acontecia por conta da crença na qual os “amarelos”, como se referiam aos japoneses e demais asiáticos, baseados nas classificações eugênicas, eram inferiores aos “brancos” e que, portanto, deveriam ser priorizadas as buscas por imigrantes de lugares onde fossem encontradas pessoas que atendessem a esta visão.
Além da proposta de branqueamento idealizado para a nação brasileira, também foram consideradas as possibilidades concretas de assimilação para a entrada de estrangeiros no país (In: PANDOLFI, org., 1999, p. 208). Ou seja, os povos ideais para comporem o projeto brasileiro de imigração seriam aqueles que oferecessem convergências culturais com este, para facilitar uma futura aproximação entre os grupos, o que não seria o caso do povo japonês. Em suma, os “amarelos” eram vistos como “elementos perturbadores do processo de formação de uma nação branca e civilizada”. (In: PANDOLFI, org., 1999, p. 211).
O ideal de branqueamento era usado para apontar a imigração japonesa como algo a ser evitado, pois o povo brasileiro “sairia do seu curso natural de branqueamento para se tornar amarelo” (In: PANDOLFI, org., 1999, p. 215-216). Os imigrantes japoneses que chegavam ao Brasil eram criticados por serem inferiores em capacidade e fenótipo (In: PANDOLFI, org., 1999, p. 214), mas a crença na superioridade racial e no branqueamento da população eram opostos à realidade da imigração no final do XIX e começo do XX (In: PANDOLFI, org., 1999, p. 211-212). Isto acontecia devido ao fato do início e, posteriormente, crescimento progressivo da entrada de japoneses no Brasil. Desta maneira, apesar de ir em encontro ao pensamento vigente à época, a entrada dos imigrantes de origem nipônica no nosso país começou a ser reconsiderada, algo impensável a princípio.
Esta reconsideração feita à época foi, principalmente, motivada por questões econômicas, como a necessidade de uma quantidade cada vez maior de mão de obra para atender ao aumento da demanda pelos produtos brasileiros, como o café paulista. Como dito anteriormente, após um período de desvalorização, houve um consequente aumento nos preços do café, resultado da procura por novos mercados realizada pelo governo brasileiro. Isto reaqueceu a economia do país e reforçou a necessidade de mais trabalhadores para dar conta desta produção (BUENO, 2008, p. 143). Com a escravidão abolida e os problemas relacionados aos imigrantes europeus, as autoridades precisaram repensar alguns posicionamentos a respeito dos orientais e estimular a vinda dos japoneses.
Este choque de opiniões e práticas nos faz entender melhor o porquê do processo imigratório japonês sofrer durante muito tempo com a vigilância constante e as críticas quanto ao seu potencial assimilatório. Além destas questões, havia também os supostos impactos que causariam na formação da almejada identidade do povo brasileiro, mesmo com o reconhecimento que os nipônicos possuíam de serem trabalhadores eficientes. Sobre isso, Seyferth disse: “Essa forma mais racista de pensar a nação não é única, mas dominou o pensamento social brasileiro até a década de 30 e, de modo mais subjetivo e eufemístico, persistiu no Estado Novo, influindo na política imigratória.” (In: PANDOLFI, org. 1999, p. 212). Foi um processo carregado de conflitos e jogos de visões antagônicas, mas coexistiu em meio aos embates até a sua eventual proibição durante a Segunda Guerra Mundial, pois o Japão se configuraria como inimigo, causando o corte temporário das relações entre os países envolvidos.
Antes de acontecer esta proibição, houve outra em relação à entrada de japoneses em algum território: a feita por parte dos Estados Unidos, que também se refletiu no Havaí, por ser sua posse. Esta ação faz com que o governo japonês desvie sua atenção para o espaço brasileiro, que se encontrava em um momento de incentivo geral à vinda do imigrante para o Brasil. Para tanto, como diz Magalhães, “as agências de emigração tiveram um papel importante em fomentar a ideia de que o Brasil seria um lugar ideal para a concretização do sonho de fazer riqueza e voltar ao Japão rapidamente” (In: CARNEIRO, M. L. T. & TAKEUCHI, M. Y., orgs., 2010, p. 344).
O trabalho de divulgação desenvolvido em cima da questão imigratória ao Brasil foi feito também porque este se configurava como um interessante aliado comercial. Uma das formas de atrair estes trabalhadores era através do financiamento das passagens necessárias a este longo deslocamento. As primeiras viagens eram subsidiadas pelos cafeicultores brasileiros interessados em uma mão de obra barata e qualificada, com momentos de amparo financeiro do poder público, como diz Sakurai:
“As flutuações no preço do café, no entanto, nem sempre estavam sincronizados com os contratos estabelecidos para a vinda de imigrantes, ou seja, houve momentos de busca de novos fluxos porque havia necessidade de mão-de-obra, como houve anos que, em plena crise, chegavam imigrantes que não eram necessários para aquele momento. Isto punha em xeque o sistema de subsídios de passagens, que só foi mantido porque o governo do estado de São Paulo o assegurou até 1924" (SAKURAI, 2000, p. 11).
Em meio a todas estas questões, os primeiros imigrantes japoneses (em fluxo contínuo) chegaram ao Brasil no ano de 1908 embarcados no navio chamado Kasato Maru. Este veio do porto de Kobe, no Japão, e com os imigrantes fazendo parte de uma experiência bancada pelos fazendeiros de café do estado de São Paulo (SAKURAI, 2008, p.45). Antes disso, alguns imigrantes já tinham vindo se aventurar no país, mas este grupo foi o primeiro dentro da política oficial de imigração a utilizar da prerrogativa do acordo comercial assinado entre o Brasil e o Japão em 1895. A leva de imigrantes em questão continha 165 famílias, abrangendo 781 imigrantes contratados e mais 12 livres (SAITO, 1966, p. 21-38 apud VALENTE, 1978, p. 24). Segundo Sakurai, “Brasil e Japão tinham um tratado de comércio assinado desde 1895 e era necessário ativá-lo com alguma atividade que fosse do interesse de ambos os países” (SAKURAI, 2008, p. 245).
Este acordo consistia em uma ação de amizade, comércio e navegação assinado em Paris, através da representação diplomática do Brasil na França, com o Império do Japão, em 5 de novembro de 1895. O tratado se fazia necessário ao Brasil por conta das crises e retomadas na economia cafeeira – com o intuito de buscar novos mercados para a exportação de café — e as problemáticas de assimilação por parte dos imigrantes europeus, como discutido anteriormente. Somado a isso, havia uma grande necessidade de braços para a lavoura. Por sua vez, o Japão contava com uma alta densidade demográfica e a falta de postos no mercado de trabalho em seu país. Esta situação se agravou nos dois lados em 1908, levando ao início do processo imigratório japonês ao Brasil. (BUENO, 2008, p. 142-143).
Este acabou servindo como uma via de mão dupla, onde os cafeicultores pretendiam se inserir no mercado japonês com a venda de seu principal produto, e o governo do Japão na mesma política de desafogar a considerável densidade demográfica. Além disso, planejava amenizar os transtornos causados pela Restauração Meiji e as más condições de vida provenientes de sua chegada. A Restauração Meiji foi um período de grandes transformações no Japão. Sobre ele, Lima Júnior diz:
“O ano de 1868 deu início ao período conhecido como Restauração ‘Meiji’, ou Era ‘Meiji’, que consistia numa tentativa do país em se adequar ao mercado capitalista externo após a abertura do Japão, econômica e culturalmente falando, ao Ocidente. Após passar séculos sob o domínio do ‘shogunato Tokugawa’, o país já vinha enfrentando mudanças internas. Mas, após a chegada da esquadra norte-americana, liderada pelo comodoro ‘Perry’, em uma clara investida imperialista nos anos de 1853 e 1854, este processo foi acelerado e passou a ditar o ritmo da vida daí em diante” (LIMA JÚNIOR, 2018, p. 355).
Vale salientar o fato de que o governo japonês possuía políticas públicas de imigração, acordos de amizade firmados e até bancava algumas despesas de seus cidadãos que iam se aventurar no Brasil e em outras partes do mundo, mas não dava toda a assistência necessária para se encarar uma realidade completamente diferente da sua, dando um caráter de “aventureiros” a estes sujeitos, como diz Valente:
“Nos começos, o imigrante era um aventureiro. Um quase-herói capaz de servir de modelo à fantasia de certos novelistas. Por esse tempo, a imigração resultava, de modo exclusivo, das forças de expulsão, representadas principalmente pelo fator econômico. É o que acontecia, por exemplo, com países de grande densidade demográfica, as voltas com sérios problemas econômicos e sociais, fixados na exiguidade do chamado “espaço vital”. Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, para lembrar apenas países europeus, estavam neste caso. Fenômeno semelhante ocorreria também com o Japão, em certa época, com o agravante da ostensiva falta de mercado de trabalho” (VALENTE, 1978, p. 5).
Além disto, era feito sem um prévio planejamento consistente, causando inúmeros imprevistos e dificuldades no cotidiano dos imigrantes. Desta forma, “o processo de imigração se fazia sem disciplina de espécie alguma. Era processo desordenado e caótico. Não se preocupava sequer conhecer as exatas dimensões do problema” (VALENTE, 1978, p. 6).
De todo modo, como forma de consolidar a sua política imigratória no Brasil, o governo japonês buscou de início nos cafezais, principalmente nos de São Paulo, o alicerce de toda a sua ação, visto que eles desejavam ter em mãos um trunfo que possuísse um grande poder de apelo na sua campanha midiática pró-imigração. Isso só foi possível graças ao crescimento da economia do estado de São Paulo e de sua importância política no país, que se refletia na criação e reformulação de infraestruturas que davam condições para tanto, como foi no caso do porto de Santos (fundamental para a chegada da primeira leva de japoneses, além da maior parte do volume dos imigrantes japoneses e de outras nacionalidades).
A maior parte do imigrante japonês, de fato, se deslocava para São Paulo, como reforça Valente:
“São Paulo absorvia a quase totalidade da mão de obra nipônica no Brasil. Teicultura, cultura do café e cotonicultura tiveram no japonês excelente força de trabalho. Isto para não falar na sericultura. São Paulo oferecera condições favoráveis, de base agrícola, ao desenvolvimento econômico, sobretudo contando com mão de obra de qualidade, como era a japonesa. Cerca de 75% do japonês no Brasil se encontra no estado paulista” (VALENTE, 1978, p. 35).
De uma forma geral, os imigrantes buscam melhores condições de vida para si e sua família, e, pelo que podemos notar, São Paulo se configurava a princípio como uma boa alternativa para aqueles que vinham ao Brasil. O estado de São Paulo não só utilizava-se da maior parte da mão de obra japonesa no país, mas também possuía muito mais trabalhadores imigrantes do que necessitava (incluindo de outras nacionalidades) (SAKURAI, 2000, p. 11).
As áreas de cultivo de café em São Paulo
passaram por um processo de expansão ao oeste. Aliado a este fenômeno, está a
presença da mão de obra imigrante japonesa como força motriz. Isto faz com que
o ideal de trabalho assalariado seja propagado para essas localidades, como
pretendia o governo brasileiro à época após considerar e mudar consecutivas vezes de opinião a respeito do projeto imigratório japonês para o país.
Referências biográficas
Ronaldo
Sobreira de Lima Júnior é professor efetivo de História e História da Cultura
na Prefeitura da Vitória de Santo Antão - PE, graduado em Licenciatura e em
Bacharelado em História - UFPE, especialista em História do Nordeste do Brasil
- UNICAP e mestrando em História Social da Cultura Regional - UFRPE.
E-mail:
ronijr07@hotmail.com
ALBUQUERQUE
JUNIOR, D. M. História: a arte de inventar o passado. Ensaios de teoria da
história. Bauru: Edusc, 2007.
BUENO, C. O
tratado de 1895 e o início das relações Brasil-Japão. In: HASHIMOTO, F.; TANNO, J. L. & OKAMOTO, M. S. (orgs.). Cem anos da imigração japonesa: história, memória e arte. São Paulo: Editora UNESP, 2008. p.
139-149.
DIDI-HUBERMAN,
G. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
LIMA JÚNIOR,
R. S. Os processos migratórios japoneses entre os séculos XIX e XX. In: BUENO,
A.; CREMA, E.; ESTACHESKI, D.; NETO, J. M. (orgs.). Extremos Orientes.
União da Vitória/ Rio de Janeiro: Edição Especial Sobre Ontens –
LAPHIS/UNESPAR, 2018. p. 355-365.
MAGALHÃES, F. T. Burajiru e Ikimashô: Vamos para o Brasil!. In: CARNEIRO,
M. L. T. & TAKEUCHI, M. Y. (orgs.). Imigrantes
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POLLAK, M. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos,
Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
SAKURAI, C. Imigração
tutelada: os japoneses no Brasil. 2000. Tese (Doutorado em Antropologia) –
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2000.
SAKURAI, C. Os japoneses. 1. ed., 1ª reimpressão.
São Paulo: Contexto, 2008.
SEYFERTH, G.
Os imigrantes e a campanha de nacionalização do Estado Novo. In:
PANDOLFI, D. (org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Ed.
Fundação Getúlio Vargas, 1999. p. 199-228.
VALENTE, W. O Japonês no Nordeste Agrário: Aspectos Sócio-Culturais e
Antropológicos. Recife: MEC – Instituto Joaquim Nabuco de
Pesquisas Sociais, 1978.
Ronaldo, parabéns por sua pesquisa. Demonstra uma boa bagagem de leituras e articulação de ideias. Fiquei curiosa para saber: esse é o tema de sua dissertação de Mestrado na UFRPE? E se não for, como se interessou pelo tema?
ResponderExcluirMinhas questões sobre o assunto tratado por você no texto: Você aborda todo o preconceito com a imigração japonesa para São Paulo, no dilema entre a solução e o problema. Mas mesmo com as práticas xenofóbicas, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, houve um crescimento socioeconômico dos japoneses no país no que diz respeito à aquisição de terras (fazendas), no comércio (restaurantes), influindo na cultura brasileira (vide o bairro da Liberdade) e nas artes plásticas (Instituto Tomie Ohtake), etc. O olhar sobre eles mudou consideravelmente, distintamente dos chineses e coreanos que continuaram sofrendo o xenofobismo e tendo menos acessos socioeconômicos de crescimento e sofisticação. Você acredita que esse período que você apresenta foi preponderante para marcar a forma como os ditos "amarelos" seriam hierarquizados e diferenciados na sociedade brasileira?
Desde já, gratidão.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigado pelas palavras e por prestigiar o meu trabalho, Janaína. Sim, esse artigo é fruto das minhas pesquisas feitas para a dissertação do mestrado, que é sobre a imigração japonesa no Recife, mas antes faço essa contextualização e problematização histórica. A respeito da sua questão sobre as hostilidades quanto aos japoneses, acredito que o preconceito étnico-racial em relação a eles ainda continua no Brasil, apesar dessa imagem que eles possuem no senso comum de "estudiosos, aplicados, educados e trabalhadores". Concordo quando você diz que o nível de opressão sofrida pelos asiáticos existe em maior ou menor grau em relação a este ou aquele povo, e que os japoneses estão em uma situação de menor exclusão dos espaços e interações sociais, mas a xenofobia e racismo quanto a eles existe e é forte. As problemáticas preconceituosas que abordo no meu trabalho ajudaram a criar um imaginário do "exótico" e "inferior" em se tratando dos imigrantes japoneses e, apesar destes rótulos terem passados por transformações, continuam presentes, ao meu ver, e emergem nas interações de formas, muitas vezes, sutis. Existem, atualmente, movimentos de parte da comunidade asiática, com boa participação de japoneses, que luta contra este tipo de opressão, como o "Perigo Amarelo". Recomendo seguí-los nas redes sociais. Abraços.
ExcluirRonaldo Sobreira de Lima Júnior
Boa noite, gostaria de parabenizar o autor pelo desenvolvimento desta pesquisa. Bem como perguntar se houve
ResponderExcluirpercalcos na emigração japonesa, durante a Era Vargas no que diz respeito as questões políticas sobre o nacionalismo da década de 1930?
Boa noite, Matheus. Obrigado por prestigiar o meu trabalho. O governo Vargas tomou medidas que afetaram diretamente a vida dos imigrantes japoneses, assim como os de outras nacionalidades. Uma das maiores estratégias lançadas foi a chamada Lei de Cotas de 1934, que objetivava a ampliação do controle da entrada e distribuição de trabalhadores estrangeiros no Brasil. A criação deste dispositivo legal foi fruto da escalada dos debates e preconceitos acerca dos imigrantes que estavam em solo brasileiro à época. Além disto, podemos citar exemplos de ações, por parte do Governo Federal, de restrição da ação dos imigrantes japoneses (assim como dos demais países do Eixo) após a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, como a proibição do ensino e do uso destas línguas em espaços públicos, além da exigência de autorização para viagens domésticas, dentre outras. Podemos perceber que a relação entre Estado Novo e imigrantes acirrou ainda mais os ânimos que discuto no meu trabalho. Abraços.
ExcluirRonaldo Sobreira de Lima Júnior
Matheus Henrique da Silva Alcantara. Esqueci de colocar o nome no final.
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